Há cerca de 11 anos com produção de ciclo completo em sistema ILP (Integração Lavoura Pecuária), na cidade de Nova Mutum (MT), a Agropecuária Passo do Lobo alcançou uma taxa de desmama de 85,1% na Safra 2021/2022. Localizada às margens da BR-163, a fazenda produz cerca de 100 mil arrobas numa área de 1,5 mil hectares.
Numa outra área de 1,5 mil hectares da propriedade, por ano são produzidas cerca de 100 mil sacas soja no período de safra, sendo que na safrinha a área é destinada à produção de 100 mil sacas de milho e pasto para os animais na desmama. Os 3 mil hectares restantes, que correspondem à 50% da fazenda são destinados à preservação de mata nativa.
Há 17 anos instalado em Nova Mutum, o engenheiro agrônomo Florian Diez, que é proprietário da Passo do Lobo, explica que a mudança para sistema ILP se deveu à necessidade de aumentar a rentabilidade da propriedade.
“Se a gente quiser continuar na pecuária, temos que sempre melhorar os resultados e procurar rentabilizar o máximo, porque tem sempre a lavoura concorrendo com a atividade que a gente desempenha aqui”, salienta.
Confinamento de Recria
Desde a modificação do sistema produtivo da Fazenda, os animais que são desmamados no outono, ficam no pasto até o início do mês de setembro e, então, a recria é concluída em confinamento.
“As áreas de pasto precisam dar lugar novamente à lavoura, ao mesmo tempo em que as bezerras precisam continuar a crescer para entrar em reprodução em novembro/dezembro”, explica Eduardo Catuta, que é Gerente Regional de Bovinos de Corte da Agroceres Multimix.
Segundo Catuta, a recria em confinamento foi desenhada para simular a condição intensiva a pasto e isso é garantido com a suplementação de proteico energético. O controle dos custos é mantido com a adoção de grãos e subprodutos disponíveis na região.
“A gente está sempre tentando ver a melhor relação custo-benefício pra suplementação dos animais”, observa Diez. “E isso é um processo sem fim, que vai fazer parte do sistema produtivo daqui pra sempre”, completa.
Um outro cuidado adotado no confinamento dos animais na Fazenda Passo do Lobo é o de fornecer um alimento que se assemelhe ao que os animais irão encontrar no pasto após esta fase. Esse cuidado facilita a readaptação dos animais, evitando mudanças bruscas.
A prática, segundo o gerente regional da Agroceres Multimix, permite reduzir o período de recria, de 17 para sete meses, antecipando a vida Produtiva do animal em quase um ano.
Precocidade
Durante a recria, os animais da Fazenda Passo do Lobo são desafiados a emprenhar precocemente. Segundo Eduardo Catuta, a precocidade é importante tanto para a seleção dos animais, como para garantir a rentabilidade da produção.
Na safra 2021/2022, a Fazenda Passo do Lobo atingiu 93,5% de índice de fertilidade de vacas, sendo que o índice foi de 91,9% em primíparas. Na safra 2022/2023, os índices de fertilidade saltaram para 95% em vacas e 92,8% em primíparas.
Em novilhas desafio, o índice de fertilidade foi de 80,5% na Safra 2021/2022 e 83,8% na safra 2022/2023. Com uma taxa de desmama de 85% na Safra 2021/2022, conforme já citado anteriormente, a propriedade alcançou um índice de 195,7 Kg de desmamados por hectare e 193,1 kg por vaca exposta.
“A gente tenta fazer mudanças pequenas em épocas que não sejam muito críticas”, salienta Florian Diez. “Então, a maioria dos animais que forem inseminados enquanto estão no confinamento de recria, vão passar ainda um tempo e não vão sair logo após a inseminação, simplesmente para evitar mudar a realidade deles”, completa o proprietário, lembrando que isso poderia comprometer a prenhez.
Carne de Qualidade
Segundo Eduardo Catuta um dos maiores erros que podem ser cometidos por um pecuarista na região do Mato Grosso é a adoção do termo “vaca de descarte”. Isso porque, segundo ele, a carne oriunda de novilhas é de excelente qualidade.
“Muitos programas de qualidade de carne não aceitam nem machos castrados, optando apenas por fêmeas”, afirma o gerente regional da Agroceres Multimix. “E esse deve ser um gancho pra que o produtor invista em tecnologia na cria e poder antecipar a estação de monta em um ano é muito interessante”, completa.
Segundo Catuta, nem todas as novilhas emprenham durante o confinamento de crescimento e o produtor deve estar atento para o que chama de “virar a chave”, que é dar outra destinação a esse animal. “Carne sempre vale mais que bezerro”, observa.
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