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Balanço eletrolítico na nutrição de aves

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Um dos maiores problemas enfrentados pela indústria avícola em países de clima tropical como o Brasil, são as significativas perdas zootécnicas e econômicas, decorrentes da severidade climática que atinge a produção avícola, perdas essas ocasionadas pelo estresse calórico, relacionadas – principalmente – a altas temperaturas, associadas à umidade relativa do ar alta, ou seja dias quentes e chuvosos. Entretanto, clima quente e seco também gera perdas significativa na produção, mas o processo de ofegação torna-se menos eficiente com a umidade mais alta.

Submeter as aves à temperatura e umidade elevadas, faz com que as mesmas saiam da zona de conforto térmico, ocasionando aumento da temperatura corporal e alcalose respiratória. Essa condição resulta em um impacto extremamente negativo sobre o desempenho animal, afetando a eficiência alimentar, consumo de alimento, taxa de crescimento e sobrevivência (figura 1). As perdas econômicas são mais acentuadas na fase final de criação dos frangos, quando esses são submetidos a períodos de calor intenso. (MACARI; FURLAN, GONZALES; 2002).

Figura 1: Alterações metabólicas

Figura 1: Alterações metabólicas nas aves

Com o aumento da temperatura do ambiente e aumento da umidade relativa do ar, a capacidade da ave em dissipar o calor é reduzida e com isso temos uma elevação da temperatura corporal, a aves fisiologicamente buscam de subterfúgios para minimizar este problema. A ave busca aumento da sua superfície corporal, abre asas, agacha-se com as mesmas abertas, eriça as penas, busca locais menos adensados no aviário, barbela e crista aumentam de tamanho, buscam a cama fresca com maior frequência, reduzem o consumo de alimento, aumentam o consumo de água e principalmente buscam através do aumento da frequência respiratória essa troca de calor, ficando ofegante.

A evaporação da água (resfriamento evaporativo) pelo trato respiratório constitui o principal mecanismo da ave, que está em estresse calórico, adota para resfriamento e redução da temperatura corporal. Esse mecanismo dá-se devido a ave ter a capacidade de aumentar a frequência respiratória, sendo esse mecanismo crítico para a manutenção da temperatura corporal.

A hiperventilação pulmonar, ocasionada pelo aumento dos movimentos respiratórios, leva a perdas significativas de CO2 fazendo com que ocorram alterações no equilíbrio ácido-básico sanguíneo das aves que e dependendo do tempo de exposição, podem levá-las a óbito. Devido a insuficiente oxigenação, o ritmo cardíaco aumenta na tentativa de suprir mais oxigênio para o metabolismo oxidativo dos tecidos em rápido crescimento, causando uma hipertensão pulmonar. Com prolongada falta de oxigênio, mecanismos de regulação do organismo da ave são acionados para manter a homeostase. O quadro é agravado ainda mais pelo aumento da resistência ao fluxo sanguíneo no pulmão, que promove o desequilíbrio entre a necessidade e o fornecimento de oxigênio e a insuficiência cardíaca. A predisposição à ascite é maior nos frangos porque o pulmão é rígido e fixo na cavidade torácica e o peso do órgão em relação ao peso corporal diminui em função da idade (Gonzales & Macari, 2000).

Contudo, a maior taxa de ventilação alveolar, ainda que necessário para o resfriamento, resulta em diminuição na pressão de CO2 e, consequentemente, em perturbações no equilíbrio ácido básico (Linsley & Bergerr,1964).

Outro ponto que devemos considerar é o relativo gasto energético demandando pelas aves na dissipação do calor, no qual ocorre uma grande demanda da energia ingerida na dieta para manutenção da temperatura corporal.

Outra situação observada em aves em estresse calórico é o significativo aumento do consumo de água, para compensar a perda de água na respiração e aumentar a capacidade de disseminação de calor que, por consequência os rins aumentam a produção de urina e maior perda de potássio ( K+), Sódio(Na+) e Cloro(Cl-) fundamentais na manutenção da pressão osmótica e no equilíbrio ácido básico.

