O Brasil é o maior exportador e segundo maior produtor de carne de frango no mundo, segundo a ABPA (2024). Muitos fatores contribuíram para alcançar essa posição, incluindo o avanço de tecnologias e adoção de estratégias que mantêm o país competitivo até os dias de hoje. Esse sucesso é fruto principalmente do investimento em conhecimento, tanto acadêmico, para a formação de profissionais de qualidade e descobertas inovadoras, quanto comercial, com empresas do ramo buscando produtos que atendam às reais necessidades do campo, impulsionando o setor avícola.
As pesquisas na área de zootecnia são ferramentas essenciais para impulsionar avanços no setor. Por definição, a experimentação zootécnica reúne informações e dados com o intuito de adquirir conhecimento por meio da análise estatística dos resultados de estudos científicos direcionados à área de zootecnia. A experimentação zootécnica envolve o planejamento, execução, coleta de dados, análise e interpretação dos resultados de experimentos com animais.
Dessa forma, surgem inúmeras perguntas, questionando o porquê de tudo isso e a pesquisa trabalha em busca das respostas, buscando por alternativas e soluções em nutrição, ambiência, sanidade, bem-estar e tudo que possa alavancar ainda mais a produção.
E as perguntas são encontradas no campo, que é a vitrine do ciclo de produção por completo. É no dia a dia do produtor rural que as dificuldades surgem, os produtos são de fato postos à prova e todo o trabalho por trás é mostrado ao “público”.
Centro de Pesquisa
Com base nessa necessidade, os centros de pesquisa atuam como espaço de testes que simulam as condições semelhantes às do campo. Deste modo, é possível reproduzir intencionalmente as dificuldades encontradas pelos produtores e, assim, oferecer soluções práticas para esses desafios. Um centro de pesquisa deve possuir um sistema completo, teórico e prático, com infraestrutura que permita a reprodução das condições do campo, garantindo que os resultados obtidos sejam aplicáveis na prática, as estruturas devem ser 100% controladas, para que todo acontecimento seja medido e computado para garantir resultados fidedignos.
No setor avícola, a busca por melhores condições de produção e produtividade é constante. Os principais pilares desse setor são: genética, nutrição, ambiência, manejo e sanidade. Testar inovações e aprimorar esses setores é um desafio que a Agroceres Multimix enfrenta com comprometimento.
A Agroceres Multimix possui um Centro de Pesquisas em Patrocínio (MG), com estrutura experimental para diversas áreas do agronegócio e completa para diferentes setores da avicultura. Isso inclui a criação e recria de matrizes e aves de postura, frangos de corte, aviários dark house para matrizes e frangos de corte, além de aviários convencionais com gaiolas para aves poedeiras em produção e sala de digestibilidade.
E, por isso, a pesquisa na Agroceres Multimix está diretamente ligada ao propósito da empresa de trazer inovação aos seus produtos, ser muito mais que nutrição. A história da empresa comprova essa ligação com a inovação, sendo pioneira na introdução do milho híbrido no Brasil, como descrito no artigo “Ciência e campo de mãos dadas”, no agBlog.
Como exemplo dessas instalações, os aviários para frango de corte: são dois aviários dark house e contam cada um com 40 boxes dimensionados para 80 animais cada. Os aviários são 100% climatizados e quase todos automatizados, exceto pelos comedouros tubulares, essenciais para controle e mensuração de consumo de ração, equipados com bebedouros do tipo pendular.
Conceitos estatísticos
Neste sentido, a lógica e o julgamento crítico, além de um considerável domínio sobre o tema abordado, são necessários para o levantamento do problema e formulação das hipóteses do estudo. Estas, no entanto, só podem ser testadas com o auxílio da estatística. A seguir, o fluxograma de Salman e Giachetto (2014) ilustra os passos da metodologia e os pontos em que são necessárias as intervenções da lógica e/ou da estatística:
É fundamental ressaltar, conforme ilustrado no fluxograma acima, que a estatística deve ser incorporada desde a fase de planejamento do experimento, independentemente da subárea de conhecimento dentro da Zootecnia. A aplicação correta dos modelos estatísticos e, consequentemente, a análise e interpretação adequadas dos resultados só são possíveis quando o experimento segue os princípios básicos da experimentação (casualização, repetição e controle local) e o pesquisador deve possuir conhecimento de alguns conceitos básicos de Experimentação Zootécnica.
Para conhecimento, o significado de alguns desses conceitos está apresentado, de forma resumida, abaixo:
Unidade experimental: é a unidade que constitui a parcela, ou seja, na área da avicultura, comumente são os frangos, galinhas e matrizes que serão objetos de estudo visando coleta e análise dos dados e que recebe a aplicação de um tratamento.
Parcela: É o conjunto das unidades experimentais, por exemplo, no caso de galinhas poedeiras em gaiola, representa a gaiola como sendo uma parcela. Ex.: Uma gaiola com 5 aves = 1 Parcela.
Tratamento: Pode ser duas ou mais condições impostas aos animais, a fim de comparação entre as condições, ou seja, entre os tratamentos. Ex.: Duas rações diferentes.
Repetição: É a quantidade, em número de vezes que cada tratamento é aplicado no experimento. Em geral, mais repetições tendem a aumentar a exatidão das estimativas, e o número de repetições pode ser aumentado reduzindo o número de tratamentos, utilizando a mesma quantidade de parcelas e unidades experimentais.
Casualização: Garante que os tratamentos sejam distribuídos aleatoriamente entre as parcelas e/ou unidades experimentais, evitando favorecimento devido a fatores de variação conhecidos ou desconhecidos (espaço, clima, tempo, fisiologia dos animais etc.).
