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Como melhorar a rentabilidade na produção de frangos de corte

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O Brasil é o maior exportador de carne de frango, ocupando esta importante posição há mais de 20 anos consecutivos, o que faz com que a avicultura brasileira seja referência para o mundo todo.

Ser líder, por tantos anos, demonstra a alta eficiência, capacidade e qualidade na produção destas aves. O setor é altamente qualificado tecnicamente, a tecnologia empregada é de última geração, o melhoramento genético tem trazido linhagens com potenciais de desempenho excelentes e a nutrição tem avançado muito para que esta ave demonstre todo este potencial, sem contar a área da saúde, que oferece a proteção necessária por meio de vacinas e sistemas de biosseguridade.

Mesmo com todo este conjunto de medidas para alcançar este sucesso na produção, é possível encontrar oportunidades de melhorias quanto à rentabilidade na produção.

Quando pensamos em rentabilidade, temos dois caminhos a seguir: ou melhorar o preço de venda do produto ou melhorar o custo deste produto.

Embora existam ações para melhorar o preço de venda, nosso foco será nos pontos de redução de custo de produção. Por mais organizada e estruturada que seja a agroindústria, diariamente encontramos oportunidades de melhorias nas diversas etapas deste segmento, principalmente relacionadas ao desempenho zootécnico destas aves. Rentabilidade na produção de frangos, está ligada à relação: quantidade de carne produzida versus menor custo possível e há diversos fatores que interferem nisso.

 

Nutrição

Dentre os diversos fatores que contribuem para o custo de produção, a nutrição é o que, de longe, mais impacta. Neste quesito, chamo a atenção para o básico, que tem passado desapercebido, que é a qualidade e o conhecimento das matérias-primas utilizadas nas produções das rações.

As matérias-primas são responsáveis por mais de 90% do custo de uma fábrica de rações (um custo que já está lá) e há um potencial muito grande a ser explorado no conhecimento profundo de suas matrizes nutricionais. Com isso, os ingredientes poderiam ser mais bem explorados, trazendo uma otimização no seu uso e consequente economia, sem contar na sustentabilidade ambiental, evitando os desperdícios no uso destes ingredientes.

A qualidade destas matérias-primas deve ser um pré-requisito para o setor de suprimentos no momento das negociações com os fornecedores. Sabemos que qualidade de matéria-prima ruim causa injúrias no intestino das aves e, com isso, perda de desempenho.

O trabalho em conjunto entre nutricionista, setor de qualidade e suprimentos torna-se essencial para a busca deste conceito de melhor aproveitamento dessas matérias-primas. Utilizar níveis nutricionais alinhados ao objetivo da empresa é fundamental para alcançar as metas de desempenho e lucratividade. O uso de aditivos tem contribuído muito como ferramenta para auxiliar nestes ganhos, e a correta utilização e validação dos mesmos no sistema de produção é algo a se considerar para evitar o gasto desnecessário e escolher a ferramenta ideal para a realidade encontrada.

Um bom processamento das rações, levando em consideração a adequada granulometria para atender as diferentes fases de vida da ave, é uma ação simples e que impacta muito no desempenho zootécnico.

Quando direcionamos o nosso foco para o desempenho zootécnico, temos muitos pontos a serem observados a campo.

 

Manejo dos comedouros nas granjas

Quantidade de linhas, abertura e altura dos comedouros, são itens fundamentais a serem observados. A quantidade de linhas adequada para que seja ofertado o alimento é o que dará o suporte para estas aves atingirem o seu potencial genético. A correta abertura dos comedouros, evitando o desperdício da ração, impacta na redução do custo de produção, e a altura correta faz com que as aves tenham acesso a este alimento de forma que comam em pé, reduzindo os problemas de peito e de pernas quando comem prostrados.

 

Oferta de água

Ainda muito negligenciada, a água é o fator que faz com que as aves se alimentem adequadamente, ou seja, se a ave não bebe, ela não come. A ave consome pelo menos o dobro de água em relação ao consumo de ração e, em situações de estresse térmico, essa proporção passa a ser ainda maior.

Desta forma, oferecer água limpa e fresca é fundamental para a melhoria dos resultados zootécnicos, e diversos manejos podem ser empregados para que isto aconteça. A correta vazão dos bebedouros tipo nipple, regulando a pressão conforme a idade das aves, é de extrema importância para o consumo adequado. Granjas que possuem qualidade de água ruim, produzem piores resultados e consequentemente menos carne/m2.

