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Desmistificando: Hormônio em Frangos de Corte

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Hormônio em Frangos de Corte

Vamos falar sobre Hormônio em Frangos de Corte. Um dos maiores mitos da atualidade é que a carne de frangos criados em granjas comerciais recebe algum tipo de hormônio exógeno. Esta é uma opinião de grande parte da população, da mídia e também de alguns profissionais ligados à saúde humana, como médicos e nutricionistas.

Hormônio em Frangos de Corte - Nutrição Animal - Agroceres Multimix

Certamente o que estes profissionais ouvem é que se usam PROMOTORES DE CRESCIMENTO. E é aí que começa toda a confusão. Os promotores são usados, mas eles não são hormônios e sim antibióticos. Promotor de crescimento não quer dizer que “promovem” o crescimento, quer dizer que são antibióticos usados como bacteriostáticos para preservar ou manter a integridade intestinal da ave e com isto melhorar absorção dos nutrientes das rações, melhorando o ganho de peso das aves.

Os bacteriostáticos são agentes quimioterápicos da classe dos antibióticos que detêm o crescimento de determinadas bactérias, dificultando sua proliferação e deixando ao sistema imunitário a tarefa de eliminar as bactérias que já estão presentes no organismo.

Ultimamente, algumas empresas produtoras de carne de frangos começaram a usar o complemento “sem hormônios” como se fosse um diferencial de seus produtos – Porém, TODA carne de frango é sem hormônio! – O problema é que quando eles dizem que o frango deles não tem hormônios, acabam deixando a margem de dúvida para o consumidor, que se o dele não tem, quer dizer que outro possa ter.

Hormônio em Frangos de Corte - Nutrição Animal - Agroceres Multimix

Eu, como um profissional com 28 anos de experiência trabalhando na área de Produção de Frangos de Corte, portanto com conhecimento de causa, vou tentar elucidar esta questão com argumentos técnicos e aspectos práticos que provam: NÃO EXISTEM HORMÔNIOS NA CARNE DE FRANGOS.

Porque não são usados hormônios exógenos em Frangos de Corte?

1. É ilegal: A IN nº 17 de 2004 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, proíbe a administração, por qualquer meio na alimentação e produção de aves, de substâncias com efeitos tireostáticos, androgênicos, estrogênicos ou gestagênicos, bem como de substâncias ß-agonistas, com a finalidade de estimular o crescimento e a eficiência alimentar;

2. Não há razão técnica: Já foram feitos alguns estudos com o uso de hormônio de crescimento em aves. Todavia, os frangos não respondem ao uso desse hormônio. Além disso, não é uma opção economicamente viável. Os maiores responsáveis pelo ganho de peso das aves de corte são a nutrição animal e a evolução genética. A cada ano são selecionadas as melhores aves, as que conseguem acumular mais peso e que apresentam melhor performance. Fatores aliados ao melhoramento genético como nutrição, controle ambiental, desenvolvimento na prevenção e no tratamento de doenças, fazem as aves crescerem mais rapidamente;

3. Riscos nas exportações: O Brasil é o maior exportador mundial de carne de frangos, com vendas para mais de 150 países.
Por que o Brasil usaria um produto que é proibido, não funciona em frangos e já foi testado, uma vez que se usado e detectado, o importador poderá bloquear todas as importações?;

4. Custo elevado: Os hormônios de crescimento para aves não se produzem comercialmente, já que seu custo seria extremamente alto. Se administrasse 01 miligrama/kg a um frango de engorda, o custo seria tão alto que ultrapassaria o valor da ave. Obviamente, isto não tem nenhum sentido do ponto de vista comercial.

5. Aspecto prático: Esta questão prática joga por terra qualquer argumento. Todo hormônio direcionado à deposição de tecido muscular possui característica proteica. Se usada na ração como muitos possam pensar que poderia ser feito, esta proteína, ao entrar no trato digestivo da ave, seria digerida como qualquer outra proteína, como a do milho ou da soja, não tendo o efeito desejado. Portanto, se tivesse que ser usado, teria que ser injetado. E outra, por ser uma proteína de rápida degradação, para permanecer na corrente sanguínea de forma que promova algum resultado, teriam que ser injetadas doses diárias e individualmente, animal por animal.
Agora eu mostro a inviabilidade.

