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Senecavírus: grave doença viral na produção de suínos

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capa do artigo sobre senecavírus

Histórico evolutivo do Senecavírus

O Sêneca Valley Vírus (SVV) é uma enfermidade que foi descoberta acidentalmente em 2002, como um contaminante de cultura de células (Resende et al., 2017). Já o Senecavírus A (SVA) é uma doença vesicular que acomete os suínos, sendo caracterizado por um pequeno vírus, não envelopado, contendo uma única cadeia de RNA, da família Picornaviridae, do gênero Senecavírus.

De acordo com Zanella & Morés (2015), exames sorológicos identificaram que o vírus circulava silenciosamente em suínos, nos Estados Unidos, desde 1988.

Os primeiros casos de Senecavírus no Brasil começaram a surgir no final do ano de 2014 e meados de 2015. Segundo Vanucci et al. (2015), foram relatadas lesões vesiculares, principalmente na região do focinho e na coroa dos cascos, semelhantes as encontradas nas doenças vesiculares dos suínos, registrados por diferentes estados brasileiros. De acordo com Alfieri et al. (2015), estavam inclusos: Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Como os sinais clínicos eram semelhantes aos das doenças vesiculares e de notificação obrigatória, tanto os produtores, técnicos da área e o órgão de fiscalização, ficaram apreensivos devido à importância sanitária dessas doenças e os problemas relacionados as mesmas. O desfecho foi positivo, já que os exames realizados pelos laboratórios oficiais obtiveram resultados negativos para as doenças supracitadas.

Descartada a possibilidade de infecção dessas doenças, em março de 2015 o Laboratório de Virologia Animal e Biologia Molecular da Universidade Estadual de Londrina, a partir da análise do líquido de vesícula de suínos adultos infectados, diagnosticou o Senecavírus A.

Para Alfieri et al. (2015) foi a primeira detecção do Senecavírus A, fora do território norte americano. Os resultados dos estudos sugerem que o Senecavírus A é o mais provável agente causal da doença vesicular suína relatada nos rebanhos brasileiros, o que indica que o vírus é um agente infeccioso emergente na suinocultura brasileira.


Forma de transmissão

Apesar de não definida a forma de transmissão e sobrevivência do vírus no ambiente, acredita-se que a doença se dissemine de forma semelhante à febre aftosa e a doença vesicular suína, por pertencerem à mesma família. Entretanto, isso pode acabar dificultando a identificação através do diagnóstico clínico do Senecavírus, a partir dos sinais clínicos.

Entre as formas de contaminação, temos: a fonte de contaminação, ou seja, o animal doente que, uma vez sendo o portador do vírus, pode eliminá-lo pela saliva, sangue, fezes ou urina. Por sua vez, o contato direto entre animais infectados, fômites e exposição ao vírus via aerossol são as mais prováveis forma de transmissão, como apontado por diversas pesquisas.

 Dessa forma, como o vírus apresenta uma alta resistência às condições do meio ambiente, ele poderá contaminar veículos, objetos utilizados na criação, uniformes, botas, roedores e moscas. Assim, caso não seja controlado, o vírus chegará ao animal sadio, que tem como porta de entrada a mucosa nasal, mucosa da boca e pele.


Sinais clínicos

  • Maternidade:

Nas fêmeas incluem-se lesões vesiculares nos focinhos e mucosa oral, lesões moderadas no pé (cascos e bandas coronárias), região interdigital e almofada plantar, além da manifestação de claudicação, letargia e anorexia.

Nos leitões apresenta-se letargia, diarreia e um aumento da mortalidade no período entre 0 a 7 dias de vida.

foto das lesões moderadas no pé (cascos e bandas coronárias), região interdigital e almofada plantar.

  • Recria e terminação:

Vesículas/úlceras no focinho, lesões de casco, coxim, região plantar, espaço interdigital, dificuldade na locomoção, apatia, letargia e – em alguns casos – febre, dependendo da gravidade da lesão.

Foto de lesões causadas nos suínos devido ao senecavírus


Diagnóstico

Reportar imediatamente a autoridade sanitária local e/ou médico veterinário que auxilia na assistência técnica. O diagnóstico deve ser realizado pelo laboratório oficial e/ou credenciado e constatado mediante o resultado de exames laboratoriais, realizados para descartar outras doenças vesiculares e de notificação obrigatória.


Medidas de controle

Segundo Zanella e Morés (2015) o controle é baseado nas medidas de biosseguridade, tais como:

  • Limitar tráfego de pedestres e veículos;
  • Limpeza e desinfecção dos veículos e equipamentos, evitando o compartilhamento dos mesmos;
  • Limpeza e desinfecção das instalações;
  • Manejo correto do vazio sanitário;
  • Controle de vetores, roedores e aves e;
  • Realização da quarentena para os animais que serão introduzidos na granja.

No Brasil, ainda não há nenhuma vacina disponível para o Senecavírus A. Além disso, não foi identificado registros de Senecavírus A causando doenças em humanos.


Considerações finais

As pesquisas sobre o Senecavírus vêm apresentando avanços, mas ainda há necessidade de aprofundamento no que se refere ao desenvolvimento da doença como um todo, para que tenhamos maior sustentação e conhecimento sobre o SA, pois à medida que os estudos vão avançando, temos a possibilidade de controlar, entender e evitar que a doença continue causando prejuízos. Medidas de biosseguridade – em qualquer produção animal – e boas práticas de produção, contribuem para a saúde do rebanho e estabilidade da produtividade e dos índices zootécnicos.

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