Introdução: A luz como ferramenta estratégica
No cenário da avicultura moderna, onde a busca por máxima produtividade e bem-estar animal é incessante, o manejo da iluminação emerge como um dos pilares mais estratégicos para o sucesso de um plantel de poedeiras comerciais. Isso porque reconhecemos que a luz não é apenas um insumo ambiental, ela é o principal sincronizador do ciclo circadiano das aves, regulando funções hormonais, o desenvolvimento reprodutivo e, consequentemente, a performance produtiva.

Relógio Biológico e Ciclo Circadiano

O ciclo circadiano, também chamado de relógio biológico, é um mecanismo interno que controla diversas funções do organismo das galinhas ao longo de aproximadamente 24 horas, principalmente a atividade e a produção de ovos. Esse sistema é influenciado principalmente pela luz do ambiente.
As galinhas possuem células especiais chamadas fotorreceptores, capazes de perceber a quantidade de luz à qual a ave está exposta durante o dia. Esses fotorreceptores estão presentes não apenas nos olhos, mas também em outras regiões do cérebro. Ao receberem estímulos luminosos, enviam sinais ao cérebro, que então libera hormônios importantes (como GnRH, LH e FSH) para o desenvolvimento dos ovários e a produção de ovos.
Quando os dias ficam mais longos (ou seja, há mais horas de luz), o ciclo circadiano das galinhas interpreta que é primavera, período ideal para a reprodução. Isso ativa o sistema reprodutivo e aumenta a produção de ovos. Por outro lado, quando os dias se tornam mais curtos (como no inverno), o organismo entende que não é uma boa época para reproduzir, reduzindo naturalmente a produção de ovos.
Por essa razão, nas granjas comerciais, os produtores controlam cuidadosamente a quantidade de luz artificial recebida pelas galinhas. Assim, mesmo quando os dias naturais são mais curtos, é possível “enganar” o ciclo circadiano das aves, mantendo uma produção de ovos estável durante todo o ano. Esse manejo da luz é especialmente importante quando as galinhas entram na fase de maior produção, garantindo que atinjam o pico produtivo de forma saudável e eficiente.
Além disso, a melatonina, hormônio produzido durante o período de escuro, desempenha papel fundamental na regulação do sono e no fortalecimento do sistema imunológico. Para as galinhas poedeiras, é essencial garantir um período contínuo de pelo menos 6 horas de escuro por noite, o que é fundamental para evitar estresse, prevenir quedas na imunidade e manter o ciclo reprodutivo saudável.
Em algumas situações, pode ser necessário oferecer um “lanche noturno” para as aves, ou seja, um intervalo de 1 a 2 horas de luz artificial durante a noite para estimular o consumo de ração. Nesses casos, recomenda-se que haja pelo menos 3 horas de escuro antes e 3 horas de escuro depois desse período de luz. Assim, as galinhas conseguem produzir melatonina de forma adequada e manter o equilíbrio entre descanso, saúde e produção de ovos.
Tabela com resumo de importância:
Recomendações das casas genéticas
É seguro dizer que as recomendações das principais casas genéticas do mundo são unânimes, pois todas mencionam que o sucesso do plantel está diretamente ligado ao respeito rigoroso aos protocolos de iluminação. Esses protocolos orientam que a intensidade e o fotoperíodo sejam ajustados conforme a idade e fase produtiva, considerando que o peso corporal e a uniformidade preferencialmente estejam dentro da curva recomendada nos manuais.
Benefícios de seguir os protocolos de iluminação
- Lotes mais uniformes;
- Picos de produção mais altos e maior persistência;
- Menor incidência de mortalidade por prolapso;
- Melhor qualidade de ovos;
- Menor incidência de distúrbios metabólicos e comportamentais;
Sugestão de fotoperíodo apropriado para galinhas de postura comercial