Veja o quadro abaixo:

Hormônio em Frangos de Corte - Nutrição Animal - Agroceres MultimixAcompanhem o raciocínio: No exemplo acima peguei um aviário de 25.000 frangos. Se para cercar, conter e aplicar o hormônio forem gastos 10 segundos/ave, então só para este galpão de 25.000 aves, eu gastaria 03 dias para aplicar o hormônio ave por ave. Só que isto é impossível. Considere então um tempo maior de 30 segundos para fazer tudo o que eu disse acima, então eu gastaria 09 dias para aplicar o hormônio ave por ave neste galpão. Mas para ter efeito, a aplicação teria que ser diária, e não a cada 9 dias.

Hormônio em Frangos de Corte - Nutrição Animal - Agroceres Multimix

Se você pensar que o Brasil aloja hoje em torno de 500 milhões de frangos por mês, as empresas teriam que ter uma ultra-estrutura montada só para aplicar um produto que é: proibido, não funciona, caro e enfim, de impossível aplicação diária.

Acho que estes argumentos devem te convencer que frango com hormônio é um mito.

Agroceres Multimix. Muito Mais Que Nutrição

13 COMENTÁRIOS

  1. Parabéns pelo artigo! Sem dúvidas contribui para esclarecer muitas dúvidas que ainda existem sobre o assunto!
    Como Zootecnista, profissional da produção animal, também “combato” o mito do uso de hormônios na produção de aves! Temos ainda grande parte da população que desconhece a verdadeira forma como o frango brasileiro é produzido, é realmente um desafio informar e esclarecer aos consumidores sobre à conduta da produção animal em nosso país e a qualidade dos produtos de origem animal aqui produzidos, os quais são oriundos de um complexo sistema que respeita as normas de bem-estar animal, as legislações ambientais e normativas rigorosas que o ministério da agricultura estabelece!

  2. Acontece que eles são diluidos na agua do frango e não aplicados com seringas um a um, você pode diser oque quiser, não acredito nisso, quanto de antibioticos tem nos frangos, ate onde é seguro, o nivel de antibioticos, sou engenheiro agronomo, e ja vi muita coisa no meio da avicultura de corte! Você so estar defendendo seu negocio nada mais!!! A propria ração balanceada que você administra ao seu plantel, duvido que você conheça totalmente sua composição!!! Porque é um segredo dos fabricantes!

    • Caro Gledson, é uma pena que você pense assim. O que escrevi está fundamentado na ciência, portanto, é uma publicação embasada em conhecimento científico. Como agrônomo, você deve saber que hormônio de crescimento é uma proteína, que se diluída em água, como você diz, seria digerida ao entrar no trato digestivo, tendo os efeitos de crescimento impossibilitados, ou seja, seria inútil. Não sei se você chegou a ler o artigo, mas se leu, sugiro que o releia. Quanto ao seu questionamento sobre se eu conheço a composição das rações, é claro que conheço, não tem segredo. Nós somos uma empresa de nutrição animal séria. E toda empresa de nutrição animal séria segue à risca as regras das agências reguladoras. O mesmo vale para o uso de antibióticos. O Brasil é um dos maiores produtores e exportadores de frango do mundo, nossas leis são rígidas e visam proteger a saúde da população e dos animais, o meio ambiente e proporcionar alimentos seguros, de alta qualidade e baixo custo para as pessoas, além de manter nosso país como um exportador confiável no mercado internacional. Espero que tenha mudado seu ponto de vista e agora tenha uma perspectiva científica sobre o assunto.

  3. De fato hormonio tem um custo aspecto caro e ruim se não seria usado mesmo fazendo mal.
    mas o fato é o Brasil exporta e muito
    mas produto de qualidade na UE não entra frango que consome ração com antibiótico qualquer veterinário ou diretor de empresa de alimentação disser esta faltando com a verdade, lá é proibido antibiótico na ração já foi comprovado que esta relacionado com vários tipos de câncer .

