Promotores de crescimento: Qual alternativa usar?
Há uma preocupação mundial com relação aos à utilização de antibióticos (promotores de crescimento) na alimentação animal e seus impactos para a saúde humana. Algumas pesquisas mostram que antibióticos trabalhados de forma constante, em pequenas concentrações, na alimentação animal, como: antimicrobianos, podem gerar bactérias resistente a drogas, levando ao desenvolvimento de bactérias patogênicas, podendo ainda gerar risco à saúde pública (Budiño et al 2005). Outros estudos mostram que seu uso, de forma inadequada, pode afetar o desempenho desses antibióticos em tratamentos na medicina humana (Ojeu, 2003). Assim, alguns antibióticos que antes eram utilizados tanto na alimentação animal, quanto em humanos, estão sendo proibidos como, por exemplo, o sulfato de colistina, proibido como aditivo promotor de crescimento, pela IN 45 de 22 novembro de 2016 (MAPA, 2016).
Além disso, existe uma demanda de consumidores que, a cada dia, procuram alimentos livres de antibióticos ou oriundos de uma produção com uso controlado e seguro, até mesmo o consumo de produtos derivados de produções orgânicas, e que respeitem o bem-estar animal.
Esse novo cenário de produção mundial de carnes vem provocando algumas mudanças, como por exemplo na União Europeia, onde o uso de antibióticos como promotores de crescimento foi proibido em 1 de janeiro de 2006 (COUNCIL, 2003), permitindo o uso de antibióticos somente via prescrição veterinária. Práticas como essa também vêm sendo discutidas em outros países como os EUA, onde recentemente foi estabelecida uma lei no Estado da Califórnia, controlando o uso de antibióticos para alimentação animal (FeedInfo, 2018). Além dessas medidas, a pressão dos consumidores para redução do uso de antibióticos na alimentação animal vem provocando algumas mudanças em grandes redes de fast-food, forçando-as a se posicionarem no mercado, indicando que utilizarão produtos de fazendas/granjas que não fizeram o uso de antibióticos.
No Brasil, estamos passando por um processo de conscientização, e estabelecendo políticas de maior controle do uso de promotores de crescimento e antibióticos na alimentação animal, com maior regulamentação e fiscalização por parte do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA), seja em plantas de produção de rações e premixes, ou em produtores rurais. A cada ano, a lista de aditivos promotores de crescimento permitidos na alimentação animal vem sendo revisada, e alguns deles passam a ser proibidos. Um caso recente de proibição foi do sulfato de colistina (IN 45, 2016), e mais recentemente, foi publicado a Portaria Nº 171, de 13 de dezembro de 2018, informando sobre a intensão de proibição do uso de antimicrobianos com a finalidade de aditivos melhoradores de desempenho, colocando em discussão o uso de cinco aditivos antimicrobianos. Essa é uma situação que vem sendo trabalhada pouco a pouco pelos órgãos de fiscalização e, em um futuro não muito distante,teremos apenas a permissão dos usos dos antibióticos com função de medicamento, controlado pelas prescrições veterinárias no Brasil.
Da mesma forma que em outros países, já existe uma maior preocupação do consumidor brasileiro por alimentos produzidos em sistemas que respeitem o uso consciente de medicamentos, sem a inclusão de aditivos promotores de crescimento. Consumidores ávidos por adquirirem alimentos de produção orgânica, que respeitem o bem-estar animal.
Diante desse cenário internacional e nacional, quais seriam nossas opções para manter a mesma eficiência produtiva que temos hoje na produção animal? Existem algumas alternativas nutricionais que vêm sendo pesquisadas e estudadas, como: ácidos orgânicos, prebióticos, probióticos, extratos vegetais, óleos essenciais, entre outros, apresentando resultados positivos, sendo possível ainda manter uma eficiência produtiva similar as que hoje são observadas com o uso dos aditivos promotores de crescimento e antibióticos.
Dentre as alternativas citadas acima, os extratos vegetais e óleos essenciais vêm demonstrando bons resultados como alternativas aos promotores de crescimento, contendo certa eficiência para substituir antibióticos, com diferentes ações e mecanismos de atuação, como pode ser observado na tabela abaixo.
