Vivemos num cenário global cuja economia foi fortemente impactada pela pandemia da COVID-19, seguida pelo conflito bélico envolvendo Rússia e Ucrânia. Por conta desses dois fatores, inclusive, no início do mês de abril, a Organização Mundial do Comércio reduziu a previsão de crescimento do comércio de mercadorias em 2022, de 4,7% para 3%.
A Rússia e a Ucrânia, juntas, respondiam por metade das exportações mundiais de trigo (30% e 20%, respectivamente). A Rússia era o maior exportador de produtos nitrogenados, usados em fertilizantes, e a Ucrânia, o terceiro exportador mundial de milho, mais utilizado para rações.
As sanções à Rússia e a destruição da Ucrânia provocaram uma disrupção na produção mundial, gerando uma inflação que ultrapassou fronteiras. Considerando que os alimentos consumidos pelas pessoas vêm, em grande parte, do pequeno produtor, que é impactado pela alta nos preços dos fertilizantes e insumos, nos vemos ainda diante de uma questão importante relacionada à segurança alimentar, principalmente nos países de baixa renda.
Desigualdade social, conflitos políticos, inflação, efeitos da pandemia, variabilidade de preços de matérias primas, entre outras coisas constituem um ambiente hostil para investimentos, ampliações e melhorias em muitos setores. Mas vamos nos ater ao setor de alimentação animal.
Alimentação Animal
A indústria de alimentação animal é o elo entre insumos e animais. Entre os desafios deste setor inclui-se a produção de alimentos e soluções que potencializem resultados zootécnicos, com otimização do uso de recursos naturais e redução de impactos ambientais.
Em 2021 a produção brasileira de rações e sal animal registrou um crescimento positivo de 4,5%, alcançando uma produção total de 85 milhões de toneladas de rações. Para 2022 a previsão é de avançar 3% e produzir aproximadamente 88 milhões de toneladas.
Em 2021, as cadeias pecuárias de corte e leiteira enfrentaram desafios como péssimas condições de pastagens, custo proibitivo dos grãos, da suplementação mineral e dos concentrados, além de outros insumos indexados ao dólar. O confinador:
- vislumbrou a arroba favorecida pelo efeito da paridade do preço pago pela carne bovina exportada,
- conseguiu compensar em boa medida o impacto da inflação do câmbio desvalorizado e, assim,
- investiu na suplementação mineral e na alimentação industrializada (SINDIRAÇÕES, 2021).
Boas Práticas de Fabricação
Frente ao desafio de produzir alimentos para animais com o melhor custo-benefício, conjuntamente à aplicação das melhores estratégias de manejo e criação, a fim de promover um alimento seguro, acessível e de qualidade, é necessário informar, de forma mensurável e prática, os benefícios da implantação da BPF (Boas Práticas de Fabricação), elucidando aos gestores dos estabelecimentos que o controle de qualidade é um investimento e não um custo.
Indicadores industriais ou fabris são as ferramentas utilizadas para determinar dados que podem ser coletados dentro do estabelecimento. Estes dados permitem analisar o desempenho das atividades e produção, sendo também utilizados para validar processos, prospectar mudanças e estabelecer padrões.
Uma produção com avaliação de desempenho produtivo e qualitativo tende a ser mais assertiva frente aos desafios de:
- custos de produção,
- variação de preços de matérias primas,
- implantação de novas práticas,
- recorrências de não conformidades e avaliação de fornecedores, entre outros pontos.
O planejamento sobre qual métrica avaliar dentro do estabelecimento está em total sintonia com a decisão sobre qual melhoria é prioridade. Por exemplo, melhorias em equipamentos e instalações exigem métricas de desempenho de máquinas, período de produção e também qualidade do produto. Resultados de aumento de produção, com baixa na qualidade, não cabem dentro deste cenário.
Quando o assunto é qualidade, métricas relacionadas às boas práticas de fabricação tendem a ser uma alavanca para o processo de tomada de decisão sobre os processos.
As métricas relacionadas às boas práticas de fabricação agem como se fossem gestores de setores fabris e envolvem:
- matérias primas,
- limpeza do ambiente,
- saúde do pessoal,
- sequenciamento de produção,
- contaminação cruzada e
- rastreabilidade, dentre outros fatores.
Robert Kaplan e David Norton, professores da Harvard Business School (HBS), são autores da célebre frase: “o que não pode ser medido, não pode ser gerenciado”. Afinal, dados baseados em fatos, gerando números, funcionam como um bússola direcionando a tomada de decisão para melhorias.
Os indicadores representam um modelo de medida de desempenho. Eles são um valor quantitativo que possibilita medir o que está sendo executado e isso é utilizado para gerenciamento e alcance de metas.
Um bom indicador deve refletir um objetivo, já que será utilizado pela gestão para tomada de decisão. Este indicador deve ter alta aderência, pois reflete importância. Ao contrário disso, não passará de uma estatística ou métrica.
A gestão da fábrica/indústria exige:
- Indicadores estratégicos: serão acompanhados diretamente pela diretoria. Seu principal propósito é demonstrar, de forma rápida, o desempenho geral, como por exemplo, a produção mensal.
- Indicadores táticos: são acompanhados pelas gerências. Eles se localizam entre os resultados dos indicadores estratégicos e operacionais, como por exemplo, a produção por linha de produto.
- Indicadores operacionais: são acompanhados por especialistas, ou supervisores de cada área e fornecem mais detalhes para o entendimento dos resultados dos outros indicadores. Por exemplo, o número de funcionários por linha de produção, ou linha de produto.
Para fábricas e indústrias é essencial que seja feito o monitoramento da produção, com o objetivo de apurar sua eficiência, assim como os indicadores de qualidade devem estar atrelados a estes conceitos. Alguns exemplos incluem:
- quantidade de produto gerado,
- tempo de inatividade,
- horas trabalhadas.
Além de indicadores de qualidade como números de não conformidades, reprocessos, recorrências de limpeza e de atendimentos ao cliente.
Cada estabelecimento possui características únicas para que se possa desenvolver os indicadores relevantes para a produção, atrelados à qualidade. Indicadores mal definidos podem gerar decisões equivocadas e, por isso, cada indicador estabelecido deve estar atrelado a uma meta a ser alcançada. Sendo assim, devem ser específicos, mensuráveis e realistas.
Excelente explicação
Vai ajudar bastante aqui no dia dia hehehhehehe
Abraço e Parabéns !!!
Que bom que gostou, Paulo! Obrigado por prestigir o agBlog. Assine nossa newsletter para receber as atualizações de conteúdos em seu e-mail. Um abraço!
Muito oportuna e importante essas publicações de vcs.
Quero sempre receber essas atualizações.
Parabéns, e muito obrigado pelo envio.
att// André Andreolli Spano – Med. Vet, CRMV – SP 4001 – mestre em Zootecnia – produção animal
Olá André! Que bom que gostou. Cadastramos seu e-mail para que receba as newsletters com as atualizações do blog. Um abraço!