Abaixo, é possível observar um quadro desenvolvido para ajudá-lo a fixar os conceitos de acidose e alcalose, tanto metabólica quanto respiratória. Observe o que acontece com o pH e as concentrações de HCO3 e pCO2 em cada uma das situações ácido-base:

Tabela que mostra a situação ácido-base, PH, HCO² e PCO²

Essas variações no equilíbrio ácido básico decorrente de aves em estresse térmico, têm custos elevadíssimos para a indústria avícola, custo esses decorrentes de perdas zootécnicas generalizadas, como; redução do ganho de peso, aumento da conversão alimentar, mortalidade final elevada, redução na qualidade interna e externa dos ovos (gema e casca), queda da capacidade de resposta imune, entre outras.

Os eletrólitos podem ainda ser descritos como substâncias químicas, que se dissociam nos seus constituintes iônicos, tendo como função fisiológica principal a manutenção do equilíbrio ácido-base corporal. A prevenção do desequilíbrio hidroeletrolítico pode ser obtida pela incorporação de cátions e ânions na dieta, sendo usualmente expressos em mEq/kg. Os eletrólitos essenciais à manutenção da pressão osmótica e no equilíbrio ácido-base dos líquidos corporais são: sódio (Na+), potássio (K+) e o cloro (Cl–). Além de as aves os exigirem em quantidades mínimas em sua alimentação – para satisfazer suas necessidades nutricionais -, é fundamental que a proporção entre eles seja respeitada, para manter o equilíbrio ácido-base e obter o máximo desempenho das aves.

O potássio (K+) é o principal cátion do fluído intracelular, enquanto o sódio (Na+) e o cloro (Cl–) são os principais íons do fluído extracelular. O controle da perda de água nas células é obtido pelo equilíbrio desses íons no meio intracelular e extracelular. O K+ está envolvido em muitos processos metabólicos, incluindo: o antagonismo arginina-lisina, condução nervosa, formação do glicogênio, contração muscular, síntese de proteínas teciduais, manutenção do equilíbrio intracelular, reações enzimáticas, balanço osmótico e equilíbrio ácido básico. Consequentemente, mudanças no equilíbrio de K+ podem afetar as funções celulares e o controle da quantidade de água no meio celular.

Atualmente, a importância do Na+ na manutenção das funções vitais normais é bastante conhecida. O sódio é o principal cátion presente nos fluídos extracelulares, atuando essencialmente: no equilíbrio ácido básico, pressão osmótica corporal, atividade elétrica das células nervosas e do músculo cardíaco, permeabilidade celular e absorção dos monossacarídeos e aminoácidos. Por ser o principal cátion do líquido extracelular e estar obrigatoriamente acompanhado de um número igual ao dos ânions, cloro e bicarbonato, o sódio é o principal responsável pela osmolaridade dos líquidos.

O cloro (Cl–) é predominante no líquido extracelular; sua função principal é a manutenção do equilíbrio químico com os cátions presentes. Sabe-se que o excesso de sódio é excretado pelos rins, e o cloro (Cl–) normalmente o acompanha. O cloro participa ainda do efeito tampão no sangue em intercâmbio com o bicarbonato. O aumento do Cl– plasmático favorece a retenção de H+ e diminui a reabsorção de HCO–3 pelos rins, sendo essa uma resposta à alcalose metabólica.

O K+ e o Na+ são íons alcalogênicos e quando suas concentrações são aumentadas, em relação à concentração do Cl–, o pH dos fluídos corporais aumenta, podendo caracterizar a alcalose metabólica. No entanto, o Cl– é um íon acidogênico e sua alta concentração na dieta contribui para a diminuição do valor do balanço eletrolítico e, neste caso, o pH pode diminuir, estando abaixo do normal, podendo assim caracterizar uma acidose metabólica.


O balanço eletrolítico da dieta

O balanço eletrolítico na nutrição das aves é definido como: a diferença entre os principais cátions e ânions da dieta e, portanto, um tema de grande importância na produção animal. O balanço dos eletrólitos no organismo pode influenciar no crescimento do animal, no apetite, desenvolvimento ósseo, resposta ao estresse térmico e no metabolismo de certos nutrientes, como: aminoácidos, minerais e vitaminas.