Cria (0 a 6ª semanas): Nas primeiras 48 horas de vida, recomenda-se fornecer de 22 a 24 horas de luz contínua, a fim de estimular a ingestão de alimento e água pelas pintainhas. Após esse período inicial, deve-se reduzir gradualmente o número de horas de luz até atingir um regime de 12 a 14 horas diárias, promovendo o desenvolvimento saudável e a adaptação ao ambiente.
Recria (7ª a 16ª semanas): Durante essa fase, é importante manter um fotoperíodo constante, com 10 a 12 horas de luz por dia, complementadas por 12 a 14 horas de escuro. Esse manejo evita o estímulo precoce do sistema reprodutivo e favorece o desenvolvimento corporal adequado das aves.
Final da recria (a partir da 16ª–17ª semana): A partir desse momento, recomenda-se aumentar progressivamente o número de horas de luz, até atingir 16 horas diárias (incluindo luz natural e artificial). Esse aumento gradual estimula a maturação do sistema reprodutivo e prepara as aves para o início da postura, favorecendo o desempenho produtivo no início do ciclo.
Pontos Críticos de Atenção
- Iniciar o estímulo luminoso apenas após atingir o peso médio ideal (1.100-1.200g para aves brancas / 1.300-1.400g para aves vermelhas).
- Sincronizar o fotoperíodo com a maturidade fisiológica das aves, e não apenas com a idade cronológica (luz cedo demais na recria poderá gerar maturação precoce).
- Intensidade de luz na produção inferior ao mantido na recria poderá interferir no pico de postura.
- Incrementar o fotoperíodo semanalmente (30 minutos/semana).
- Evitar variações bruscas de luz (liga/desliga repentino causa estresse).
- Planejar horários fixos para alimentação e estímulos.
- Utilizar dimmers para rampas suaves de acendimento e apagamento (simular amanhecer/anoitecer) de aproximadamente 15 a 30 minutos.
- Luz natural entrando pelas cortinas ou frestas poderá bagunçar o ciclo das aves.
- Redução repentina de horas ou intensidade de luz poderá causar estresse e queda de produção.
Intensidade Luminosa
O fotoperíodo refere-se à quantidade de horas de luz (natural ou artificial) que as galinhas recebem diariamente. Além da duração, é fundamental considerar a iluminância ou intensidade luminosa que efetivamente atinge os fotorreceptores das aves, localizados na altura do crânio e dos olhos. A iluminância é medida em lux, que corresponde ao fluxo luminoso incidente sobre uma determinada área.

Para que o manejo luz seja eficaz, é indispensável fornecer não apenas o número correto de horas de luz, mas também a intensidade luminosa recomendada para cada fase produtiva.
Intensidade luminosa segundo as casas genéticas
As principais casas genéticas de galinhas de postura comercial, como Grupo EW e Hendrix Genetics, fornecem orientações específicas quanto à intensidade luminosa ideal para cada fase de desenvolvimento das aves. Essas recomendações são baseadas em pesquisas que visam otimizar o desempenho produtivo, o bem-estar e a saúde do plantel.