Controle local: Visa reduzir o erro experimental entre os grupos experimentais por meio da uniformização dos grupos de animais, aplicação dos tratamentos e condições do experimento. Um exemplo disso é a homogeneizando os animais em idade, categoria, peso, sexo, raça ou grau de sangue (a menos que alguma dessas características seja o objeto de estudo), ou outras características importantes para cada estudo, proporcionando condições semelhantes para todas as unidades ou parcelas experimentais envolvidas na pesquisa.
Planejamento do Experimento
Existem diversas maneiras de se “fazer pesquisa”, mas o que nem sempre se sabe é que toda pesquisa começa com uma pergunta e essas perguntas geram hipóteses. Como dito anteriormente, o papel do pesquisador é responder e solucionar dúvidas que vêm do campo. O objetivo, portanto, é provocar fenômenos em condições controladas para testar hipóteses e obter dados e conclusões confiáveis.
Assim, o pesquisador dá início à experimentação com embasamento sobre o assunto a ser tratado, buscando referências bibliográficas para um teste certeiro, que responda à pergunta proposta. Um problema relatado no campo deve ser estudado para trazer soluções tanto para problemas corriqueiros e usuais, como buscar por tecnologias inovadoras, a fim de melhorar a produtividade.
Por exemplo, em um teste hipotético, ao avaliar se uma ração é melhor do que outra, é essencial garantir que qualquer diferença nos resultados seja atribuída ao tratamento testado, neste caso, a ração. Isso cria o embasamento técnico e teórico necessário para o desenvolvimento de novos produtos.
Dependendo do que é testado, a pesquisa pode não ser apenas para a criação de um novo produto, mas também para validação, registro e embasamento técnico. Esse conhecimento é levado pelos consultores da Agroceres Multimix até os produtores, demonstrando que a empresa está comprometida não apenas com a venda de produtos, mas também com o apoio e suporte aos clientes.
Execução do Experimento
Quando as metodologias são bem aplicadas, é possível associar probabilidades às conclusões. Portanto, é essencial realizar um planejamento criterioso e desenvolver cuidadosamente todas as etapas de um experimento e coleta de dados, em prol de dados não corrompidos e fiéis ao que foi proposto, sendo necessário um monitoramento durante todo o teste, captando qualquer alteração, para possíveis ajustes e interpretações ao decorrer do estudo.
O estruturamento de um experimento é feito a partir da definição do que se vai testar. A partir disso, são definidos os diferentes tratamentos que serão avaliados, podendo variar entre diferentes níveis de inclusão de um produto na nutrição desses animais, com diversos intuitos, como ganho de peso, conversão alimentar, avaliações sobre ações anti-inflamatórias, combate a patógenos, avaliações intestinais, e muitos outros testes que trazem muitas respostas junto com mais algumas dúvidas que serão pauta em próximas pesquisas sempre em busca do aperfeiçoamento.
A partir dos tratamentos definidos, podemos provocar um desafio proposital, para simular situações recorrentes no campo, a fim de reproduzir num ambiente controlado, uma situação da “vida real”, e verificar maneiras de minimizar ou eliminar esse problema com um possível produto que chegue no mercado para evitar perdas produtivas. O ambiente experimental controlado prevê que todos os animais no presente experimento possuam as mesmas condições, ambiência, sanidade e manejo, garantindo que os resultados adquiridos sejam fiéis ao que foi proposto. Deste modo, permite-se que o experimento seja repetido sob as mesmas condições.
A Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA) é um órgão responsável por avaliar projetos de pesquisa que envolvem o uso de animais. Seu principal objetivo é garantir que os experimentos sejam conduzidos de maneira ética e responsável, respeitando o bem-estar dos animais.
Análise dos Dados
Posto isso, a partir dos dados coletados do experimento, é necessário analisar esses dados estatisticamente. De acordo com Sampaio (2007), a estatística descritiva envolve a amostragem de dados, delineamento experimental, tabelas e gráficos para análise e interpretação dos resultados
Os testes de hipóteses são fundamentais para aplicar testes estatísticos e verificar se os resultados suportam as hipóteses formuladas, se respondem as perguntas iniciais.
Dados experimentais são as informações de interesse registradas a partir de uma amostra da população em estudo, que empregamos na análise estatística. A análise estatística torna-se necessária devido à presença, em todos os dados experimentais, de efeitos de fatores não controlados que causam variação, tais como variações genéticas – diferença de idade, sexo, peso e altura dos animais.
Conclusão
Em síntese, o que foi mostrado, a partir de perguntas e hipóteses objetivando provocar fenômenos em condições controladas, um delineamento é projetado, o experimento é conduzido e a coleta de dados realizada, iniciando-se a interpretação dos resultados e a discussão de suas implicações. Essas respostas são fundamentais para determinar a melhor dieta, o manejo mais adequado, o efeito de um determinado balanço de nutrientes no campo, entre outros aspectos, mas, independente do que se estuda, o foco é o mesmo, tomadas de decisões mais assertivas em qualquer segmento e suas aplicações nas práticas dos resultados e áreas para futuras pesquisas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). (2024). Relatório Anual ABPA 2024. São Paulo: ABPA. Disponível em: https://abpa-br.org/abpa-relatorio-anual/
SALMAN, A.K.D. e GIACHETTO, P.F. Conceitos estatísticos aplicados à experimentação zootécnica. PUBVET, Londrina, V. 8, N. 12, Ed. 261, Art. 1734, Junho, 2014.
SAMPAIO, I.B.M. Estatística Aplicada a Experimentação Animal. 3 ed. Belo Horizonte: FEP MVZ Editora, 2007. 265p.
ZIMMERMANN, F.J.P. Estatística aplicada à pesquisa agrícola. Brasília, EMBRAPA, 2014, 582p.