    • Hoje, quem dita o quer receber o produto, é o comprador. Já existe no mercado brasileiro, frango isento de antibióticos, para atender um nicho específico de mercado. É o chamado “frango verde”.
      No caso específico da União Europeia (UE).
      O que é necessário para que eu use aditivos na ração das aves, suínos e bovinos em produção e depois exporte a carne para a Europa?
      O aditivo precisa:
      1. Estar legalmente registrado pela autoridade local, no caso do Brasil o MAPA,
      2. Ser usado de acordo com as indicações aprovadas, como as dosagens e o período de retirada específico para cada produto,
      3. Não deixar resíduos na carne que violem o Limite Máximo de Resíduo – LMR (Maximum Residue Limit-MRL).

      Enfim, o importador (comprador) é que define o que quer receber. Se quer um frango sem antibiótico, as empresas estão capacitadas para atender a demanda do cliente.

  4. Muito esclarecedor o texto sobre o uso/ñ uso de hormonios nos frangos, mas o q me preocupa sao os efeitos no consumo de frangos tratados com antibioticos.
    Quanto de antibiotico estamos consumindo? eh verdade q a marca q explora o fato de ñ usar antibioticos e hormonios realmente ñ os use?Existe hj no meio medico uma grande preocupaçao com a perda de efetividade dos antibioticos nas patologias infecciosas, gerando inclusive cepas super resistentes.
    Aguardo sua resposta. obrigada!

    • Sim, já existe no mercado frangos criados sem antibióticos. Em substituição aos antibióticos usa-se os probióticos, prébióticos, Óleos Essências, etc. Estes produtos são usados para garantir uma integridade intestinal, e com isso facilitar a absorção dos nutrientes da ração.
      Quanto ao argumento de que resíduos de antimicrobianos presentes em alimentos provenientes de animais tratados poderiam interferir com a microbiota do trato gastrintestinal humano. Tal assertiva, porém, não se sustenta à luz das modernas exigências do Codex alimentarius (seguidas pelo Brasil). De fato, o cálculo da Ingestão Diária Aceitável (IDA) microbiológica quando das análises de risco feitas para os antimicrobianos usados em animais de produção no momento em que se estabelecem os Limites Máximos de Resíduos (LMRs) e, subsequentemente quando se calculam os períodos de carência para os mesmos já leva esta possibilidade em consideração. Recorde-se que valores residuais de antimicrobianos inferiores à IDA microbiológica não tem qualquer possibilidade de exercer pressão de seleção em bactérias indígenas do trato gastrintestinal humano Nossa legislação é uma das mais exigentes, sendo atualizada até mesmo com mais frequência que as legislações da Europa ou de outros países. Seu objetivo é o de proteger a saúde da população e dos animais, o meio ambiente e proporcionar alimentos seguros, de alta qualidade e de baixo custo para as pessoas, além de manter nosso país como um exportador confiável para os países importadores. O Brasil obedece rigorosamente as decisões do Codex Alimentarius, e ao seguir corretamente as indicações de uso, dosagem e período de retirada de cada produto.

  5. Prezado Antônio, seu artigo é sim excelente e esclarece bem esse mito. No entanto, há uma informação errada que sugiro que você corrija. Nem todo hormônio é uma proteína. Estrógenos por exemplo são moléculas derivadas do colesterol e não tem aminoácidos na sua composição. Sugiro que fale especificamente que o hormônio que promove o crescimento dos frangos (GH?) é uma proteína, pois é mais correto.

    • Olá Gregório.Obrigado por seu comentário e pelo elogio. Realmente, você tem razão e já corrigi o texto. O hormônio de crescimento, que é impraticável no mercado de aves de corte, este sim é uma proteína. Precisamos juntos combater o desconhecimento das pessoas que compartilham mitos sem saber do que estão falando. Um abraço.

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