RIP ajuda produtora do MT a encurtar ciclo e fazer boi-China, em menos de 12 meses
No começo deste ano, a jovem produtora Carolina Marques Miranda Milhorato de Oliveira, 28 anos, diretora de pecuária da Fazenda Madrugada, em Brasnorte, MT, se viu diante de um grande desafio — fazer uma bezerrada desmamada, adquirida na região, chegar ao abate em menos de 12 meses, para cumprir o cronograma financeiro da propriedade de 4.644 ha, pertencente à mãe, Cidalia Marques Miranda.
A empreitada era difícil, porque a Fazenda Madrugada não tem confinamento. Dedica-se à integração lavoura-pecuária (ILP), com recria/engorda de 1.500 animais exclusivamente a pasto. Como, então, conseguir que os animais de oito meses, pesando uma média de 220 kg em março/abril, atingissem 420 kg até outubro ou novembro, para que pudessem ser engordados e abatidos antes de “fazer aniversário” na fazenda?
Carolina decidiu, então, discutir o problema com Guilherme Martini Bueno, consultor técnico da Agroceres no MT. “Por que você não faz recria intensiva a pasto (RIP), fornecendo aos animais o equivalente a 1% de seu peso vivo em ração?”, sugeriu ele, acrescentando que a Fazenda Madrugada tinha um trunfo para uso da técnica: os excelentes “pastos de safrinha”, provenientes da ILP. Com forragem de qualidade mais ração no cocho, os animais chegariam facilmente ao peso-meta para terminação intensiva a pasto (TIP), sistema de engorda que Carolina já usa há algum tempo.
Sucesso total
Sugestão aceita, a jovem produtora ajustou instalações e mão de obra para colocar o projeto em andamento. Hoje, comemora os bons resultados. “Temos três lotes na RIP, somando 437 animais. As pesagens de agosto apontaram ganho de 830 g/cab/dia, um desempenho muito bom. A cabeceira do lote vai atingir a meta de 420 kg para engorda em outubro. Isso significa que conseguimos encurtar a recria em quatro meses. Com mais 105-110 dias de engorda, vamos conseguir abater a cabeceira em janeiro. Um sucesso total”, comemora Carolina, que destinará os animais para o mercado chinês, hoje muito atrativo, pagando ágios de R$ 10 a R$ 15/@.
Segundo ela, a ideia é usar a RIP, nos próximos anos, em pelo menos parte dos animais recriados na fazenda. “Estamos aumentando gradativamente o rebanho. Há cerca de três anos, decidimos ampliar a área destinada à pecuária nas áreas mais arenosas da fazenda, porque elas garantiam uma boa safra de verão (soja), mas não um segundo cultivo em safrinha. Produzir carne na seca, em pastos temporários com suplementação, viabilizou essas áreas economicamente”, justifica.
A meta da empresa, segundo Carolina, é recriar/engordar cerca de 5.000 cabeças, com ciclo anual. “Se você perguntar pra mim onde eu me vejo daqui há três anos, vou responder que me vejo fazendo recria intensiva na fazenda inteira, mas, por enquanto, estamos indo devagar, porque ainda temos mais pastagens do que capacidade de compra de gado. A RIP é especialmente vantajosa quando se trabalha com maiores lotações (4-6 cab/ha), pois dilui-se custos fixos”, conclui.
Autora: Maristela Franco, editora chefe da Revista DBO.