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Estrutura e local do cocho: detalhe ou obrigação?

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estrutura de cocho

Imagine-se entrando em um restaurante, com fome, esperando encontrar uma boa comida. Ao entrar no restaurante, é informado que terá que aguardar alguns instantes, pois todos os pratos estão sendo utilizados pelos clientes que chegaram antes de você.

Como se sentiria? Agora, vamos para uma outra possibilidade.

Imagine entrar nesse mesmo restaurante e se deparar com pratos em diferentes situações:

        • alguns sujos,
        • outros rachados,
        • alguns rachados e sujos,
        • posicionados de qualquer maneira sobre a bancada.

Qual seria a sua reação? Você colocaria uma comida de qualidade em um prato sujo ou quebrado?

Assim como ter o prato no restaurante limpo e adequado ao público, ter o cocho em boas condições e ajustado à estratégia que escolhemos “servir” aos animais é fundamental.

O cocho desempenha o papel de receber e disponibilizar aos animais alimento de boa qualidade, sendo condizente com a estratégia de suplementação empregada!

Sendo assim, a estrutura e disponibilidade de cocho estão diretamente relacionadas ao bom desempenho dos animais. O planejamento e implantação dos cochos devem ser encarados como um projeto crucial dentro da fazenda, sendo esse um dos pilares do sucesso de um programa de suplementação.

Para te ajudar, nos tópicos que seguem, estão listados os principais pontos que devem ser levados em consideração quando o assunto é estrutura de cocho:

  1. Localização: normalmente, o indicado é que o cocho esteja próximo à fonte de água, mas nem sempre é assim que acontece. Isso, porque estratégias mais modernas de suplementação, baseadas no uso de ração (como RIP e TIP), recomendam que o cocho esteja cerca de 80 a 100 metros distante do bebedouro, evitando que o animal suje o mesmo com o alimento que ainda possa estar na boca. Além disso, é indicado que o cocho esteja posicionado a, no mínimo, 15 metros de distância das cercas e divisas, permitindo respeitar a zona de fuga do animal (região delimitada pelo animal, onde ele se sente seguro).
  2. Acesso: busque posicionar o cocho em locais de fácil acesso, tanto para os animais, como para o responsável pelo abastecimento. Ter fácil acesso ao cocho facilita não só o consumo pelos animais, mas também a rotina de abastecimento. Pode parecer meio óbvio, mas é comum nos depararmos com situações de difícil acesso aos cochos. Sendo assim:
    – evite locais que possam alagar ou formar lama,
    – preste atenção à presença de pedras ou outros objetos que, além de atrapalhar o acesso ao cocho, podem machucar o animal.
    É importante garantir que o animal se sinta seguro no local onde irá buscar alimento, água e descanso.
  3. Material: dê preferência a materiais resistentes e de fácil limpeza. Existem boas opções de materiais no mercado, como:
    – concreto,
    – madeira tratada,
    – metal galvanizado,
    – borrachão (esteira transportadora de minério).
    A escolha do material deverá levar em consideração o tipo de suplemento que será fornecido aos animais, por exemplo, para suplementação de sal mineral não são recomendados cochos de concreto e metal, pois esses materiais sofrem corrosão. Lembre-se que o barato, às vezes, sai caro se o material escolhido, por ser mais “em conta”, demandar muita manutenção.
  1. Estrutura do cocho: cochos elevados do solo possibilitam a melhor conservação do alimento ofertado, diminuindo o risco de contaminação por fezes, urina, lama, entre outros. A altura do cocho (medida do solo até a borda superior da estrutura) deve possibilitar que todos os animais alcancem o alimento disponibilizado.

No caso de bezerros, os cochos de creep feeding devem ficar entre 40 e 50 cm de altura. Para animais em recria, essa altura deve ser entre 60 e 70 cm. Já para animais em engorda, a altura poderá ser ao redor de 1 metro. Uma proteção pode ser fixada na parte aérea do cocho, para evitar que os animais transitem sobre a estrutura.

estrutura de cochoUm outro ponto que deve ser levado em consideração sobre a estrutura de cocho é a sua cobertura. Essa atenção com a cobertura do cocho deve existir quando o objetivo for trabalhar com estratégias de fornecimento semanal (proteinado e RIP) durante o período das águas. No caso de suplementos de rápido consumo, como proteicos energéticos, mesmo nas águas, não existiria a obrigação de ter os cochos cobertos.

Alimentos farelados, quando molhados, podem estragar facilmente e, com isso, o consumo dos animais será comprometido. Outro ponto de atenção são os suplementos com ureia; quando ocorre o empoçamento da água em contato com a ureia, pode ocorrer intoxicação e morte dos animais, caso esse material seja consumido (água com ureia diluída).

5.Tamanho do cocho: os bovinos são animais que vivem em grupos, o que pode gerar uma competição pelos recursos, quando escassos, devido à hierarquia de dominância e liderança. Alguns indicativos podem alertar para falta de área de cocho:

  • Animais nas cabeceiras do cocho para acessar o suplemento. O famoso “comendo pelas beiradas”, na suplementação a pasto não é um bom sinal;
  • Brigas no entorno da área de cocho, disputa clara por espaço e alimento;

  • Padrão de fezes heterogêneo, indicando que nem todos os animais estão consumindo o mesmo alimento;
  • O chamado fundo de lote, onde animais dominantes conseguem acesso ao alimento e, assim, apresentam ganho de peso satisfatório, enquanto os demais acabam apresentando desempenho abaixo do esperado (fundo de lote) por não consumirem suplemento.

Para definir o tamanho do cocho deve-se levar em consideração o número de animais e tipo de suplemento, ou ração que será fornecido.

Para suplementação que será consumida ao longo do dia, o cocho pode ter um tamanho menor. Já para suplementos consumidos rapidamente, maior área de cocho será necessária para garantir que todos os animais tenham acesso ao alimento ao mesmo tempo.

 Quadro resumo:

Lembre-se

Em um restaurante, os pratos podem parecer apenas um detalhe na engrenagem de um bom estabelecimento, mas na realidade são ferramentas fundamentais para o seu sucesso. Os cochos devem ser vistos da mesma maneira.

Dedique tempo e atenção ao planejamento e à manutenção dessa estrutura que, como toda boa ferramenta, quando bem projetada e bem cuidada, desempenha um papel fundamental na nutrição e no desempenho dos animais.

E não menos importante: de nada vale um bom prato vazio! Fiscalize o cocho regularmente, não deixe que falte comida, siga o planejamento e avalie se os resultados estão de acordo com os objetivos. Um bom manejo é fundamental para o sucesso do projeto.

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