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A importância da água de bebida para suínos

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A água é, indiscutivelmente, o nutriente mais importante na produção de suínos. O seu fornecimento adequado possibilita a manutenção do equilíbrio hidroeletrolítico e a temperatura corporal. Contudo, na maior parte das vezes, esse nutriente é negligenciado, pois a maioria das ocorrências sobre o desempenho em granjas não são associadas diretamente à qualidade da água.

São vários os fatores que determinam o consumo de água, além das diferenças individuais inerentes aos animais, como: a qualidade, palatabilidade, temperatura, o fluxo de água e tipo de bebedouro, o modelo e tipo da instalação onde estão os animais, a temperatura ambiente e o estado de saúde dos animais (Brumm et al., 2010). A seguir, serão mostrados os fatores que interferem sobre a importância da água de bebida para cada fase de produção.


Maternidade

Para as fêmeas em lactação, a ingestão de água é extremamente importante, pois está diretamente relacionada com a produção de leite e desempenho da leitegada. Caso as exigências mínimas de água não sejam atendidas, pode acarretar redução do apetite, desidratação, estresse, comportamento agressivo, diminuição na produção de leite, além de infecções do trato reprodutivo, como cistites e nefrites (Brumm, 2010; Padilha et al., 2013). Um dos principais sintomas de ingestão inadequada de água é a redução no consumo de alimento. Além disso, outros sinais podem ser observados, como: aumento da temperatura corporal e da frequência respiratória. Se esse quadro não for revertido, pode levar o animal à morte.

Já os leitões lactentes satisfazem suas necessidades de água bebendo o leite, uma vez que este possui 80% de água em sua composição. No entanto, um a dois dias após o nascimento é possível observar interesse dos animais por água. Após a primeira semana de vida, a principal preocupação com a ingestão de água está relacionada com o estímulo ao consumo de ração através do cocho acessório. Durante essa fase, o consumo médio diário de água é de 45mL/leitão. Desse modo, o fornecimento de água limpa e fresca em quantidades suficientes se faz necessário para a manutenção e regulação hidroeletrolítica dos animais.


Creche

O desmame é o período mais crítico e desafiador para o leitão, devido às alterações fisiológicas as quais são submetidos. A ingestão de ração e água na primeira semana pós-desmame é de grande preocupação. Há indícios de que o leitão recém-desmamado possa demorar até dois dias para encontrar o bebedouro e ingerir quantidade suficiente de água.

Assim, se a ingestão de água na primeira semana for comprometida, é possível observar sinais clínicos de desidratação, como olhos fundos e falta de umidade no focinho e, consequentemente, efeitos negativos sobre o desempenho animal. Recomenda-se, então, que o consumo de ração e água sejam trabalhados em conjunto, a partir do alojamento dos leitões na creche. A utilização de bebedouros suplementares, reabastecidos várias vezes ao dia, bem como a administração de eletrolítico (Nyachoti et al., 2005; NRC, 2012) auxilia na ingestão mais rápida de água até que os leitões se adaptem aos bebedouros da creche.

Após o alojamento dos leitões pós-desmame, é importante que os animais encontrem água fresca o quanto antes. É importante salientar também a correta utilização dos bebedouros, verificando o tipo de equipamento, a regulagem adequada à idade do animal e manutenção constante. O consumo médio diário de água pelos leitões de creche aumenta de acordo com a taxa de crescimento. Sendo assim, o consumo em litros/dia/animal nessa fase varia de 1 a 5 litros (Ferreira, 2012).

Recomenda-se trabalhar com, no máximo, 10 animais por bebedouro e a vazão mínima deve ser de 1 litro/minuto, com a altura regulável ao desenvolvimento corporal dos leitões (Foto 1), 3 a 5 centímetros acima do dorso (Morgonni, 2014). A altura do bebedouro tipo chupeta também pode ser calculado (Agroceres PIC, 2017) da seguinte forma:

Tabela 1. Recomendação da altura do bebedouro tipo chupeta para leitões

Peso

Altura

<5,4 kg

10-15 cm

5,4-13,5 kg

15-30 cm

Fonte: Adaptado do Guia de cuidados iniciais com os leitões (Agroceres PIC, 2017).

importância da água
Foto 1. Regulagem correta da altura do bebedouro (A) e regulagem incorreta (B). Nota-se a dificuldade de ingestão de água pelo leitão B.

