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Colocando a biosseguridade em prática

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Biosseguridade na granja

O mundo está em constante mudança e o consumo de proteína animal tem se intensificado cada vez mais. Dessa grande demanda surge uma enorme responsabilidade por parte das propriedades avícolas que precisam intensificar seus sistemas e investir em tecnologia e sanidade.

No agBlog, já foram abordados artigos sobre a biosseguridade, evidenciando a importância desse assunto na produção animal. Agora, elaboramos um manual para auxiliar o produtor a colocar em prática essas ações, de forma clara e objetiva.


O que é biosseguridade?

É um conjunto de medidas preventivas e cuidados sanitários que têm a finalidade de impedir a entrada de microrganismos causadores de doenças.


Por que adotar um programa de biosseguridade nas granjas?

A saúde dos animais deve ser prioridade no sistema de produção. A manutenção dos planteis em excelentes condições sanitárias garante, além da viabilidade econômica do negócio, uma melhoria contínua do desempenho zootécnico dos animais, possibilitando que todo o lote expresse ao máximo suas características genéticas desejáveis. Vale salientar que nutrição, manejo, ambiência e sanidade devem estar em equilíbrio para proporcionar às aves boas condições de desenvolvimento.


Como a “doença” pode entrar na granja?

Patógenos podem entrar em uma granja por diversas maneiras, como: ar, água, alimento, pessoas, ração, aerossóis, veículos, equipamento, objetos de trabalho, vetores (roedores, insetos) e outros animais.

Todos são carreadores de microrganismos e para manter a biosseguridade, medidas necessárias precisam ser adotadas como:

 

  • LOCALIZAÇÃO DO AVIÁRIO

A correta localização do aviário é um requisito básico para prevenção de diversas enfermidades. Os aviários devem ser construídos longe de outras criações, visto que isso contribui para reduzir as chances de contaminações. É importante ter o conhecimento da direção predominante dos ventos, para proporcionar uma ventilação uniforme e controlável; evitar construir a granja próxima a cursos de água, açudes ou lagos usados por outros animais, com preferência para zonas bem drenadas; e construir os galpões longe de estradas principais, que podem ser utilizadas por caminhões no transporte de aves.

O reflorestamento com árvores não frutíferas, matas naturais ou elevações topográficas, servem como barreiras sanitárias naturais, que contribuem para a redução do risco de contaminação entre as unidades avícolas e do estresse para as aves.

  • ISOLAMENTO

Os arredores do aviário devem ser delimitados por cerca de isolamento, evitando nessa área a circulação desnecessária e não autorizada de veículos, equipamentos e pessoas.

O telamento do aviário é recomendado e consiste na colocação de telas nas portas e nas laterais do galpão; como principal objetivo, coibir o ingresso de pássaros no interior do galpão.

Na portaria de acesso à granja, deve ser instalado um sistema de desinfecção, seja arco de desinfecção, bomba de aspersão motorizada ou outro método capaz de permitir a higienização e desinfecção.

 

  • CONTROLE DE ACESSO

Deve-se adotar um controle de acesso rigoroso, prevenindo assim a entrada de doenças nos plantéis avícolas. Desta forma, a granja deve conter um único portão de acesso, evitando o livre trânsito de pessoas, veículos e animais no interior das áreas de produção.

Na portaria deve haver um livro de registro de entrada de pessoas e veículos, no qual consta as informações sobre quem entrou na granja, o motivo da visita, de onde veio e o tempo do último contato com outro sistema produtivo ou outras aves. Também deve conter as informações da placa do veículo, nome do condutor e última procedência.

Na porta de acesso ao aviário devem ser colocados mecanismos que permitam a desinfecção dos calçados. Este pode ser um pedilúvio (recipiente contendo desinfetante) ou outra forma que permita a desinfecção. Se necessário, poderá ser realizado troca de calçados ou colocação de propé.

Todo veículo que precisar adentrar no sistema produtivo, deve passar pelo sistema de desinfecção.

 

  • LIMPEZA E DESINFECÇÃO DAS INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTO

A manutenção de um ambiente limpo e organizado, dentro e fora do aviário, propicia melhores condições à saúde das aves. A grama deve ser aparada ao redor dos galpões e entulhos devem ser retirados.

