Ovos férteis: processos de incubação para maior aproveitamento da ave
O assunto de hoje é manejo de ovos férteis, nesse artigo iremos abordar todos os processos que devem ser realizados para a incubação e assim, garantir o maior aproveitamento da ave, confira a seguir.
A avicultura industrial é qualificada pela obtenção do máximo desempenho e rendimento da ave, sendo fundamental para essa escala de produção o processo de incubação artificial.
A produção de pintinhos de qualidade estende-se muito além dos limites do incubatório, uma vez que os resultados do processo de incubação são grandemente influenciados pelo tipo de matéria-prima, em questão: o ovo incubável. Sendo assim, a granja de matrizes divide com o incubatório a responsabilidade de produção de pintinhos de qualidade, uma vez que a qualidade do pintinho está diretamente relacionada com a qualidade do ovo incubado.
A correta realização dos manejos com os ovos férteis, como: as coletas, higienizações, fumigações, armazenamento na granja e transporte para o incubatório é de fundamental importância sob a qualidade dos pintinhos produzidos.
Devemos ter em mente que o ambiente onde o ovo é produzido influência muito sobre sua qualidade, assim sendo, é preciso que a granja possua condições adequadas de biosseguridade, que evitem possíveis contaminações dos ovos férteis.
Recomendações para coleta de ovos férteis: período e número de vezes ideal para coletar
Recomenda-se que a coleta de ovos férteis seja realizada em bandejas de plástico, pois são laváveis, de fácil desinfecção e possibilitam a melhor circulação de ar no armazenamento, além da praticidade de manuseio durante o processo de coleta.
Recomendações de sete a dez coletas diárias têm sido mais preconizadas, pois quanto maior o número de coletas, melhor será a qualidade do ovo incubável. Os objetivos com essa prática é reduzir o número de ovos trincados e quebrados; reduzir o número de ovos postos na cama, reduzindo assim o tempo de permanência dos ovos em ambiente contaminado. Deve-se realizar a coleta e, conjuntamente, uma pré-classificação desses ovos, descartando os ovos deformados, com casca trincada, casca suja (sangue, excretas de galinha), alteração de casca, tamanho, ovos com gema dupla, entre outros fatores que possam implicar no descarte desses ovos para a incubação.
Como o pico de postura dos ovos é no período da manhã, as coletas devem ser concentradas no período das 6 às 12 horas, no mínimo 4 vezes por período. No período entre 13 a 17 horas, as coletas de ovos férteis devem ser de no mínimo 3 vezes por período.
Como realizar o manejo dos ovos sujos
Ovos sujos são provenientes de cama ou de ninho, quando as fêmeas dormem nos ninhos ou quando o intervalo entre as coletas é muito grande. Ao iniciar o trabalho de coleta, os funcionários devem desinfetar as mãos, principalmente se os ovos de cama forem recolhidos anteriormente e sempre após realizar a coleta de ovos de cama, e, da mesma maneira ao longo do dia, durante a realização da coleta de ovos de ninho.
Cuidados no manejo dos ovos de cama
Os ovos postos sobre a cama são contaminados e exigem cuidados especiais na coleta e higiene, começando com a higienização das mãos dos funcionários sempre após realizarem coleta ou ao manipularem esses ovos. Os ovos de cama devem ser coletados antes, e separados dos ovos de ninho, sendo destinados ao descarte conforme legislação vigente. Quando houver necessidade de incubação desses ovos, devem ser higienizados com solução desinfetante a uma temperatura de 34°C, imediatamente após a coleta, mas nunca devem ser limpos com palha de aço para evitar ranhuras e impedir a penetração de bactérias e fungos para o interior do ovo. A coleta, o armazenamento e a incubação dos ovos de cama devem ser sempre separados dos ovos de ninho, pois têm menor eclodibilidade (12% a 15% menores) e explodem facilmente nas incubadoras devido a maior contaminação desses ovos.
Medidas de manejo tomadas no início de produção das aves resultam em menores índices de ovos de cama, assim como a realização de várias coletas de ovos de cama durante o dia e o estimulo das aves em procurarem o ninho para realizarem a ovoposição, que resultam em maior numero de ovos limpos incubáveis durante a vida produtiva do lote.