 

Crescimento, terminação e reprodutores

Os suínos nas fases de crescimento, terminação e reprodução também demandam o fornecimento de água em quantidade e qualidade. Nessas fases, os animais têm exigência de água para crescimento, manutenção dos tecidos, órgãos vitais e reprodutivos. Em média, um animal na fase de crescimento, terminação e reprodução, possui um consumo médio diário de água de 5,0; 8,0 e 20 L/suíno, respectivamente (Padilha et al., 2013). Esse consumo pode variar em função da estação do ano, tipo de dieta, estado de saúde e nível de estresse.

importância da água


Pontos críticos no fornecimento de água para suínos

 De maneira geral, os principais pontos críticos a serem observados nas fases de produção, são:

  • Observar o estado sanitário de cada animal, pois animais que apresentam redução de até 30% no consumo diário de água pode ser um indicativo de alguma enfermidade;
  • Verificar se há bebedouros suficientes em cada baia e que estejam funcionando adequadamente;
  • Observar se os bebedouros estão regulados de acordo com a taxa de fluxo e pressão de água corretamente, evitando o desperdício ou a privação de água;
  • Verificar se a altura dos bebedouros está regulada corretamente, considerando a fase de produção;
  • Monitorar a temperatura ambiente, pois altas temperaturas contribuem para o aumento da exigência de água;
  • Estimular os animais a consumirem água, levantando-os ou acionando o bebedouro, a fim de despertar o interesse deles, pois alguns animais passam mais tempo deitados.

Alguns fatores como disponibilidade e qualidade da água de bebida devem ser monitorados periodicamente na granja. Assim, a prática da análise da água deve estar presente, de modo a verificar, a partir de uma avaliação prévia, a alteração de cor, cheiro e gosto da água; se houve algum tipo de contaminação próximo à fonte superficial ou subterrânea; se houve perda de pressão no sistema, que geralmente é causado por deposição de sais nos encanamentos; além dos problemas relacionados ao desempenho no lote e se a relação consumo de água/consumo de ração foi alterada.

Vimos a importância da água na suinocultura, destacando as necessidades de cada fase do animal, mas, e a qualidade? O que mais é preciso saber?

As respostas para estas perguntas você descobre em nosso próximo artigo relacionado aos suínos.

Nutrição Animal – Agroceres Multimix


Referências bibliográficas

AGROCERES PIC. Guia de cuidados iniciais com os leitões, 2017.

BRUMM, M. Water recommendations and systems for swine. Pp.58-64 in National Swine Nutrition Guide, D. J. Meisinger, ed Ames, IA:U.S. Pork Center of Excellence, 2010.

FERREIRA, R. A. Crescimento e terminação. In: Aprenda fácil. Suinocultura: manual prático da criação. Viçosa, MG, 1ª edição, 2012.

MORGONNI, D. C. Manejo alimentar e sistemas de alimentação na fase de creche. In: Associação Brasileira de Criadores de Suínos. Produção de Suínos: teoria e prática. Brasília, DF, 1ª edição, 2014.

National Research Council – NRC. 2012. Nutrient requirements of swine. NationalAcademies Press, Washington, D.C.

NYACHOTI, C. M.; PATIENCE, J. F.; SEDDON, I. R. Effect of water source (ground versus surface) and treatment on nursery pig performance. Can. J. Anim. Sci. 85: 405–407, 2005.

PADILHA, A. C. M.; NODARI, M.; FERNANDES, P. M. Análise do uso de água tratada na produção de suínos. Agro. Tech., v.34, n.1, p.50-60, 2013.

 

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