Cria (0 a 6ª semanas): Recomenda-se iniciar com uma intensidade luminosa de 30 a 50 lux nos primeiros dias de vida, para estimular a ingestão de alimento e água, e facilitar a adaptação das pintainhas ao ambiente.
Após os 14 a 15 dias de idade, a intensidade deve ser reduzida gradualmente para cerca de 10 a 15 lux, evitando o estímulo precoce do sistema reprodutivo e promovendo o desenvolvimento corporal adequado.
Final da cria e recria (após 6ª semanas até 16ª -17ª semanas): A intensidade luminosa pode ser mantida entre 5 e 10 lux, conforme orientação das casas genéticas, contribuindo para a maturação adequada sem antecipar a entrada em produção.
Produção (a partir da 17ª semana): Para estimular a postura e garantir o bem-estar, recomenda-se elevar a intensidade luminosa para uma média de 30 lux, mantendo essa faixa ao longo do período produtivo.
Pontos de Atenção quanto à Intensidade e ao Sistema de Iluminação em Galinhas Poedeiras
A gestão adequada da intensidade luminosa e do sistema de iluminação é fundamental para garantir o desempenho produtivo, o bem-estar e a sanidade das aves. Alguns pontos críticos devem ser observados:
- Intensidade luminosa insuficiente (< 5 lux): Níveis abaixo de 5 lux estão associados a efeitos negativos sobre a produção e a qualidade dos ovos, podendo resultar em queda na postura, ovos de casca fina e alterações comportamentais.
- Intensidade luminosa excessiva (> 40 lux): Valores acima de 40 lux aumentam a incidência de estresse, agressividade e canibalismo, além de favorecer comportamentos indesejados, como bicagem de penas e ovos.
- Uniformidade da iluminação: As luminárias devem ser posicionadas de forma estratégica, garantindo distribuição homogênea da luz em todo o ambiente. Zonas de sombra ou superexposição devem ser evitadas, pois podem criar refúgios, favorecer disputas territoriais e comprometer o acesso igualitário das aves aos recursos.
- Direcionamento da luz: A luz mais intensa deve ser direcionada para áreas onde não se deseja a postura de ovos, conduzindo as aves aos ninhos e reduzindo a incidência de postura fora do local adequado.
- Automação: O uso de controladores automáticos de luz (dimmers e controladores integrados com sensores de luminosidade) assegura a precisão do manejo luminotécnico.
- Aferições: Realizar medições periódicas da intensidade luminosa em diferentes pontos do galpão, utilizando luxímetros calibrados;
- Variações: Ajustar gradualmente a intensidade e o fotoperíodo, evitando mudanças bruscas e cintilação de luz (flicker), causada por LEDs de baixa qualidade ou flutuação na rede elétrica.
- Ambiência: Integrar o manejo da iluminação com outros fatores ambientais, como ventilação, temperatura e densidade de aves, para otimizar o ambiente produtivo.
A atenção a esses pontos são formas de garantir que as aves receberão estímulos luminosos adequados em cada fase, visando obter o máximo de desempenho zootécnico, redução de problemas de comportamento e prover o bem-estar das aves.
Vale ressaltar que a “uniformidade da distribuição da luz e a realização de ajustes graduais” são essenciais para evitar estresse e distúrbios comportamentais.
Como as aves percebem a luz
Diferentemente dos humanos, as galinhas possuem uma percepção visual muito mais ampla e sensível, especialmente em relação às cores. Essa diferença se deve à estrutura da retina, onde estão localizadas as células fotorreceptoras chamadas cones, responsáveis pela detecção das cores.
Os seres humanos (tricromatas) conseguem distinguir cerca de 1 milhão de tons de cores, pois sua retina possui três tipos de cones sensíveis às faixas do vermelho, verde e azul. Enquanto as galinhas (tetracromatas), por sua vez, possuem quatro tipos de cones, incluindo um sensível à luz ultravioleta. Isso lhes permite perceber milhões a bilhões de variações de cores, além de padrões e contrastes que são invisíveis ao olho humano.
Além disso, as galinhas enxergam em uma faixa de espectro luminoso que se estende do ultravioleta (em torno de 300 nanômetros) ao vermelho (aproximadamente 700 nanômetros). Essa capacidade proporciona uma percepção da luz muito mais sensível e detalhada, influenciando diretamente seu comportamento, bem-estar e resposta ao manejo luminotécnico.

Portanto, ao planejar a iluminação de aviários, é fundamental considerar não apenas a intensidade e o fotoperíodo, mas também a qualidade espectral da luz, de modo a atender às necessidades visuais específicas das galinhas de postura.
Qual seria a cor de lâmpada adequada para galinhas de postura comercial?
Como discutido, as galinhas possuem fotorreceptores extrarretinianos e uma percepção visual mais ampla que a dos humanos, enxergando inclusive o espectro ultravioleta. Isso significa que diferentes comprimentos de onda (cores de luz) podem influenciar de maneira distinta o comportamento, o desempenho produtivo e o bem-estar das aves.

