Fatores que afetam a conversão alimentar em frangos de corte

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    Conversão alimentar em frangos de corte - Nutrição Animal - Agroceres Multimix

    Quais os fatores que afetam a conversão alimentar em frangos de corte?

    Muitas companhias produtoras de frango de corte têm utilizado a conversão alimentar como medida de eficiência para pagamento de seus parceiros, cooperados ou integrados. Geralmente, essa formula está atrelada a uma conversão alimentar corrigida para o peso de abate. Levando em conta que o maior custo de produção é a ração, a conversão alimentar passa a ser o parâmetro de maior importância econômica na criação do frango de corte. Falaremos a seguir sobre algumas informações relevantes para a manutenção de uma boa conversão alimentar em frangos de corte e os fatores que a afetam.

    Conversão alimentar em frangos de corte

    A Conversão Alimentar é uma medida de produtividade animal que é definida pelo consumo total de ração, dividido pelo seu peso médio. Os dois índices diretos que têm maior influência no custo de produção são sem dúvida, o peso médio e a conversão alimentar. O peso médio, responsável pelo faturamento e, por conseguinte pela diluição dos custos fixos (cerca de 35% do custo total) e a conversão alimentar que tem no seu conteúdo o custo da ração por unidade de peso produzido (aproximadamente 65% do custo), por isso a luta em conquistar baixas conversões para ser eficiente. As aves de conformação estão convertendo ração em carne rapidamente e, se pensarmos em capacidade genética de conversão, saímos de 100% de seu potencial e desafiamos essa ave todos os dias, até o seu abate, sendo que a chave para uma boa conversão está na compreensão dos fatores básicos que a afetam e a forma como são manejados para otimizar esses fatores, ficarmos o mais próximo possível do seu 100% de potencial.

    Principais fatores que afetam a conversão alimentar em frangos de corte

    Temperatura: Provavelmente, o fator com maior influência na conversão alimentar em frangos de corte é a temperatura. As aves são homeotérmicas e dependem do ambiente para manter a temperatura do corpo e sobreviverem.  Em ambiente frio as aves têm que consumir mais ração para obter as calorias necessárias da ração para manutenção de sua temperatura corporal. Essas calorias utilizadas para manutenção não são convertidas em carne. Em ambiente quente elas diminuem o consumo e perdem energia para a manutenção da temperatura corporal. Dentro de uma temperatura ótima, os nutrientes da ração são utilizados muito mais para o crescimento do que para a regulação térmica. Isso pode ser visto no gráfico 1 que correlaciona a temperatura média do ambiente com a conversão alimentar.

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    As temperaturas ideais podem ser calculadas assim: TºC IDEAL = 30 – (Idade da ave x 0.15). Exemplo a ave com 1 dia = (1 x 0,15) – 30 = 29,9 (conforto térmico + ou – 3ºC de 26 a 32 ºC).

    A ave com 9 dias = (9 x 0,15) – 30 = 28,7 (conforto térmico + ou – 3ºC de 25 a 31 ºC).

    Em altas temperaturas, frangos de corte consomem menos ração e perdem eficiência na conversão alimentar. Os mecanismos biológicos de resfriamento que as aves usam em altas temperaturas necessitam de muita energia e não são eficientes. Além disso, quando as aves consomem alimentos balanceados, sua temperatura corporal aumenta devido aos processos metabólicos que ocorrem durante a digestão. Por essa razão o consumo é baixo nas horas mais quentes do dia e devemos dar todas as condições possíveis para as aves se alimentarem nos horários mais frescos, como: início do dia e da noite. Esse manejo, em conjunto com bons equipamentos para ambiência, ajuda a melhorar a conversão alimentar e diminuir a taxa de mortalidade.