Maneiras eficazes para a higienização dos ovos férteis
Apesar de ser produzido por uma ave saudável, o ovo pode se contaminar por excretas, material de ninho, mãos do tratador, água, bandejas, cama, piso, poeira, etc. Muitas bactérias penetram para seu interior, devido ao diferencial de temperatura no momento de resfriamento pós-postura, podendo ocorrer a penetração de bactérias em apenas 30 minutos. Dessa maneira, é importante reduzir essa carga microbiana, pois quanto menor for a contaminação, menor será a possibilidade de o embrião morrer devido à contaminação.
A primeira higienização deve ser realizada, no máximo, 30 minutos após a postura, tentando assim evitar que os microrganismos atravessem a casca e contaminem a clara e a gema.
Métodos para a higienização dos ovos férteis
Vários são os métodos disponíveis para a higienização dos ovos férteis, sendo que
todos são eficazes quando adequadamente aplicados. Os mais utilizados são:
- Higienização seca: fumigação com queima de paraformoldeido, que pode não atender regulamentos locais de segurança do operador;
- Higienização úmida: imersão e lavagem em água corrente, tomando cuidado com a umidade dos ovos;
- Higienização com gás ozônio: atualmente sendo difundida com bons resultados e maior segurança de trabalho.
Ainda assim, ovos bem higienizados podem se recontaminar durante um curto armazenamento em salas de ovos sujas ou durante o transporte em veículos com higienização precária.
Como medida preventiva da contaminação dos ovos férteis, também devemos realizar a reposição de maravalha, de acordo com a necessidade e a utilização de produto desinfetante nos ninhos quando estes forem convencionais. Com a utilização de ninhos mecânicos, é necessário realizar a limpeza das esteiras, tapetes e desinfecção do ninho periodicamente.
Como armazenar os ovos férteis na granja
Após a coleta, devemos preservar a qualidade dos ovos férteis, para tanto, o tempo de permanência dos ovos nos galpões de produção deve ser o menor possível, uma vez que maiores tempos de permanência representam maiores níveis de contaminação desses ovos.
O armazenamento desses ovos na sala da granja deve ser o menor tempo possível, deixando-se espaço livre entre as caixas/carrinhos para melhor circulação de ar, sempre em ambiente sob controle de temperatura e umidade, perfeitamente higienizado.
A embriogênese que se inicia no corpo da galinha continua enquanto a temperatura interna dos ovos for superior a 26°C, alcançando o “zero” fisiológico abaixo dos 21°C. Dessa maneira, os ovos devem resfriar de forma gradual entre 4 a 6 horas após a postura. Como regra, devemos manter a temperatura da sala de ovos na granja em 20°C durante o período de armazenamento.
Indicações para um transporte eficaz dos ovos férteis para o incubatório
O transporte de ovos férteis para o incubatório deve ser feito – sempre que possível – diariamente e nos horários mais frescos do dia. Deve-se utilizar um veículo com furgão de transporte térmico, o qual precisa ser diariamente higienizado. Também devemos nos atentar ao controle de temperatura desse furgão, que deve ser mantida entre 18 e 20°C, evitando-se assim o início do processo de embriogênese nos ovos.
Flutuação de temperatura durante o armazenamento, transporte e armazenagem no incubatório, reduzem a eclodibilidade devido aumento da mortalidade embrionária precoce e, consequentemente, a qualidade dos pintinhos.
Considerações
A manutenção adequada dos ninhos convencionais, principalmente conserto de frestas, retirada de objetos perfurantes/cortantes no interior dos ninhos e consequentemente a manutenção do número ideal de ninhos de acordo com o plantel do galpão, resultam em menor número de ovos contaminados.
Outras considerações necessárias a fim de se manter a qualidade dos ovos férteis após a ovoposição, por exemplo, é a grande quantidade de ovos em um único ninho (ninhos convencionais) ou a superlotação de ovos na esteira (ninhos mecanizados), o que faz com que colidam uns contra os outros aumentando a incidência de micro trincas, com efeitos negativos sobre os resultados de incubação e qualidade de pintinhos.
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