A escolha da cor da lâmpada é um tema polêmico e ainda carece de consenso, principalmente devido à escassez de estudos em larga escala com galpões comerciais sob condições idênticas de ambiência, linhagem, densidade e manejo. No entanto, pesquisas controladas em ambiente experimental já oferecem algumas indicações importantes.
Estudos clássicos e recentes convergem no sentido de que o uso de luz com espectro vermelho ou branco quente (2.700 a 3.000 K) é mais eficaz na estimulação do eixo hipotálamo-hipófise-gônadas, promovendo a liberação de gonadotrofinas e antecipando a maturidade sexual. Essa resposta ocorre devido à maior penetração dos comprimentos de onda longos através do crânio e tecidos cerebrais, atingindo com mais eficiência os fotorreceptores extrarretinianos localizados no hipotálamo.
Segundo Lewis e Morris (2006), aves expostas à luz vermelha ou branco quente iniciam a postura mais precocemente e mantêm níveis produtivos mais estáveis ao longo do ciclo. Baxter et al. (2014) também demonstraram que espectros quentes aumentam a resposta fotoperiódica, além de promoverem maior regularidade na produção de ovos.
Por outro lado, espectros frios, como o branco neutro ou azulado (5.000 a 6.500 K), têm sido associados a respostas inibitórias sobre a função reprodutiva, podendo atrasar a maturidade sexual e reduzir a taxa de postura. No entanto, esse tipo de luz pode ser estrategicamente aplicado na fase de recria, visando modular o comportamento das aves, reduzir a atividade locomotora e evitar estimulação reprodutiva precoce.
Considerações:
Apesar das indicações experimentais, recomenda-se cautela na adoção de lâmpadas coloridas em escala comercial, devido à falta de padronização dos estudos e à influência de outros fatores ambientais. A luz branca de espectro completo (quente ou fria) ainda é a mais utilizada e recomendada pelas casas genéticas, pois oferece um espectro mais próximo ao da luz natural, atendendo de forma equilibrada às necessidades visuais das aves.

No entanto, a utilização de lâmpadas LED com possibilidade de ajuste de cor pode ser uma alternativa interessante para estudos de campo e ajustes finos no manejo, sempre considerando as características do plantel e os objetivos produtivos.
Visão da Genética sobre a Cor da Luz para Galinhas de Postura
Faixas de luz e efeitos reconhecidos:
- Luz fria ou neutra (4000 a 6000 K): Predominância do espectro azul-verde.
Efeito: Estimula a ingestão de água e ração, promove uniformidade do lote e favorece o crescimento das frangas. Também contribui para acalmar as aves e reduzir comportamentos agressivos.
- Luz quente (2700 a 3000 K): Predominância do espectro vermelho-laranja.
Efeitos: Estimula o eixo reprodutivo, favorece o início e a manutenção da postura, além de reduzir comportamentos indesejados, como a bicagem.
Aplicação prática recomendada:
Cria (0 a 6 semanas): Utilizar luz suave e neutra (4.000 a 5.000 K), proporcionando um ambiente visual confortável e estimulando o desenvolvimento inicial das aves.
Recria (6 a 16–17 semanas): Manter luz neutra, constante e estável (4.000 a 5.000 K), favorecendo o crescimento uniforme e evitando estímulos precoces ao sistema reprodutivo.
Produção (a partir de 17 semanas): Migrar para luz quente (2.700 a 3.000 K), com maior proporção de vermelho no espectro, para estimular a fisiologia reprodutiva, maximizar a taxa de postura e melhorar o comportamento social das aves.
Opções de lâmpadas para as galinhas de postura comercial
Atualmente, os modelos mais modernos, especialmente os importados incorporam tecnologias avançadas, como espectro ajustável (branco quente, vermelho e azul), o que permite aplicar a luz ideal para cada fase da vida das galinhas (recria, crescimento e produção).
Imagem Ilustrativa: LED ONCE Dim-To-Red

Essas lâmpadas possibilitam transições suaves, nas quais os sistemas de controle (drivers) simulam o nascer e o pôr do sol por meio de rampas de acendimento e apagamento, contribuindo para manter as aves calmas e com comportamento mais natural.