A limpeza de comedouros e bebedouros deve ser realizada diariamente, as aves mortas devem ser retiradas e destinadas a algum tipo de tratamento de resíduos, como compostagem e incineração, por exemplo.

Recomenda-se deixar na porta de cada galpão um tambor de armazenamento da mortalidade diária. E atenção: dar o destino nas aves mortas somente no final do expediente, evitando assim o fluxo de funcionários da composteira para o galpão.

Ao final de cada ciclo de produção, após a retirada das aves, é necessário realizar todos os procedimentos de limpeza completa e higienização do aviário, equipamentos, caixa d’água e tubulações. Lembrando que a limpeza para retirada de toda a matéria orgânica do aviário deve ser muito bem feita para que a desinfecção funcione adequadamente. Após a limpeza e desinfecção, o aviário deve permanecer fechado, em vazio sanitário, por pelo menos 15 dias.

 

  • RAÇÃO E ÁGUA

A água destinada ao consumo das aves deve ser fresca, desta forma os reservatórios devem estar em local protegido do calor; além disso, realizar manejo de flushing quando necessário.

A água de bebida também deve ser clorada, obtendo uma concentração residual mínima de 3 ppm e máxima de 5ppm, valores acima disso podem restringir o consumo de ração pelas aves. A caixa d´água deve ser limpa a cada intervalo de lote. É importante limpar quinzenalmente os filtros do sistema.

Para a manutenção da qualidade nutricional e microbiológica da ração, é indispensável o armazenamento em silos próprios, fechados e protegidos da umidade e calor excessivos.

Recomenda-se instalar o silo em local próximo à cerca de isolamento do núcleo, no lado interno, que permita abastecimento de ração com o caminhão do lado externo da cerca. É fundamental que o silo e todo o sistema de distribuição de ração limitem ao máximo o contato com moscas, roedores ou outras pragas, para evitar contaminações. A limpeza do silo deve ser feita periodicamente, com datas pré-definidas ao longo do ano, a fim de evitar acúmulo e fermentação de rações nas laterais do silo.

  • CONTROLE DE INSETOS E ROEDORES

É necessário realizar um controle de pragas e insetos, bem como a restrição de acesso de outros animais, como cachorros e gatos, pois também podem ser vetores de agentes infecciosos.

Fazer o controle de cascudinhos a cada vazio sanitário e utilizar os produtos na dosagem recomendada, além de verificar e controlar moscas, principal­mente na composteira.

É fundamental inspecionar e registrar as informações, revisar quinzenalmente e man­ter porta-iscas limpos e abastecidos. Além disso, é preciso manter pátios e proximidades livres de materiais e objetos que possam servir de abrigo a roedores. Importante realizar a manutenção periódica de cortinas e não as deixar encostadas no chão.

 

  • ADOTAR USO DE FUMIGADORES

Na entrada de cada núcleo, deve conter um fumigador com duas portas, sendo uma na área suja e outra na área limpa. Todos os materiais que forem introduzidos na área limpa da granja devem ser fumigados.

Mas o que é Fumigação?

Processo complementar ao de limpeza e desinfecção. Trata-se da exposição de determinada área ou objeto a um desinfetante na forma de gás. Dessa forma, o objetivo é atingir aquelas partes que – porventura – não foram atingidas pelo processo de limpeza e desinfecção com produtos líquidos.

Para a eficácia da fumigação, são necessários alguns pré-requisitos: o local poder ser totalmente fechado, a umidade relativa do ar não ser inferior a 60% e a temperatura ambiental não estar abaixo de 20°C.

 

  • VAZIO SANITÁRIO

Ao final do ciclo de produção, após a retirada de todas as aves, é importante fazer a limpeza completa e higienização do aviário e equipamentos. Após essas duas etapas, o galpão deve permanecer fechado e sem a presença de aves, em vazio sanitário, por pelo menos 15 dias.

A Biosseguridade necessita de constante atenção, planejamento, inspeção e revisão. A compreensão dos procedimentos e conscientização de todos os envolvidos é essencial.

Agora, basta colocar todas essas informações em prática.

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