    Ventilação: Ventilação e temperatura estão interligadas. Na maioria das condições, o aumento da ventilação resulta em menores temperaturas dentro do aviário. A Ventilação algumas vezes se faz necessária também em temperaturas baixas com o manejo de ventilação mínima e isso requer aquecimento do ambiente. Infelizmente, muitas vezes os produtores não trabalham a ventilação mínima com aquecimento para reduzir custos, e esse é um grande erro. Ar fresco e limpo é tão importante para o ganho de peso do frango, quanto ração de qualidade e água fresca. Além disso, amônia e outros gases tóxicos se acumulam nos aviários durante os meses mais frios do ano. Estudos mostram que a conversão alimentar em frangos de corte pode ser afetada de quatro a sete pontos por níveis de amônia de apenas 25 ppm (partes por milhão) e este nível é praticamente indetectável pelo nariz humano. A ventilação mínima deve ser prática usual no inverno e toda vez que se detectar amônia no aviário, a aeração deve ocorrer imediatamente.

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    Qualidade da Ração: A dieta que um frango consome influencia diretamente sua conversão alimentar. O produtor não tem influência sobre o nível de energia, proteína, forma física ou a qualidade da ração (já que estes itens são definidos por especialistas em nutrição). No entanto, o produtor deve manter a integridade da ração, uma vez que a ração é depositada no silo do aviário. A ração deve ser armazenada e protegida do ataque de fungos, oxidação e contaminação. Os silos, caixas e comedouros devem ser lavados e desinfetados a cada saída de lote, nunca deve haver sobra de ração de um lote para outro, e durante a criação deve-se fazer o manejo de abertura de tampa de silo nos dias quentes e secos para saída de umidade da ração. É importante inspecionar o sistema de alimentação diariamente para verificar seu bom funcionamento e evitar desperdícios. Isso pode custar mais de dez pontos na conversão.

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    Qualidade da água: Água limpa e fresca é muito importante para uma boa conversão alimentar em frangos de corte. O desempenho de frangos que consomem água de baixa qualidade é quase sempre abaixo da média. Quando você elimina a contaminação, ocorre imediata melhoria de desempenho. Aves que consomem água de bebedouros tipo niple sofrem menos pressão de contaminação do que aves que consomem água em bebedouros tipo pendular. Se o manejo de pressão do niple for feito corretamente conforme a idade da ave, esses lotes terão melhor conversão alimentar do que os de bebedouro pendular, devido ao alto nível de contaminação bacteriana que pode causar má absorção, diarréias e outros tipos de doenças secundárias. Bebedouros pendulares podem obter boas conversões, no entanto, exigem um esforço maior de higiene. Vale lembrar que os copinhos utilizados em alguns niples nas fases iniciais, ou mesmo durante toda a vida do lote, requerem cuidados de higiene especiais. Não devemos esquecer que a água é o nutriente mais importante para qualquer animal e, portanto, sua qualidade não pode ser negligenciada. Uma ave consome duas vezes e meia mais água do que ração e os esforços feitos para fornecer água limpa, pura e na temperatura adequada, resultarão em melhor conversão alimentar.

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    Refugos: A ração é altamente desperdiçada em aves doentes ou deficientes. As aves que não têm chance de um bom desenvolvimento devem ser rapidamente eliminadas até os 14 dias (no máximo). No aviário, a manutenção de aves refugo custa em média de 3 a 5 pontos de conversão e no abatedouro, em média 1% de condenação de aves que não foram retiradas no aviário podem custar mais 5 pontos de conversão. Além disso, essas aves refugo são vetores de doenças para todo o plantel e essas perdas não são possíveis de mensurar. O consumo até 14 dias é de baixo impacto na conversão alimentar e por isso deve ser feito um mutirão, para separar as aves menores em um círculo e analisar as que devem ser eliminadas.

    Doenças e Medicações: A saúde geral de um plantel também influência a conversão alimentar em frangos de corte, e a coccidiose e a clostridiose estão entre os maiores vilões. O sanitarista que acompanha o plantel deve estar muito atento a qualquer sinal de doença e monitorar com necropsias os lotes para medidas de controle rápido caso necessário. Histórico de doenças dos aviários podem indicar um problema crônico e seu acompanhamento ajuda na tomada de decisões para troca de programas e medicamentos para saúde do plantel. Tratar somente quando necessário elimina custos desnecessários e o efeito negativo que as medicações sem necessidade têm sobre o crescimento das aves e sua conversão alimentar.