Nesse contexto, o tipo de lâmpada mais indicado para cada fase da criação de galinhas de postura é aquele que apresenta espectro luminoso adequado à fisiologia das aves, capacidade de controle e ajuste da intensidade luminosa, grau de proteção contra poeira, gases e umidade (IP65 ou superior) e alta durabilidade, com vida útil mínima de 25 mil horas.
Exemplo Comparativo Técnico de Lâmpadas Importadas:
No entanto, o custo estimado por unidade de uma das lâmpadas importadas consideradas mais adequadas, como é o caso da Greentech® Agrivolta Poultry Line (com espectro ajustável em vermelho, verde e azul), é de aproximadamente US$ 50 a 70, dependendo do canal de importação e do modelo específico.
Alternativa de Baixo Custo
Para produtores que buscam soluções mais acessíveis, uma alternativa prática e econômica é a utilização de lâmpadas LED dimerizáveis convencionais, amplamente disponíveis no mercado. Embora não ofereçam o mesmo nível de controle espectral que as lâmpadas especiais para avicultura, essas lâmpadas permitem ajustes de intensidade luminosa (dimerização) e seleção de temperatura de cor, o que já proporciona benefícios significativos em relação ao manejo tradicional.
Exemplo Comparativo Técnico de Lâmpadas Nacionais:
De forma técnica, a estratégia consiste em adaptar a cor (temperatura de cor) e a intensidade da luz conforme a fase de criação, focando nos períodos de maior impacto sobre o desenvolvimento das aves e a produção de ovos. Essa abordagem, além de ser viável economicamente, facilita a implementação em sistemas já existentes, sem necessidade de grandes investimentos em automação.
Vantagens dessa alternativa:
- Baixo custo inicial e fácil aquisição;
- Compatibilidade com sistemas elétricos convencionais;
- Possibilidade de ajuste de intensidade (dimerização) para simular rampas de acendimento e apagamento;
- Flexibilidade para adaptação em diferentes fases do ciclo produtivo.
Limitações:
- Não permite ajuste fino do espectro luminoso (predominância de determinadas cores);
- Menor precisão no controle de transições de cor ao longo do dia;
- Resultados podem variar conforme a qualidade das lâmpadas e do sistema de dimerização utilizado.
Apesar das limitações, o uso de lâmpadas LED dimerizáveis convencionais, com ajuste de temperatura de cor e intensidade, representa a solução mais eficiente e de baixo custo no manejo luminotécnico em granjas de postura.
Fatores Consideráveis de Interferência no Fotoperíodo e na Intensidade Luminosa
Na literatura técnica atualmente disponível, não há um direcionamento específico quanto à cor ideal das cortinas laterais para galinhas poedeiras nas fases de cria, recria e produção. Os manuais técnicos das linhagens comerciais concentram-se, prioritariamente, no controle do espectro e da intensidade da luz interna, sem abordar diretamente os efeitos da coloração das cortinas ou do forro dos galpões sobre a ambiência luminosa.
De maneira geral, as casas genéticas recomendam o uso de cortinas de cores claras, como branco, amarelo ou bege. Essas tonalidades favorecem a entrada de luz natural e proporcionam uma distribuição difusa e homogênea da luminosidade, o que contribui para uma ambiência mais estável e confortável para as aves.