Tabela – Extrato de plantas e óleos essenciais na alimentação de suínos
Plantas | Efeitos Observados | Referência |
Orégano, canela e pimenta malagueta | Diminui a quantidade de bactérias totais do íleo, aumentou a relação lactobacillus:enterobacterias | Manzanilla et al (2004) |
Mistura de óleos essenciais | Inibiu a proliferação de E.coli hemolítico em leitões recém-desmamados | Losa et al (2001) |
Canela, tomilho e orégano | Inibiu a proliferação de E.coli patogênico no intestino de leitões | Namkung et al (2004) |
Tomilho, cravo, orégano, eugenol e carvacrol | Aumentou o ganho de peso | Oetting et al (2006) |
Cravo e orégano | O ganho de peso foi similar ao grupo tratado com antibiótico | Costa et al (2007) |
Mistura específica de extratos de plantas | Aumentou o ganho médio diário e diminui a conversão alimentar em suínos de terminação | Liu et al (2008) |
Extrato de alho envelhecido, alicina | Aumentou o ganho de peso, melhorou parâmetros da imunidade local não específica de leitões | Tatara et al (2008) |
Chá preto (Camellia sinensis) | Diminui o número de clostridios e enterococos nas fezes de leitões | Zanchi et al (2008) |
Polifenóis de plantas (de coco e taninos de plantas) | Diminui in vitro a adesão e a ligação de toxinas de E. Coli enterotoxigênico | Verhelst et al (2010) |
Adaptado de Vondruskova et a 2010.
Em sua grande maioria, as ações positivas desses produtos são observadas quando ocorre uma combinação de blends de óleos essenciais e/ou extratos vegetais e, mesmo combinados com ácidos – em uma determinada concentração, inclusão e situação encontrada a campo -, podem apresentar ação eficiente na manutenção da saúde intestinal dos animais. Existem trabalhos científicos indicando que os óleos essenciais, extratos vegetais e suas combinações podem apresentar efeitos na manutenção da saúde intestinal dos animais, atuando como antioxidante, antibacterianos e imuno reguladores (Lee et al, 2004). Alguns extratos de plantas têm atuação de promotores de crescimentoem suínos, talvez pela habilidade que alguns extratos vegetais podem ter na modulação do sistema imune em suínos (Sads and Bilkei, 2003; Janz et al., 2007), podendo atuar no mecanismo de produção de citocinas pro inflamatórias (Liu et al, 2012).
Com relação a essa eficiência dos blends de óleos e extratos vegetais, vale a observação que, em situações a campo, onde notamos sinais claros de enfermidades nas granjas/fazendas, para essas situações, seria adequado trabalhar os medicamentos de acordo com a recomendação de um médico veterinário, pois, para esses diagnósticos claros, os óleos essenciais e extratos vegetais podem não apresentar a ação adequada. Porém, os extratos vegetais e óleos essenciais vêm se mostrando uma alternativa viável para substituir os aditivos promotores de crescimento e, dentro de uma situação sanitária estável nas granjas, é possível trabalhar algumas etapas da criação sem fazer o uso de antibióticos como medicamentos preventivos, apostando nos extratos e óleos vegetais para essa função.
Pensando nessa tendência atual e no futuro, a Agroceres Multimix desenvolveu seu blend de óleos essenciais e extratos vegetais: o agFit. Devido a sua composição, agFit permite uma maior proteção do sistema imune dos animais, atuando na microbiota e vilosidades intestinais, melhorando o consumo e a digestibilidade dos nutrientes. Como consequência, é possível manter a ação de promotor de crescimento, substituindo os atuais aditivos conhecidos no mercado, com a vantagem de ser um produto de base vegetal, natural e atendendo a demanda do consumidor, por produções sem o uso de aditivos promotores de crescimento e controle de antibióticos.
Resultados do centro de pesquisas da Agroceres Multimix:
DIETA | Peso 120 d(kg) | Peso 164 d(kg) | GPD (kg) | CRD (kg) | CA |
Padrão | 68.32 | 116.94 | 1.105 A | 2.771 A | 2,51 B |
AG FIT | 68.97 | 115.87 | 1,066 B | 2,590 B | 2.43 A |
P-Valor | 0.41 | 0.42 | 0.05 | <0,0001 | 0.09* |
CV(%) | 6.53 | 6.15 | 8.81 | 9.56 | 7.23 |
*P-Valor<0.10.