Num país de grande extensão, como o Brasil, fica muito difícil ter ou criar um parâmetro único de manejo, levando em consideração as diferenças entre as 5 regiões existentes em todo o território nacional. Mas alguns pontos são cruciais, e não podem ser esquecidos.
Normalmente, as instalações avícolas são construídas visando diminuir os efeitos das condições climáticas de cada estação, principalmente do verão e do inverno. Porém, cuidados especiais devem ser adotados, principalmente nos primeiros dias de vida, pois as aves são expostas a mudanças muito drásticas, de diversos aspectos, sejam eles: ambientais, físicos, fisiológicos e nutricionais, de acordo com cada fase de desenvolvimento do animal, devendo-se, assim, respeitar as exigências de temperatura e umidade de cada fase de criação.
Uma das formas mais utilizadas para otimização e aproveitamento de calor em galpões é a diminuição de espaços, com a utilização parcial do galpão, mais conhecido como “casulo de alojamento”, onde os pintos devem ser alojados, com acesso fácil à água e ração. No momento do alojamento, a distribuição das caixas de pintos deve ser uniforme por todo o casulo, previamente aquecido e, de preferência, com baixa intensidade de luz para deixar a ave mais tranquila. Posteriormente a esse momento, ainda no primeiro dia de alojamento, deve-se fornecer 24h de luz, facilitando assim, o consumo de água e ração.
Após o segundo dia é necessário instituir um programa de luz que seja mais adequado para sua região. No inverno, é importante que coincida o período de escuro com o pôr do sol para que as aves estejam acordadas durante o período mais frio da noite. Controlando isso, bem como a temperatura, a umidade e a renovação de ar, de forma precisa, facilita aos galponistas agirem mais rapidamente, caso haja a necessidade de alteração de algum desses parâmetros. O monitoramento de temperatura e umidade, de forma mais rigorosa, deve-se estender até o final da segunda semana de vida das aves, podendo variar em função do clima.
Até aproximadamente seu 12º dia de vida o pinto não consegue regular sua temperatura corpórea, por isso é tão importante seguir as exigências de temperatura para que as aves encontrem conforto térmico ambiental para seu crescimento. Deve-se levar em consideração que a temperatura, no momento do alojamento e durante o 1°dia, deve ser de 32ºC, reduzindo, em média, 3ºC a cada semana até chegar aos 20ºC, como observado no quadro 1 abaixo.
Quadro 1: Temperatura ambiente ideal de acordo com a idade das aves
IDADE | TEMPERATURA |
1 dia | 32ºC |
7 dias | 29ºC |
14 dias | 26ºC |
21 dias | 23ºC |
28 dias | 20ºC |
Outro ponto importante a ser pensado sobre o manejo de aves no inverno é a densidade de alojamento. Normalmente, nesse período, trabalha-se um pouco mais adensado, chegando em média entre 50 e 60 pintos por m², sempre aumentando os espaços dos círculos de proteção, a cada três dias, até que todo o galpão esteja ocupado, o que acontece por volta do 15º dia de alojamento. Lembrando sempre de aquecer previamente o novo espaço do galpão a ser utilizado, além de observar bem o comportamento das aves. No quadro 2, observa-se o comportamento esperado das aves, de acordo com o conforto térmico.
Quadro 2: Comportamento das aves de acordo com o conforto térmico
FRIO | DESEJADO | QUENTE |
Piando | Lote Silencioso | Piando |
Aglomerado | Boa Uniformidade | Diarreia |
Mortalidade Alta | Bom Empenamento | Cama Úmida |
Congestão Pulmonar | Baixa Mortalidade | Alta mortalidade |
Problemas Respiratórios | Bom Ganho de Peso | Aves Desidratadas |
Atraso no Empenamento | Aves Bem Distribuídas | Distante da Fonte de Calor |
Outros fatores devem ser considerados importantes e requerem atenção. Um deles é a temperatura da água de bebida, que deve estar entre 18 e 21ºC. Em alguns casos, as tubulações do sistema de água são superaquecidas, deixando a água com alta temperatura, inviabilizando seu consumo pelas aves. Um outro fator importante é a redução dos níveis de energia e sódio da dieta e o uso preferencial de ração farelada, pois em períodos mais frios, o consumo de ração aumenta significativamente, podendo levar, consequentemente, ao comprometimento de algumas funções fisiológicas que propiciem o surgimento da Síndrome Ascítica (SA).
Para a cama utilizada no aviário deve-se optar por um material que tenha fácil oferta na região da criação, que tenha um alto poder de absorção e ajude no controle da umidade e temperatura do galpão. Após distribuição uniforme em todo o galpão, esse material deve ter, aproximadamente, 5cm de espessura em relação ao piso. Nos casos de cama reutilizada, quando possível, priorizar a utilização de cama nova pelo menos no casulo. Em todos os casos, deve-se ficar atento à compactação do material utilizado nas primeiras 24h após o alojamento, evitando possíveis problemas com altura dos equipamentos, o que pode levar a casos de restrição a comedouros e bebedouros.
Um dos fatores que vai influenciar diretamente na qualidade da cama é a ventilação mínima, que deve ser monitorada diariamente, principalmente no inverno, pois, em virtude da imensidão do território brasileiro, são identificados diversos tipos de climas, sendo os principais: equatorial, tropical, tropical de altitude, tropical úmido, semiárido e subtropical, podendo ter grande amplitude térmica em diversas regiões. Por isso, independente do dimensionamento do sistema de ventilação da granja, os níveis de CO2, amônia e umidade relativa do ar, devem ser monitorados com atenção redobrada, para que as aves tenham acesso a oxigênio de qualidade, podendo desempenhar da melhor forma suas necessidades metabólicas.
Em regiões que apresentam a estação de inverno bem definida, assim como as regiões com variações consideráveis na amplitude térmica neste período, pode ocorrer uma maior incidência de problemas sanitários. Dessa forma, deve-se sempre respeitar os pontos críticos citados anteriormente, como: menor densidade no alojamento das aves, maior cuidado no alojamento e nas primeiras semanas, ajustes nutricionais, monitoramento de temperatura, umidade e ventilação, atenção com o calendário de vacinação, e, dependendo da região, caso haja necessidade, reforços de campo, minimizando, assim, as chances de aparecimento de alguma enfermidade.