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Manejo dos dejetos na suinocultura – Parte 2

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capa de biodigestores do artigo sobre manejo dos dejetos na suinocultura

Há algum tempo, discutimos aqui no agBlog sobre a importância de destinar corretamente os dejetos provenientes da atividade suinícola. Elencamos alguns manejos indispensáveis e trouxemos exemplos de algumas soluções encontradas por suinocultores de Minas Gerais. Agora, faremos um panorama sobre a evolução no aproveitamento de dejetos pelas mesmas granjas.

Histórico sobre o manejo dos dejetos na suinocultura

Em 2017, uma das granjas apresentadas no artigo, localizada no município de Itaguara-MG, possuía 250 matrizes e, atualmente, detém 270. Mesmo com todo investimento sobre a estrutura construída para o aproveitamento dos dejetos, o chorume que é obtido do separador de sólidos, mesmo tratado com produtos químicos (desodorizantes adicionados para amenizar o cheio dos dejetos), quando lançado por aspersores na irrigação dos pastos, gerava odor e com o vento rescindia na cidade, gerando uma preocupação aos órgãos públicos devido ao mau cheiro.

Para acabar com o problema, o proprietário da granja decidiu construir um biodigestor, produzindo o biofertilizante com mínimo de odor e duas lagoas de decantação pós-biodigestor para retirar o máximo de resíduos sólidos. No biodigestor, a partir da ação das bactérias naturais que compõem os dejetos, o gás metano liberado fica sequestrado e é queimado ou utilizado para produção de energia, não sendo mais liberado para a atmosfera. Sendo assim, o chorume pós-biodigestor – que vai para as lagoas – tem uma importante redução do odor.

Estrutura implementada

Abaixo podemos observar algumas imagens do biodigestor (figura 1) e das lagoas de decantação (figura 2):

Figura 1 – Biodigestor
Figura 1 – Biodigestor
Figura 2 – Lagoas de decantação
Figura 2 – Lagoas de decantação

Montagem do Grupo Gerador

Com o início da produção de gás pelo biodigestor, o produtor decidiu instalar um grupo gerador, em 2019, com o aproveitamento do gás para geração de energia elétrica (figura 3).

Figura 3 – Gerador
Figura 3 – Gerador

O grupo gerador possui capacidade de produzir 120 kw/hora. Hoje, o sistema opera com metade da capacidade, trabalhando 48 horas direto, produzindo 10.000 kw no mês, sendo aproximadamente 60 horas por semana, o que resulta em 3800 kwh por semana. O consumo de energia da granja é de 4500 kw/mês e, considerando o custo do kilowatt a R$0,67 (custo da companhia energética do estado de Minas Gerais), a economia mensal é de aproximadamente R$ 3015,00 /mês.

O grupo gerador tem o sistema de “chave reversível”, que permite que o excedente produzido de 5500 kw/mês seja aproveitado na rede elétrica da companhia energética, gerando um crédito de energia que o produtor tem que usar no prazo de cinco anos.

Atualmente, o produtor está procurando se associar a uma cooperativa de energia para poder vender esse crédito mensal de energia. Uma possível alternativa cogitada pelo produtor seria uma concessão pela companhia energética para uso da linha de transmissão, e que a mesma liberasse a negociação de venda de energia produzida na propriedade.

Consciência ecológica

Além dos benefícios monetários na produção da energia elétrica, outro ponto importante é que a utilização do sistema biodigestor permite que seja reutilizado na forma de biofertilizante. Assim, essas intervenções contribuiriam que os impactos sobre o meio ambiente fossem reduzidos. O mesmo foi descrito com suas próprias palavras: “É incrível como podemos transformar o esterco de suínos, resíduo extremamente poluidor, em um ótimo efluente biofertilizante com mínimo cheiro. Além disso, qualquer outro tratamento de efluentes propicia que os gases produzidos pela decomposição, principalmente o metano, sejam lançados, contribuindo para a poluição da atmosfera. Com o biodigestor, os gases são armazenados para utilização como combustível ou são simplesmente queimados”, afirma o suinocultor.

O produtor ainda fez questão de mostrar o efluente bruto que sai do separador de sólidos (figura 4) e vai para o biodigestor, além do efluente biofertilizante (figura 5) que sai do biodigestor e segue para as lagoas de decantação, sendo lançado para irrigação dos pastos da propriedade.

Figura 4 – Separador de sólidos
Figura 4 – Separador de sólidos

 

Figura 5 – Efluente biofertilizante
Figura 5 – Efluente biofertilizante

Conclusão

Embora o tratamento de efluentes tenha alto custo, os investimentos adequados e bem dimensionados podem transformar o tratamento de dejetos em um ativo para a propriedade, por dois grandes motivos: pelo retorno financeiro obtido com a geração de energia e com a redução dos impactos ambientais da atividade.

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