O ciclo produtivo das vacas compreende quatro principais fases, sendo o início da lactação, meio da lactação, final da lactação e o período seco. Cada fase necessita de manejos adequados com intuito de atender as exigências nutricionais dos animais e viabilizar economicamente cada etapa.
Com intuito de aumentar a produção de leite na próxima lactação e minimizar os problemas metabólicos no pós-parto é importante ficar atento ao tempo que os animais permanecem no lote vaca seca, ao escore corporal e á nutrição ofertada.
Nesse intervalo a vaca não produz leite, mas apresenta demandas energéticas elevadas devido ao desenvolvimento fetal e por apresentar capacidade ingestiva limitada. A duração do período seco pode influenciar diretamente na composição do leite, assim como os fatores ligados à alimentação, genética, saúde da glândula mamária, região geográfica e período do ano.
O intervalo mais adotado entre os produtores e considerado o ideal para essa fase está entre 45 a 60 dias antes do parto previsto. É importante que o programa alimentar para a vaca seca seja separado das vacas em lactação devido a especificidade das categorias. Para as vacas secas precisa-se atender as exigências nutricionais para o crescimento fetal, sua mantença e a reposição das reservas corporais. É desejado que o escore corporal no período seco mantenha-se entre 3 – 3,5, acima disso conforme aumenta o escore corporal maior a chance de ocorrer problemas durante o parto e no pós-parto.
Nos primeiros trinta dias do período seco ocorre a regeneração dos tecidos da glândula mamária preparando-a para a próxima lactação, período fundamental para manutenção da produtividade leiteira. Mesmo ocorrendo a involução completa do úbere em 30 dias, quando adotado período menor que 45 dias a produção de leite pode ser afetada negativamente além de impactar na qualidade e quantidade do colostro.
Períodos curtos podem ser insuficientes para descanso e preparação das células da glândula mamária para a nova lactação. Já acima de 60 dias temos como resultado elevação do custo de produção e possivelmente aumento do escore corporal desses animais, e acima de 70 dias além do aumento do escore corporal ocorrerá um aumento considerável da probabilidade de distúrbios metabólicos, acarretando a diminuição da produção leiteira e resultando também em aumento do intervalo entre partos.
Kok. A. et al. (2020), avaliando estratégias personalizadas para o período seco, acompanharam 183 vacas submetidas a diferentes durações de período seco, resultando em durações médias de período seco realizadas de 58 d, 47 d e 25 d.
Observou-se que nas primeiras 14 semanas após o parto, a produção média de leite das vacas foi (3,0 kg/d) menor no grupo 47d e (4,8 kg/d) no grupo 25d comparando com o grupo 58d, mas essa redução na produção não afetou a CCS em comparação com um período seco de 60 dias.
Em uma meta-análise realizada por Van Knegsel et al., 2013, estimou reduções médias na produção de leite após o parto de 1,4 kg/d e 5,9 kg/d para vacas com um período seco curto (28–35 d) ou nenhum período seco, respectivamente, em comparação com um período seco convencional de 60 dias.
Em outro experimento, ao realizar um estudo utilizando banco de dados fornecido pela Associação dos Criadores de Gado Holandês de Minas Gerais, com informações de 67.045 lactações completas de 32.397 animais, no período entre 1998 a 2017 de 129 propriedades leiteiras, constatou que os maiores valores de sólidos totais no leite de vacas Holandesas de diferentes paridades, foram obtidos quando o período seco variou de 60 a 63 dias (Pacheco et al.; 2019).
Weber et al., (2015) avaliando efeitos do tempo do período seco, observaram que a adoção de um período prolongado de 90 dias, foi associada ao aumento do escore corporal antes do parto e à maior mobilização de gordura e distúrbios metabólicos sistêmicos e hepáticos no pós parto, contribuindo para um agravamento do balanço energético negativo (BEN).
Sendo assim, podemos concluir que o tempo de duração ideal do período seco seria entre 45 à 60 dias, pois resulta em melhor saúde da glândula mamária, máxima produtividade, melhores valores de sólidos no leite e animais mais saudáveis durante sua vida produtiva, impactando positivamente na rentabilidade da fazenda.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
PACHECO. J. A. S., SANTOS, R. A., ANDRADE, J. G., DALLAGO, G. M., SANTOS, A. S., SOUSA, R. A.P. Duração do período seco e a produção de sólidos totais no leite de vacas holandesas. Zootec. Uberaba. 2019. https://proceedings.science/zootec-2019/trabalhos/duracao-do-periodo-seco-e-a-producao-de-solidos-totais-no-leite-de-vacas-holande?lang=pt-br
VAN KNEGSEL, ATM; VAN DER DRIFT, SGA ; CERMÁKOVÁ, J, KEMP B. Effects of shortening the dry period of dairy cows on milk production, energy balance, health, and fertility: a systematic review. The Veterinary Journal, 198 (2013), pp. 707-713
WEBER, C., LOSAND, B., TUCHSCHERER, A., REHBOCK, F., BLUM, E., YANG, W., HAMMON, H. M. Effects of dry period length on milk production, body condition, metabolites, and hepatic glucose metabolism in dairy cows. J. Dairy Sci., 98(3), 1772–8. 2015