Dejetos na suinocultura e como manejar
O objetivo principal deste artigo é descrever um sistema de aproveitamento de dejetos na suinocultura de duas granjas, ambas do Estado de Minas Gerais.
O artigo não tem a pretensão de eleger o melhor sistema de aproveitamento de dejetos na suinocultura, mas descrever experiências práticas que resolveram os problemas dos produtores, tanto nas questões ambientais, quanto na obtenção das licenças de funcionamentos das granjas.
Legislação ambiental
Para a produção de suínos em Minas Gerais, as granjas seguem as normas da Deliberação Normativa nº 74, de 09 de setembro de 2004. Essa norma estabelece critérios para classificação, segundo o porte e potencial poluidor, de empreendimentos e atividades modificadoras do meio ambiente, passíveis de autorização ou de licenciamento ambiental no nível estadual.
A normativa determina que:
- Até 200 matrizes: autorização ambiental de funcionamento;
- Acima de 200 matrizes: licenciamento ambiental.
As granjas que precisam de licenciamento ambiental seguem as normas do Copam (Conselho Estadual de Política Ambiental).
Sobre as granjas analisadas
A primeira granja (granja 1) é cliente da Agroceres Multimix há mais de 20 anos, e possui cerca de 250 matrizes de ciclo completo. A outra, (granja 2), possui 200 matrizes e também trabalha com ciclo completo.
Assim sendo, os valores de produção total dos dejetos na suinocultura somente poderão ser avaliados corretamente quando se considerar também o seu grau de diluição”. Quantidade estimada de dejetos líquidos de suínos produzidos diariamente de acordo com o sistema de produção:
A granja 1 produz aproximadamente 21.250 litros/dia de dejetos líquidos (ou chorume) e a granja 2, 17.000 litros/dia. Ambas possuem o sistema de aproveitamento dos dejetos semelhantes e diferem-se somente no uso final do chorume, como descrito a seguir.
Descrição do sistema de aproveitamento de dejetos
Os dejetos resultantes da lavagem das baias, constituído da mistura de esterco, urina e água, são direcionados para depósitos de contenção através de redes de esgoto interligados.
O esterco sólido colhido do setor de reprodução (reposição, gestação e maternidade) é separado e vai direto para a compostagem. A partir dos depósitos de contenção, os dejetos são bombeados para um deposito com agitador, para então serem lançados ao separador de sólidos e líquidos (modelo Ecco Filtro).
Os sólidos resultantes da filtragem são utilizados para a compostagem, que depois de processada, é aplicada no cultivo de hortaliças.
Já o líquido, também chamado de chorume, é bombeado para um sistema de irrigação, para depois ser lançado em áreas de pastagem para a granja 1. Essa área é dividida em piquetes, onde acontece o manejo para engorda a pasto de bovinos de corte.
Na granja 2, o chorume é bombeado para duas lagoas de decantação e, futuramente, esse chorume será distribuído em área de pastagem.
Aplicação dos dejetos em áreas agrícolas
Em 1997 a CETESB (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) estabeleceu um roteiro de normas para a utilização dos dejetos em áreas agrícolas. As regulamentações que estão diretamente relacionadas ao produtor são:
- Avaliação das condições ambientais da área escolhida;
- Localização de cursos d’água, matas nativas e, ou unidades de conservação, vizinhança e acessos ao local.
Dentre essas normas, o produtor deve ter um critério rigoroso na localização de cursos d’água e sobre a aplicação dos dejetos, pois corre o risco de contaminar o lençol freático que abastece a granja.
Como recomenda a Ambiental Consultoria, representada pelo Engenheiro Agrícola Francisco Osvaldo Prado Teixeira:
“A taxa de aplicação de águas residuárias deve estar baseada na dose de nutrientes recomendados para as culturas agrícolas, pois, caso esses níveis sejam suplantados, além de poder ser comprometida a produtividade da cultura, podem provocar poluição do solo e das águas superficiais e subterrâneas. Por essa razão, deve-se atentar para o fato de que águas residuárias nunca devam ser aplicadas em quantidades equivalentes às requeridas pelas plantas para atender suas necessidades hídricas, pois se isso for feito, poderá haver salinização do solo, consequente queda de produção da cultura, além de contaminação de águas superficiais e subterrâneas.
Há ainda o risco de contaminação das águas subterrâneas pelos resíduos orgânicos, ocasionando a degradação no solo e liberando para o meio, nutrientes e compostos inorgânicos que, se não forem absorvidos pelas plantas ou adsorvidos pelo solo, são carreados no perfil do solo, podendo alcançar e contaminar as águas subterrâneas.
Os riscos de contaminação tendem a aumentar quando: o lençol freático estiver muito próximo da superfície; o solo for muito macroporoso e; quando houver aplicação de doses acima da capacidade de retenção de poluente no solo.
As aplicações de resíduos em excesso no solo podem superar a capacidade de absorção pelas culturas e saturar os sítios de troca (adsorção) do solo. Atenção especial tem sido dada ao nitrato, uma das formas oxidadas de nitrogênio, e que não é adsorvido pelos sítios de troca do solo, tornando-se extremamente móvel no solo e um dos principais poluentes contaminadores de águas subterrâneas.
Existem outras formas de aproveitamento de dejetos na suinocultura, como a produção do biogás e o uso do biofertilizante no cultivo de lavouras. O que não se pode admitir é o desperdício dos dejetos, despejando-os em rios e córregos, causando além do prejuízo econômico, ambiental.
O aproveitamento de dejetos na agricultura deve ser feita sempre com a orientação de um profissional capacitado, para obter os melhores resultados, tanto econômicos como ambientais.
Clique aqui e confira a segunda parte do artigo.
Excelente profissional, Parabéns pelo trabalho Paulo e obrigado pela intensa pesquisa!
Paulo, parabéns pelo texto! Gostaria apenas de saber o volume de líquidos diários do chorume e do resíduo sólido. Em relação ao chorume, uma granja de 200 suínos de ciclo completo, quantos hectares de pastagens, poderia ser irrigado ??
Muito bom o artigo do Sr. Paulo de Tarso, entre vários desafios da suinocultura, o processamento e destino correto dos dejetos e muito importante, além de controlar a parte ambiental que não deixa de ser social, pode ser uma fonte rentável como o biogás e a fertirrigação, de forma que seja sustentável a atividade suinocultura.
E obrigado Sr. Iede por me enviar o link
Parabéns Paulo. Excelente trabalho. Mostra que tem várias maneiras de se trabalhar com o aproveitamento de dejetos em granjas de suínos e que pode ser um aliado muito forte para o suinocultor. Abraços, Lesuk
boa tarde, Parabéns pela excelente informação no trato com os dejetos das granjas de suínos, em que se faz o reaproveitamento dos dejetos agregando valores na granja, ajudando assim aumentar os ganhos, mostrando que na suinocultura todo pode ser aproveitado.
Show! Excelente Paulo.
Abs.
Manoel Aboboreira
Parabéns Paulo de Tarso pelo seu trabalho realmente será muito bem utilizado. Abraço
Prezado Paulo,
Excelente artigo!
Soluções como estas devem ser divulgadas e promovidas com intensidade, pois a suinocultura é uma produção que gera sustentabilidade.
Acrescento que o uso do produto bioenzimático Oxynova para polimento do efluente líquido disponibiliza nutrientes em sua forma mais bioativas aumentando consideravelmente as quantidades de chorume a serem distribuidas por hectare, gerando melhoria hídrica e nutricional aos solos.
Grande abraço.