 

Ambiência

É um dos maiores problemas enfrentados pela indústria avícola em países de clima tropical como o Brasil. São significativas as perdas zootécnicas e econômicas, decorrentes da severidade climática, perdas essas ocasionadas pelo estresse calórico, relacionadas – principalmente – a altas temperaturas, associadas à alta umidade relativa do ar. Quando falamos sobre os investimentos em ambiência, automaticamente, muitos produtores relacionam o assunto com a necessidade de gastos exorbitantes na propriedade, no entanto, predispor as aves a falta de ambiência é o fator que pode, de fato, resultar ainda mais em prejuízo na granja. Portanto, focar neste assunto não é sinônimo de gastos e sim, é uma ótima oportunidade para reduzir os custos e aumentar o lucro. Um levantamento, realizado com os dados de uma integração durante os anos de 2022, 2023 e primeiro semestre de 2024, evidenciam os benefícios do investimento em ambiência, conforme gráficos abaixo.

É possível notar, com clareza, a redução na mortalidade, a melhora no ganho de peso, no índice de eficiência produtiva e na redução da conversão alimentar, quando comparamos os aviários convencionais com os aviários climatizados. Estas variáveis analisadas impactam diretamente na rentabilidade do negócio.

Mesmo com os dados de que a ambiência traz resultados e é uma das áreas da avicultura que mais se destaca em relação a tecnologia, ainda encontramos algumas resistências a campo ligadas aos pontos: construção de galpões novos mal dimensionados; falta de informação sobre o retorno financeiro; dificuldades para fazer as adaptações/instalações de equipamentos de ambiência em estruturas antigas e dúvidas ou preocupações sobre a competência operacional do colaborador, com a utilização de novas tecnologias.

Devido a estes pontos que impedem o aumento da lucratividade no setor, faz-se necessário a busca por profissionais especializados nesta área para o sucesso do retorno ao investimento. O correto investimento está ligado ao bem-estar das aves que, consequentemente, trará melhoras nos índices zootécnicos e maior lucratividade.

 

Densidade de alojamento

Encontrar a densidade de alojamento ideal é fundamental para otimizar a rentabilidade das granjas de frangos de corte de acordo com cada realidade. A densidade afeta o desempenho das aves, onde densidades mais baixas podem proporcionar maior conforto térmico, e com isso melhores resultados, porém densidades mais altas podem maximizar a produção por área.

No entanto, maiores densidades podem levar ao estresse térmico, afetando sua saúde e desempenho. Neste ponto, é preciso mencionar a importância do investimento em ambiência novamente, visto que, densidades mais altas podem ser mais lucrativas considerando o bem-estar das aves, oferecendo um ambiente climatizado as aves.

 

Práticas de Biosseguridade

Não há nada mais rentável que ter um plantel livre de doenças e com o sistema imunológico protegido. Para isso, as práticas de biosseguridade que envolvem treinamento de pessoas, controle de trânsito (veículos, pessoas e materiais na granja), intervalo sanitário, correto manejo da cama, vacinações e desinfecções são essenciais.

 

Gestão de Pessoas

Por último e não menos importante, os profissionais trabalhadores desempenham um papel significativo na rentabilidade da atividade. A avicultura tem dado oportunidades de emprego para muitas pessoas, mas ainda assim, na dificuldade de encontrar pessoas qualificadas e/ ou comprometidas, o investimento na mão de obra tem sido relativamente alto. Desta forma, a gestão eficiente que busca a capacitação, treinamento constante e um ambiente saudável para os trabalhadores, tem melhorado a eficiência operacional e redução de erros, aumentando assim a lucratividade. Trabalhadores motivados e dedicados, estão atentos aos detalhes que afetam o bem-estar, desempenho e saúde das aves, portanto, o gerenciamento destas pessoas faz toda a diferença para o sucesso e saúde da empresa.

 

Em resumo, a busca é pela otimização no ganho de peso para atender o peso desejado de acordo com a realidade de cada empresa, reduzindo a idade de abate, pois sabemos que conforme a idade da ave avança, pior é a conversão alimentar, o que impacta diretamente na lucratividade. É por meio da nutrição, qualidade da ração e da água, técnicas de manejo, ambiência, bem-estar, sanidade, pessoas, ou seja, a junção de todos os fatores aqui já citados, que resultarão na melhoria da rentabilidade da produção. Muito embora todos os envolvidos saibam disso, vale ressaltar a complexidade e a importância de fazer isso acontecer na prática.

 

 

 

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