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Gestão Enfoco: Efeitos da TIP no curto e médio prazo

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intensificação da engorda

Intensificação da engorda: efeitos da TIP no curto e médio prazo

Ao pensarmos sobre a intensificação de uma fazenda de ciclo completo ou, de recria-engorda, o ideal é que esta aconteça da fase final para a inicial, ou seja, da engorda para a cria/recria.

Precisamos ter em mente que, ao intensificar determinada fase, a manutenção dos ganhos conquistados só serão mantidos se o aporte nutricional da fase seguinte se mantiver, ou for superior ao padrão estabelecido. Nesse sentido, a engorda dos animais é a primeira fase a ser trabalhada na estrutura da fazenda, sendo a TIP (terminação intensiva a pasto) e/ou o confinamento o caminho a ser seguido.

No curto prazo, intensificar essa fase, refletirá na liberação de áreas para categorias mais eficientes, como animais em recria; aumento da produção por animal e por área; e menor tempo para retorno do capital investido; entre outros fatores.

Em contrapartida, no médio prazo, o desdobramento da intensificação da engorda, demandará ajustes na logística de animais dentro da fazenda, visto que a necessidade de animais para esta fase tende a aumentar.

Vejamos:

Para ilustrar, pense em uma fazenda – não intensificada – que faz recria e engorda, e tem como objetivo abater 500 animais por ano.

Seguindo o exemplo, suponhamos que os bezerros chegam na fazenda no início da seca, com 210 kg, e fiquem nas áreas de recria recebendo proteinado na quantidade de 0,1% do peso vivo. Os ganhos obtidos são de 0,250 e 0,650 kg/dia, na seca e nas águas, respectivamente. Ao final de um ano, esses animais estão com 375 kg e vão para as áreas de engorda, onde seguem recebendo proteinado. Nessa fase, os ganhos obtidos na seca e águas são de 0,350 e 0,750 kg/dia, respectivamente. Ao final de mais um ano, esses animais estão com 570 kg e são enviados para o abate.

Para chegar ao objetivo de abater 500 animais por ano – continuando o exemplo –, essa fazenda precisaria ter 500 animais em recria e 500 animais em engorda, resultando em um sistema de produção com 24 meses de duração e uma taxa de desfrute de 50%. Note que estes números já estão melhores do que muitas propriedades brasileiras.

Supondo que a capacidade de suporte dos pastos dessa fazenda seja de 1UA/ha e calculando os pesos médios dos períodos citados, temos que, a área necessária para recria seria de 323,3 há; e para a engorda, 526,1 ha; totalizando uma área de aproximadamente 850 ha (Figura 1).

intensificação da engorda
Figura 1. Representação de uma fazenda de recria e engorda, que fornece proteinado na seca e águas, e tem lotação de 1UA/ha

Dito isto, vejamos primeiro o impacto da TIP na engorda dos animais (curto prazo):

Como já discutido em outros textos, a TIP é uma estratégia que visa dar velocidade na terminação dos animais, através do aumento do aporte nutricional, com o fornecimento de ração direto no cocho, na própria área de pastejo. O diferencial da estratégia, frente ao confinamento, é a facilidade de manejo e de instalação, uma vez que todo trato é feito no mesmo pasto em que os animais estão, sendo ele a fonte de volumoso.

Talvez, o grande desafio de iniciar na TIP (além da logística dos pastos) seja a organização do fluxo de caixa da fazenda, uma vez que, passar do proteinado de 0,1% PV para 1,5% de ração, significa aumentar o fornecimento de 0,500 kg/dia para 7 a 8 kg/dia, o que muda toda a dinâmica de insumos dentro da fazenda.

Na média, em um cenário bastante conservador, temos que a TIP permite uma lotação de 4 UA/ha e um GMD de 1,250 kg/cabeça (média ano).

Voltando ao exemplo, adotando a TIP para engorda dos animais e considerando os números citados, teríamos uma redução no tempo e na área destinada à engorda, saindo de 12 meses para 5 meses, e de 526,1 para 118,1 ha (Figura 2).

Temos aqui – exemplificados, na prática – os efeitos clássicos citados para a intensificação da engorda: liberação de 408 ha para recria (526,1ha – 118,1ha) e aumento da produtividade pela redução do tempo de produção.

Evoluindo, nesse novo cenário – tempo de engorda de 5 meses – o produtor pode fazer 2 giros produtivos na área destinada à TIP, passando a abater 1.000 animais por ano, ante 500 animais no sistema anterior. Da mesma forma que no início da TIP, essa etapa demandará planejamento de caixa.

Seguindo nossa reflexão, é preciso avaliar o efeito de médio prazo, originado a partir da intensificação da engorda: a necessidade de aumentar o número de animais aptos a iniciar na fase de terminação.

Apesar de termos visto que ocorre o aumento da área para recria (pela liberação das áreas de engorda), temos o tempo de recria como limitante, uma vez que, o giro de recria é de 12 meses e o de engorda é de 5 meses. Na prática, esse efeito é facilmente observado quando vemos animais entrando mais leves para serem engordados.

Sendo assim, a intensificação da recria passa a ser uma necessidade latente da fazenda, visto o dreno de animais gerado pela TIP. Da mesma forma que a intensificação da engorda, a recria demandará investimentos e um bom planejamento, mas esse é assunto para um próximo texto.

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Figura 2. Efeito da TIP na fazenda

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