Em regiões de clima quente, recomenda-se a utilização de cortinas com tonalidades frias, como azul ou verde-clara, que auxiliam na redução da carga térmica interna dos galpões. Essa estratégia contribui para minimizar o estresse térmico sem comprometer significativamente a luminosidade interna, desde que o projeto de ventilação e a intensidade luminosa artificial sejam adequadamente ajustados.
Entretanto, a escolha das cores e do tipo de material das cortinas deve ser pautada por uma análise integrada de múltiplos fatores, como o clima local, a eficiência do sistema de ventilação, o regime térmico adotado, a densidade de aves e, especialmente, o tipo de iluminação artificial instalado.
Vale reforçar, que é fundamental assegurar que a distribuição da luz interna, tanto em intensidade quanto em espectro, não seja prejudicada por interferências externas provocadas pelas cortinas, pelo forro ou por materiais que possam causar sombreamento irregular.
Pontos a serem considerados na escolha:
Translucidez das cortinas: Cortinas muito translúcidas permitem a entrada de luz natural não controlada, o que pode desregular o fotoperíodo programado e comprometer a uniformidade da intensidade luminosa dentro do galpão. Isso pode afetar negativamente o comportamento, o desenvolvimento e o desempenho produtivo das aves.
Cor e material das cortinas: Cortinas de cores escuras (preta, azul laminado) e materiais opacos são mais eficientes na redução da irradiação térmica e no bloqueio da luz externa, contribuindo para o controle do microclima interno e para a manutenção do fotoperíodo artificialmente estabelecido.
Isolamento térmico e dispersão da luz: O uso de cortinas internas translúcidas (PVC branco) auxilia tanto no isolamento térmico quanto na dispersão homogênea da luz artificial, otimizando a eficiência do sistema de iluminação interna.
Propostas de instalação de cortinas mais indicada (cria, recria e produção):
Dark House:
- Cortina externa preta prata (gramatura 190 ou 230 g/m²): Reduz irradiação térmica e bloqueia totalmente a entrada de luz natural.
- Cortina interna branca (gramatura 137 g/m²): Auxilia no isolamento térmico e na dispersão da luz artificial.
Blue House:
- Cortina externa azul (gramatura 170 g/m²): Reduz irradiação térmica e bloqueia parcialmente a entrada de luz natural.
- Cortina interna branca (gramatura 137 g/m²): Mantém o isolamento térmico e melhora a distribuição da luz.
Considerações:
O uso de cortinas duplas, combinando materiais opacos e translúcidos, é a estratégia mais eficaz para garantir eficiência térmica, controle do ingresso de calor e luz, e manutenção do ambiente controlado, especialmente em sistemas de produção intensiva.
Por essa razão, a correta escolha e manejo das cortinas e forros é fundamental para evitar interferências indesejadas no fotoperíodo e na intensidade luminosa, assegurando o desempenho zootécnico e o bem-estar das aves. Recomenda-se, sempre que possível, a realização de avaliações locais para ajuste fino dos materiais e configurações, considerando as particularidades de cada sistema produtivo.
Tabela com exemplo prático aplicável com lâmpadas dimerizáveis convencionais:

Considerações Finais
A iluminação, quando bem manejada, representa a chave para desbloquear o verdadeiro potencial genético das poedeiras comerciais. A luz é um recurso físico poderoso, atuando como regulador fisiológico capaz de modular comportamento, metabolismo e desempenho produtivo das aves.
Adotar programas de luz fundamentados em recomendações técnicas atualizadas transforma o ambiente produtivo em um sistema de alta eficiência, garantindo não apenas performance zootécnica superior, mas também sustentabilidade, longevidade produtiva e respeito ao bem-estar animal.
É fundamental compreender que a luz artificial, devidamente planejada e ajustada ao estágio fisiológico das aves, deve ser tratada como uma ferramenta estratégica de manejo, com impacto direto sobre a curva de postura, qualidade dos ovos, persistência produtiva e comportamento do lote.
Considerando que o modelo mais utilizado na produção intensiva é o de gaiolas em baterias verticais, os projetos de iluminação dos galpões devem contemplar a necessidade de evitar variações de intensidade luminosa superiores a 20% entre a gaiola mais alta e a mais baixa.
Nesse contexto, o projeto de iluminação deve ser tão eficiente quanto o de layout do galpão, assegurando uniformidade e bem-estar nas diferentes alturas do sistema de criação.
Nenhuma estratégia luminotécnica alcançará seus objetivos se não estiver integrada às demais práticas de manejo, como o programa de troca de fases da ração. Para isso, é imprescindível que as decisões técnicas sejam baseadas em indicadores de campo, como peso corporal, uniformidade, conformação física das aves, percentual de postura e peso médio dos ovos.
REFERÊNCIAS CIENTÍFICAS E TÉCNICAS
Estudos científicos relevantes:
Mobarkey, N., et al. (2013) – “Avian photoreception and its role in reproduction”. Poultry Science, 92(12), 3011–3023.
Lewis, P.D. & Morris, T.R. (2006) – “Poultry Lighting: The theory and practice”.
Zawilska, J. B., et al. (2007) – “Diurnal and circadian rhythms in chickens”. Chronobiology International, 24(4), 517–529.
Etches, R.J. (1994) – “Reproduction in Poultry”.
Morris, T.R. (1973) – “Lighting in the poultry house”. World’s Poultry Science Journal.
Manuais de linhagens:
Hy-Line International – Manual Hy-Line Brown (2020)
Lohmann Tierzucht – Manual Lohmann LSL/Classic (2022)
Hisex – Manual Técnico de Manejo (2021)