O período seco corresponde ao intervalo entre a secagem e o início da lactação, com duração de 45 a 60 dias. Essa fase é crucial para a regeneração do tecido mamário e a preparação da vaca para a lactação seguinte.
Alterações ambientais, como o estresse térmico, podem impactar diretamente a saúde e a produtividade futura dos animais. Assim, práticas como a estabulação em instalações adequadas e o resfriamento das vacas, têm sido cada vez mais adotadas em fazendas que buscam melhorar os índices produtivos na lactação subsequente.
Estudos mostraram que, o uso de aspersores e ventiladores durante o período seco, aumentou a produção de leite de vacas leiteiras em 6,3 kg/dia quando avaliado do parto aos 42 dias em lactação (Tao et al., 2012).
Fisiologicamente, após a secagem, a glândula mamária passa inicialmente por um processo de involução (nas três primeiras semanas) e, posteriormente, pela fase de proliferação de novas células mamárias. Durante a involução, mecanismos celulares como autofagia (degeneração) e apoptose promovem a destruição programada e a reciclagem das células epiteliais mamárias.
Além do impacto na produção leiteira, a estabulação e o resfriamento durante o período seco resultam em melhor desempenho reprodutivo, com intervalos mais curtos entre partos e melhorias na função imunológica das vacas.
Observa-se também que, vacas alojadas em ambientes controlados durante o período seco tendem a apresentar menores taxas de doenças metabólicas no pós-parto, como hipocalcemia e cetose, além de menor incidência de mastite. Esses benefícios são atribuídos à oferta de alimentação balanceada, acesso constante à água limpa e conforto térmico, proporcionados por instalações apropriadas.
O estresse térmico também afeta negativamente a produção de colostro e o desenvolvimento fetal. Dessa forma, estratégias de manejo associadas, como a aspersão de água e a ventilação forçada, resultam em maior peso ao nascimento, melhor vigor das bezerras e aumentam tanto a produção quanto a qualidade do colostro, com maiores concentrações de imunoglobulinas, essenciais para a saúde dos recém-nascidos.
Um estudo conduzido por Fabris et al. (2019) aprofundou a compreensão dos mecanismos celulares e moleculares, que relacionam o estresse térmico no período seco, à redução do desempenho na lactação subsequente. Nesse trabalho, um grupo de vacas foi submetido ao estresse térmico apenas no início da secagem, outro grupo durante todo o período seco, enquanto o grupo controle foi mantido em ambiente com aspersão e ventilação.
Os pesquisadores observaram que o estresse térmico, tanto no início do período seco quanto durante todo a fase de secagem, diminui a expressão de genes reguladores da apoptose (Figura 1 A) e da autofagia, prolongando a fase de involução da glândula mamária. Como consequência, há um atraso na proliferação de novas células mamárias (CEM)(Figura 1B), comprometendo a produção de leite na lactação seguinte.
Portanto, manter vacas secas em instalações adequadas, que possibilitem o controle ambiental e o resfriamento dos animais, é uma prática fundamental para promover melhor desempenho produtivo na lactação subsequente.
Além dos ganhos na produção de leite na próxima lactação, há importantes reflexos positivos na saúde das vacas e nos índices reprodutivos. Assim, investir no bem-estar e no conforto térmico durante o período seco, justifica-se, pois, contribui para um sistema produtivo mais eficiente e rentável.
REFERÊNCIAS:
Fabris, T. F., J. Laporta, A. L. Skibiel, B. Dado-Senn, S. E. Wohlgemuth, and G. E. Dahl. Year. 2019. Effect of heat stress during the early and late dry period on mammary gland development of Holstein dairy cattle. J. Dairy Sci. 103:8576–8586.
Tao, S., I. M. Thompson, A. P. A. Monteiro, M. J. Hayen, L. J. Young, and G. E. Dahl. 2012. Effect of cooling heat-stressed dairy cows during the dry period on insulin response. J. Dairy Sci. 95:5035– 5046.











































