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Uso da enzima protease na alimentação de poedeiras

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capa do artigo enzima protease nas poedeiras

Nos últimos anos, houve aumento do custo dos principais insumos utilizados na avicultura. Fato preocupante para os produtores, uma vez que os gastos com a alimentação das aves representam em torno de 80% e a proteína contribui com cerca de 40% dos custos totais da ração. Isso levou ao desenvolvimento de novas tecnologias significativas que melhorassem a eficiência nutricional das dietas, como a elaboração de enzimas exógenas que complementam as enzimas digestivas endógenas.

Existem duas formas de se adicionar enzimas nas rações, a primeira é conhecida como “on top”, que consiste em suplementar a enzima sobre uma formulação padrão, sem alterar os níveis nutricionais da dieta (BARBOSA et al., 2008). A adição da enzima seguindo essa característica aumentará o custo de formulação, uma vez que, se o animal estiver com suas exigências nutricionais supridas pela ração, a adição da enzima produzirá um excesso de nutrientes que, se forem aproveitados pelo animal, serão convertidos em gordura ou serão excretados (LECZNIESKI et al., 2006). A outra forma da inclusão das enzimas consiste em adicionar enzimas exógenas em dietas com nutrientes reduzidos, nas quais a adição das enzimas irá restaurar o valor nutricional da dieta padrão, obtendo o mesmo desempenho de uma dieta com os níveis nutricionais recomendados, visando, assim, a diminuição no custo das formulações (Barbosa et al., 2008).

A principal fonte de proteína utilizada atualmente nas dietas de poedeiras é o farelo de soja, no entanto é um ingrediente considerado oneroso para o custo final da dieta. Completa-se com esse fato que variadas quantidades de proteína bruta e aminoácidos podem ser encontrados no íleo e na excreta das aves (PARSONS et al., 1997), sugerindo uma incompleta digestão e absorção, justificado pela não produção ou produção insuficiente de determinadas enzimas necessárias para quebra de ligações. Também há presença dos fatores antinutricionais nos alimentos que indisponibilizam a utilização de energia e nutrientes pelo animal. Uma das alternativas para aumentar a digestibilidade de proteínas no trato gastrointestinal das aves é a inclusão de enzima protease nas dietas.

foto de uma ave se alimentando que faz parte do artigo sobre enzima protease nas poedeiras

Recentemente, há estudos dos efeitos resultantes da suplementação da protease, incluindo benefícios na saúde intestinal, como a recuperação da estabilidade entérica e no equilíbrio microbiano. A origem do efeito benéfico da protease na saúde intestinal pode ser uma combinação de vários fatores que se interagem. Tais fatores podem incluir uma redução na fermentação da proteína no intestino grosso (FREITAS et al., 2011), hidrólise de fatores antinutricionais e proteínas antigênicas, uma mudança no local da digestão de macro-nutriente para segmentos mais proximais do intestino (LIO et al., 2013), viscosidade reduzida no lúmen intestinal (BAREKATAIN et al., 2013), retenção melhorada de cálcio e fósforo (OLUKOSI et al., 2015), maior disponibilidade de aminoácidos para a síntese de mucina (COWIESON et al., 2014) e integridade das vilosidades intestinais (COWIESON et al., 2016).

Em dietas de galinhas poedeiras, a exigência de energia metabolizável é mais baixa quando comparada a frangos de corte, por isso há a necessidade da utilização de fontes de fibra na dieta como, por exemplo, o farelo de trigo e casca de soja. Devido à essa inclusão de produtos de origem vegetal com níveis elevados de fibra e fitato, percebemos que o amido e a gordura podem ser bem recuperados pelo intestino delgado, mas a digestibilidade dos aminoácidos é mais baixa, por volta de 65% a 70%, demonstrando que existem oportunidades na melhoria da digestibilidade dos aminoácidos. Alguns estudos mostraram que a digestibilidade da metionina é tipicamente alta, por volta de 90%, enquanto a da treonina e cistina são mais baixas, cerca de 75% a 85%, por isso, há a maior ação da enzima protease nesses aminoácidos em questão. (COWIELSON et al., 2010).

Segundo Vieira et al. (2016) e Santos (2020), os efeitos positivos da protease na alimentação das poedeiras resultam na melhora dos parâmetros de produção, desempenho, morfometria da mucosa intestinal, qualidade e composição dos ovos, fatores que justificam a utilização do aditivo nas dietas.

Nutrição Animal – Agroceres Multimix

 

BIBLIOGRAFIA

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Vieira BS, Barbosa SAPV, Tavares JMN, Beloli IGC, De Mello Silva GM, N e t o  HRL, Júnior  JGC, Corrêa  GSS. (2016). Phytase and protease supplementation for laying hens in peak egg production. Semina: Ciências Agrárias, 37: 4285–4294.

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