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Nova América decola com gestão afinada

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Confinamento de gado Nova America

Confinamento de gado: Projeto conduzido por Roberto Rezende Barbosa e seu filho, Fábio, no interior paulista, mostra novo perfil do confinamento brasileiro.

Os galpões de gado leiteiro da Fazenda Nova América, em Tarumã (SP), estavam praticamente abandonados em 2007, quando o empresário Roberto Resende Barbosa assumiu a propriedade, após uma divisão de ativos da família, ex-detentora da marca Açúcar União. Sem interesse pelo leite, ele decidiu transformar as instalações em um confinamento de gado de corte, administrando-o de forma tradicional até 2018, ano que representou um divisor de águas para o projeto. Com um estudo de viabilidade econômica elaborado pelo Rabobank em mãos, o produtor constatou que a atividade poderia ser bem mais lucrativa do que imaginava, se assumisse perfil profissional.

Começava aí um novo ciclo, marcado, ao mesmo tempo, pela boa gestão financeira de Fábio Rezende Barbosa (sócio do pai no negócio) e pela consultoria nutricional da Agroceres Multimix, que acompanhou toda a evolução do projeto nos últimos quatro anos. A família Rezende Barbosa é considerada um dos grandes “clãs” do setor sucroenergético do País, com canaviais a perder de vista, lavouras de milho e soja, além da pecuária intensiva. “Decidimos apostar no confinamento porque ele é complementar à agricultura. Temos muita oferta de grãos na região, o que nos garante alimento a preços competitivos para o gado”, diz Fábio.

Além dos antigos galpões leiteiros cobertos com capacidade para 2.000 cabeças, o confinamento ganhou novas linhas de cocho a céu aberto (o que elevou a capacidade estática do projeto para 4.500 animais). A família investiu também em um curral antiestresse, modernos caminhões misturadores/distribuidores, um galpão de insumos e silos de superfície. Para minimizar riscos, a operação foi totalmente lastreada em tecnologia e gestão. “Nossa preocupação, desde o início, era garantir uma margem de lucro satisfatória e constante”, explica o executivo, frisando que a ordem é operar com 100% de hedge, desde a compra de insumos até a venda do boi gordo, travando uma margem de lucro pré-acordada. “Esse nível de profissionalização é fundamental no atual estágio do confinamento brasileiro, que assume riscos elevados, seja em função do custo do boi magro seja dos grãos”, diz Fábio.

confinamento de gado - agBlog


Arbitragem financeira

A margem de lucro pré-estabelecida define a quantidade de animais confinados pela Nova América a cada ano. “Podemos engordar de 7.000 a 11.000 cabeças; fazer de 1,8 a 2,5 giros, tudo depende do mercado”, salienta o produtor, que se guia pela chamada “arbitragem financeira”. Se a margem for alta, ele compra mais gado para engorda; se for baixa, reduz as aquisições. “Preferimos ganhar pouco sempre do que muito de vez em quando”, salienta Fábio. O resultado médio, contudo, tem sido atrativo: lucro de 2,5@ por animal.

O hedge dos animais é feito em várias operações. “Não tentamos acertar o olho da mosca”, completa Fábio Dias, gerente de pecuária da Nova América. Ele começou no grupo em 2007, ainda como trainee, justamente na área financeira, e levou sua experiência para o negócio pecuário. Segundo Dias, todas as operações do confinamento são planejadas um ano antes, com base em dados coletados com rigor e processados por meio de software especializado. “Evoluímos bastante nos últimos anos na área de gestão”, garante.

“As instalações de engorda funcionam o ano inteiro, inclusive nas águas, quando são usados apenas os antigos galpões de gado leiteiro adaptados para corte, que hoje têm capacidade estática para cerca de 2.000 animais”, explica Fernando Costa Duarte, gerente regional de bovinos da Agroceres Multimix. O trato é automatizado, com registro preciso da quantidade de ração distribuída. Todo o esterco é coletado para compostagem e usado na lavoura de cana

confinamento de gado - agBlog


Desempenho animal

Segundo Dias, os animais são abatidos com 19,5 a 20@ e cerca de 75% atingem o padrão China (menos de 30 meses de idade). No ano passado, o ganho médio diário (GMD) ficou em 1,61 kg/cab e o ganho médio de carcaça (GMC) em 1,06 kg/cab/dia. “Tivemos um consumo de matéria seca equivalente a 2,2% do peso vivo e a eficiência biológica, que é quanto um animal come pra produzir uma arroba, foi de 156 kg”, relata o gerente de pecuária da Nova América.

Outro diferencial do confinamento de gado, segundo Fernando Duarte, da Agroceres, é a qualidade da alimentação fornecida ao gado. “A empresa trabalha com silagem de milho contendo alto percentual de grãos (o que reduz custos), além de grão úmido e snaplage. É uma ração rica em amido”, explica o técnico, que vê grande evolução na parte zootécnica do Confinamento Nova América. “Hoje, estamos trabalhando com ajustes finos e buscando melhoria contínua do manejo”, diz.

A venda dos animais ao frigorífico é feita pelo rendimento de carcaça pré-fixado (entre 53% e 56%, dependendo do lote), devido à diversidade genética dos animais, característica da região. “Engordamos desde animais Nelore e cruzados de várias raças de corte até mestiços leiteiros. Aqui é como um shopping center que tem lojas Marisa ou C&A e também Prada, Chanel”, brinca Fábio, lembrando que o desempenho varia muito de lote para lote, mas o que importa é a margem por cabeça. “Neste ano, tivemos dificuldade para comprar gado bom, mas estamos tendo retorno 25% superior, porque nos posicionamos bem na compra de insumos”, explica.


Recria é diferencial

Para reduzir um pouco a discrepância entre os lotes e melhorar ainda mais o resultado financeiro do confinamento de gado, a empresa decidiu investir na recria, feita na Fazenda São Fernando, na região de Marília (SP). Essa propriedade tem 2.600 ha, dos quais 1.300 são de mata nativa. As pastagens foram piqueteadas, reformadas, adubadas, equipadas com bebedouros artificiais e cochos para a suplementação dos animais, que passou de 0,1% para 0,3% do peso vivo.

Todo esse trabalho foi feito para aumentar a participação de animais de recria própria dos anteriores 15% para 30% do total confinado, reduzindo assim a compra de bois magros. “Também investimos muito, nos últimos anos, no treinamento da equipe, com apoio da Agroceres. Todo mundo hoje trabalha com meta individual, o que aumentou o índice de produtividade”, assegura Dias.

 

Autora: Maristela Franco, editora chefe da Revista DBO.


Nutrição Animal – Agroceres Multimix

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