Silagem: Você sabe como amostrar?
Conhecer a composição química dos alimentos é de fundamental importância na nutrição animal. Para tanto, um dos recursos que podem auxiliá-lo nessa tarefa são as análises específicas em laboratórios, que determinam os nutrientes necessários para a formulação de dietas, incluindo a silagem.
Um processo importante que permite conhecer as informações de determinado material, através de pequenas porções representativas do mesmo, é a amostragem. Quando executada de forma correta, ela garante a manutenção das características do alimento, avaliado por meio das análises laboratoriais, permitindo a obtenção de bons resultados zootécnicos. O método de coleta varia de acordo com o alimento que será analisado, assim como, o que se deseja analisar. Entretanto, independente da análise a ser realizada, a amostra retirada deve representar fielmente o material original do qual ela foi recolhida.
Grande atenção deve ser dada às fontes forrageiras, pois geralmente representam a maior parte das dietas e são as que possuem maior variação em sua composição, em relação aos demais ingredientes. Especialmente no caso de silagem, que podem haver diferenças significativas na composição química da massa de forragem em relação à localização da amostragem no painel do silo, a retirada de amostra deve ser criteriosa (Jobim et al., 2007).
A seguir estão os passos e os cuidados a serem tomados na coleta de amostras:
1) Identificação da amostra (Figura 1):
– Local e data da coleta;
– Tipo de alimento e método de conservação (caso tenha duplicidade do tipo de amostra, torna-se necessária a identificação para diferenciar. Ex.: silagem de milho A e B);
– Nome do responsável pela coleta;
– Análises a serem solicitadas;
– Informações adicionais – relevantes – do material, quando houverem, podem ser enviadas.
2) Coleta de amostras:
– Coletar amostras da superfície do silo em até 15cm de profundidade, em pelo menos 5 pontos, conforme figuras: 2,3 e 4. Um aspecto importante a ser considerado é que, quanto maior o silo, maior a necessidade de aumento no número de pontos a serem amostrados, para garantir boa representatividade (figura 5). Embora a representatividade da coleta seja importante, regiões deterioradas devem ser descartadas, tanto da coleta quanto da alimentação dos animais no manejo diário.
– Outra opção é a amostragem no material desensilado, que seria o mais semelhante daquilo que o animal irá comer. Amostragem de forragem do vagão (contendo somente forragem): coletar 5 a 10 pontos bem distribuídos.
– Amostragem durante a ensilagem (forragem fresca):
Coletar 15 a 20 amostras ao longo do dia de corte da forragem, durante o descarregamento do caminhão. Esse maior número de amostras deve ser realizado, considerando que o transporte no vagão, ou carreta, tende a separar as partículas por peso e tamanho. Desse modo, partes da planta, como: colmo, folhas e grãos podem ser segregados levando a erros de amostragem. Além disso, material proveniente de talhões com diferentes características bromatológicas podem ser direcionados para o mesmo silo.
2.1) Preparo das amostras:
– Juntar em uma superfície plana (lona, plástico), todas as amostras coletadas anteriormente e misturar (Figura 6).
– A partir desse “monte de forragem”, realizar o quarteamento (técnica que mantém a representatividade em amostras menores) para compor a amostra final. Nivelar o monte, dividir em quatro partes iguais e excluir duas partes opostas (Figura 7). Se a amostra ainda for muito grande, repita todo o procedimento de quarteamento até obter o tamanho adequado da amostra.
– Deve-se tomar muito cuidado para não causar segregação das partículas de tamanhos diferentes, quando a amostra for coletada. A figura 8 mostra duas formas de coletar amostras de silagem. Por exemplo: se a amostra é coletada com a mão de cima para baixo, com os dedos voltados para baixo, é muito provável que as partículas mais finas escorreguem e fiquem fora da amostra. Não selecionar partículas como palha e sabugo, pois eles fazem parte da amostra.
– Ao final, coletar uma porção (aproximadamente 300 gramas), colocar em saco adequado, compactar a amostra para expulsar o ar e vedar bem com fita adesiva (Figura 9). É importante que a amostra fique bem compactada, para que não haja deterioração; ou colocar em saco próprio para embaladora a vácuo.
3) Envio ao laboratório
Enviar a amostra devidamente identificada para o laboratório, preferencialmente no mesmo dia da coleta. Quanto menor o tempo entre a coleta e a análise, maior a preservação das características do material a ser analisado.
Atenção especial deve ser dada à coleta e ao transporte, principalmente no que se refere à forma e ao tempo de transporte, uma vez que se trata de um material fermentado, em que as condições de temperatura, umidade e contato com o oxigênio podem levar a um aumento de contaminação e consequente degradação da amostra, gerando resultados pouco confiáveis sobre sua composição química e condições de armazenagem/conservação.
O congelamento é importante para cessar a atividade dos microrganismos, preservando as características físico-químicas da silagem e, dessa maneira, obter um resultado confiável ao final da análise bromatológica. Porém, no caso de envio por correios, em função do tempo de entrega, o gelo derrete no caminho e acaba contaminando a amostra, o que pode prejudicar os resultados (Figura 10). Portanto, seria mais interessante – como foi falado anteriormente – compactar a amostra, expulsar o ar e vedar com fita adesiva.
Em resumo, a correta identificação, amostragem representativa, conservação adequada e envio da amostra de forma preservada, são ações fundamentais para garantir que o material analisado seja o mais próximo daquilo que os animais realmente ingerem. Desse modo, maior será a precisão na formulação das dietas e, consequentemente maximização do potencial produtivo dos animais.