Mongin, foi um dos primeiros a discutir a importância do balanço eletrolítico, estudando os fundamentos do balanço cátion-ânion para suínos e aves. Segundo o autor, o animal regula o balanço eletrolítico pela alteração da acidez líquida ingerida e excretada. Para manter o balanço eletrolítico, deve-se regular a ingestão e a excreção de ácidos. Nas situações em que o animal encontra-se em equilíbrio ácido-básico, sem excesso ou deficiência de ácido, podemos aplicar a seguinte equação:

 (Cátions – Ânions)ingeridos = (Cátions – Ânions)excretados

Todos os eletrólitos poderiam ser incluídos nas equações de cálculo do balanço eletrolítico, no entanto, alguns desses íons não são considerados, devido à importância secundária no equilíbrio ácido básico, pois, é apenas o potencial eletrolítico dos elementos que pode classificá-los em termos de importância no equilíbrio básico do organismo. Esses elementos têm capacidade de funcionar como eletrólitos, mas estão presentes em pequenas quantidades nas rações e em baixas concentrações nos tecidos das aves, reduzindo, naturalmente, seu impacto sobre o equilíbrio ácido básico. Por essa razão, a expressão foi reduzida para: Na+ + K+ – Cl– (mEq/kg).

Imagem ilustrando uma guerra de corda do potássio, sódio com o cloro

As matérias-primas utilizadas nas rações de aves possuem diferentes concentrações de sódio, potássio e cloro. Portanto, dependendo da composição das dietas utilizadas, torna-se necessária a correção dos valores de balanço eletrolítico das rações. Um exemplo da modificação do balanço eletrolítico, causada pela composição da dieta, são as rações com inclusão de farinhas de origem animal como fonte proteica, que reduzem a inclusão do farelo de soja, um ingrediente responsável por grande parte do fornecimento de potássio às dietas.

A suplementação de sais nas rações ou na água dos animais tem sido usada para aumentar a ingestão de íons específicos, corrigindo mudanças no equilíbrio ácido-básico. Essa suplementação é feita através da inclusão de compostos alcalinos, visando aumentar o valor do balanço eletrolítico; ou a inclusão de compostos ácidos, para diminuir o valor do balanço eletrolítico, conforme a necessidade. Entre os compostos alcalinos, destacam-se: o bicarbonato de potássio (KHCO3), carbonato de potássio (K2CO3) e o bicarbonato de sódio (NaHCO3), e entre os compostos ácidos: o cloreto de potássio (KCl), cloreto de amônio (NH4Cl) e o cloreto de cálcio (CaCl2).

Muitas pesquisas demonstram que a correção do balanço eletrolítico através da adição de sais nas dietas é útil, não só para melhorar o desempenho dos animais, mas também uma ferramenta bastante utilizada para minimizar os efeitos do desbalanço de eletrólitos causado pelo estresse calórico.

 

Carbonato de Potássio

O carbonato de potássio consiste em um sal branco, solúvel em água e fortemente alcalino (pH básico). Muito utilizado na indústria, esse produto tem como principal utilização a fabricação de sabão, vidro e porcelana. Além dessa função, ele também pode ser utilizado para a fabricação de fertilizantes, visto que proporciona à planta maior resistência ao ataque de pragas, além de ser utilizado na alimentação animal em especial em frangos de corte.

A Agroceres Multimix possui no seu portfólio de premix o ELETROBANCE, suplemento mineral para uso via água de bebida ou ração na dosagem de 1 a 2 kg do produto em 1000lt de água ou 2 a 5kg do produto por tonelada de ração, cuja composição básica é de POTASSIO e SÓDIO, sem CLORO na composição. Produto com excelente eficácia no controle dos danos causados pelo estresse calórico, mantendo um equilíbrio eletrolítico adequado com a manutenção dos níveis de potássio, sódio e cloro. O ELETROBALANCE é um repositor de potássio que contribui para a melhora da hidratação, a qualidade da casca e principalmente redução da mortalidade, além de repor potássio, contribui também para a redução dos níveis de cloro, diferentemente de outros produtos no mercado que possuem o cloreto de potássio na composição, como fonte de potássio, mas que também é fonte de cloro.

Nutrição Animal – Agroceres Multimix

 

Co-autora: Franciely Benthien da Costa – Consultora Técnica Comercial de aves de corte na Agroceres Multimix.

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