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Tempo de observação: os animais nos dizem muitas coisas

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suínos sinais dos animais
Figura 4A (Esquerda) – Leitegada buscando aquecimento; Figura 4B (Direita) Suínos em disputa pelo acesso ao bebedouro (Fonte: Arquivo pessoal)

Todos os dias muitas atividades são repassadas aos colaboradores nas granjas: acompanhar o processo de desmame, transferências, vacinações, o trato dos animais, limpeza das instalações, assistência ao parto, entre outras. Ainda, os colaboradores podem assumir outras atividades em função de imprevistos, a exemplo a ausência de outro(a) colaborador(a), ou até mesmo, folgas semanais.

A intensa movimentação diária, popularmente conhecida como “correria”, pode contribuir para que pontos importantes passem despercebidos, como a observação diária dos animais.

Para garantir o bom funcionamento das etapas que envolvem o processo de produção é necessário atentar-se aos sinais dos animais, que demonstram que algo pode estar inadequado, desde a presença de comportamentos anormais, “estereotipias”, até mesmo fatores diretamente relacionados ao desempenho do suíno.

Durante as visitas nas unidades de produção é possível encontrar situações não observadas pelos colaboradores, que muitas vezes se questionam sobre como deixaram passar a observação de determinada situação.

Exemplos práticos

Na figura 1 é possível visualizar uma leitegada de padrão desejável. Porém, no momento da descida do leite, um dos leitões não está em aleitamento. Pode não ser nada, como também pode ser alguma alteração no aparelho locomotor, o que dificultaria ao leitão ganhar a disputa por um teto.

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Figura 1 – Leitegada (Fonte: Arquivo pessoal)

Na figura 2A nota-se que um leitão continua buscando leite, mesmo num momento em que os outros leitões já estão dormindo, indicando que, provavelmente, haja uma baixa produção de leite no teto definido pelo animal.

No segundo caso (figura 2B), no momento do aleitamento observa-se um leitão mais fraco que os outros e com o focinho sujo, já o teto mais limpo que os demais.

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Figura 2A (Esquerda) – Leitegada. Figura 2B (Direita) Leitões em aleitamento (Fonte: Arquivo pessoal)

Na figura 3A temos uma situação em que os leitões estão amontoados no escamoteador, gerando dúvidas sobre se o aquecimento está funcionando adequadamente. Já na figura 3B temos um caso em que os leitões estão dormindo fora do raio de aquecimento da lâmpada, o que nos leva a questionar se a mesma deveria estar acesa, ou se seria necessário um ajuste da altura, ou do aquecimento.

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Figura 3A (Esquerda) – Leitegada buscando aquecimento; Figura 3B (Direita) Leitegada próxima a fonte de aquecimento (Fonte: Arquivo pessoal)

Ambiência de creche

Nas figuras 4A e 4B, verificamos um pouco dos desafios do ambiente de creche, sendo que no primeiro caso há um claro sinal de que o aquecimento utilizado, muitas vezes, pode ser insuficiente para os desafios do ambiente. Já na figura 4B, percebe-se uma disputa nos bebedouros, sinalizando a necessidade de ajuste nas cortinas, ou até mesmo verificar se há disponibilidade de água suficiente nas chupetas.

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Figura 4A (Esquerda) – Leitegada buscando aquecimento; Figura 4B (Direita) Suínos em disputa pelo acesso ao bebedouro (Fonte: Arquivo pessoal)

Tempo de observação

A falta de tempo específico para observar os animais, pode representar perdas de oportunidades para pequenos ajustes, que na maioria das vezes permitiriam melhores condições aos suínos naquele momento.

A observação do comportamento dos animais pode nos direcionar, desde um ajuste de cortinas, até a necessidade de intervenção nas baias, como a retirada de animais por algum problema. Muitas dessas situações só são possíveis de serem percebidas após o treinamento contínuo dos colaboradores.

Esses são alguns exemplos das oportunidades de ajustes que a inclusão do “tempo de observação” poderá trazer de benefícios para a granja.

Para que isso ocorra é necessário incluir esse tempo na rotina dos colaboradores, pois em alguns casos eles acabam ficando com receio de dizer que só estão andando entre as baias, ou olhando os animais, sem nada nas mãos, ou somente um marcador.

Com a criação do hábito de observar os animais durante esse chamado “tempo de observação” temos, aos poucos, a inclusão dessa ação entre as rotinas das atividades da granja, evitando que esses pontos passem despercebidos.

É muito importante que, durante a fase de implantação desse manejo, seja feito um treinamento para que, depois, isso aconteça de forma automática, como algumas ações que realizamos ao dirigir um carro, por exemplo.

Algumas sugestões de pontos de observação no momento de transitar em cada um dos setores:

Gestação

  • No momento em que as fêmeas estão em pé nas gaiolas, não deixe de verificar se estão mancando, ou com dificuldade para apoiar as quatro patas ao mesmo tempo;
  • Algumas horas após o fornecimento de ração na baia, verificar se ainda há fêmeas buscando ração no piso e qual a condição corporal dessa fêmea em relação às outras da baia;
  • As fêmeas que apresentem uma movimentação diferente das demais do grupo, devem ser acompanhadas para verificar a necessidade de alguma medicação, ou intervenção de manejo;
  • Ao limpar as baias, ou remover os resíduos das gaiolas, observar se há secreções ou sinal de sangramento, pois pode ocorrer um aborto.

Maternidade

  • Avaliar como os leitões estão distribuídos nas baias quando estão deitados (próximo à fêmea, sob o aquecimento, dentro do escamoteador);
  • Mesmo não sendo a hora do aleitamento, verificar se há leitões que seguem insistindo por algo a mais no teto da fêmea;
  • Avaliar como estão os movimentos respiratórios da matriz e o seu consumo de ração e água.

Creche, recria e terminação

  • Observar o posicionamento dos animais nas baias (amontoados e/ou acumulados próximos às chupetas de água). Ainda, entrar cuidadosamente na sala antes de abrir a porta, ou despertar os animais (figura 5A e 5B);
  • Verificar se há quantidade disponível de ração nos comedouros e no piso. Tanto pode ser apenas uma questão de regulagem de comedouros, como também (já chegou-se a verificar) muita ração no piso devido à falta de água no barracão;
  • Ao movimentar os animais, atentar-se àqueles que permanecem deitados, pois pode ser algum caso de artrite a ser tratado, ou quadros graves de febre e apatia.
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Figura 5A (Esquerda) – Observação dos animais; Figura 5B (Direita) Animais despertando lentamente (Fonte: Arquivo pessoal)

Considerações finais

O tempo de observação é muito importante no dia a dia da granja. Ainda, as avaliações comportamentais e fisiológicas podem estar ligadas à sanidade e produção e, quando associadas, podem ser ferramentas eficientes na identificação do bem-estar dos animais e, consequentemente, expressão do máximo potencial produtivo.

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