    Boas Práticas de Produção: Temperatura, ventilação e sanidade, bem como vazio sanitário, condições de cama, roedores, controle de cascudinhos, etc.; influenciam a conversão alimentar em frangos de corte.

    Outros fatores que podem ajudar a melhorar a conversão alimentar em frangos de corte

    Tempo de consumo: As aves jovens estão cada vez mais preguiçosas para se alimentarem, para isso, é preciso estimulá-las e ter uma grande oferta de equipamentos infantis se quisermos ter um bom início de lote com bom arranque de peso, o que é meio caminho andado para uma boa conversão alimentar em frangos de corte. O teste do papinho cheio nos três primeiros dias deve dar acima de 90%, pegando-se 100 pintinhos e verificando se estão com o papo cheio em três períodos do dia (manhã, tarde e noite). Todo investimento em equipamento e estimulo ao consumo na fase inicial é recompensado.

    Luz: O nível de luminosidade pode influenciar a conversão alimentar em frangos de corte. Aves jovens necessitam de mais horas de luz com maior intensidade. Se for garantido um bom arranque até os 21 dias, os níveis de luz podem ser gradualmente reduzidos, resultando em melhor ganho de peso devido a menor atividade. Programas de luz são necessários para adequar o consumo aos melhores horários de temperatura e garantir o bem-estar animal.

    Comportamento: Aves respondem positivamente a um bom manejo. Frangos criados em ambientes calmos e agradáveis, superam em rendimento a aves que são manejadas com muita movimentação e ruídos. Estresse excessivo faz com que as aves gastem mais energia, prejudicando o crescimento e a conversão alimentar. Estudos apontam melhores resultados para aviários com baixos níveis de ruídos que trabalham tão silenciosamente e calmamente possível. Muita atividade dentro do aviário causa desgaste desnecessário nas aves que desperdiçam calorias que poderiam estar sendo convertidas em peso.

    Considerações

    Contratos diferem muito entre as empresas, mas é relativamente fácil determinar exatamente o quanto a conversão alimentar vale para um produtor. É importante compreender o quanto a conversão alimentar vale para maximizar o retorno. Estudos realizados para testar o efeito da temperatura ambiente sobre a conversão alimentar demonstraram claramente que a temperatura é o fator mais crítico. Você deve ter uma ideia do valor da conversão alimentar e os custos associados com aquecimento e energia elétrica para ventilação, para então determinar o equilíbrio mais econômico entre os dois. Todo bom produtor deve manter bons registros para realizar tais comparações.

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    7 COMENTÁRIOS

      • Olá Sônia! Obrigado por prestigiar nossos conteúdos. Realmente, os resultados em produção animal dependem do equilíbrio em todas as pontas, sempre vislumbrando o bem-estar, que possa resultar em melhor desempenho. Aproveite para se cadastrar no rodapé desta página para receber notificação de novos conteúdos. Um abraço!

    1. Não sabe o quanto estou feliz por ter acesso a este conteúdo, o objetivo geral do meu tcc é’ analisar tecnologias de ambiência em relação a resultados ‘ .Muito obrigado !

    2. Olá Diego, você está correto. Granulometrias intermediárias de calcário (400 a 600 micras) tem respondido melhor que a granulometria fina (120 micras) ou granulometria grossa (1200 micras) que dificulta o consumo do alimento por parte das aves, principalmente até os 21 dias de idade. Além de uma melhor conversão alimentar o calcário com granulometria intermediária proporciona menor solubilidade do cálcio devido a um maior tamanho de partícula, o que sugere uma menor interação do íon de cálcio livre com outros nutrientes no trato gastro intestinal. Nesse caso é importante trabalhar com níveis de cálcio recomendados pelo nutricionista e não deixar de manter a relação de 2:1 de cálcio para fósforo disponível para o melhor ganho de peso. Qualquer dúvida, não deixe de entrar em contato.

    3. Muito bom Marcelo, belíssima abordagem. Poderia trazer para nós a questão da granulometria do calcário para frango de corte. Maiores resultados estão sendo observado com granulometria maiores, não sendo o pedrisco que é usado para poedeiras.

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