Recria de bezerros em confinamento
Quando pensamos em confinamento, automaticamente nos vem à cabeça o uso desta estratégia como ferramenta para a engorda dos animais. No entanto, nos últimos anos, vimos crescer o uso desta estratégia também nos seguimentos de cria e, principalmente, de recria.
Quando pensamos em confinar animais em recria, precisamos ter muito claro o objetivo da estratégia, dado alguns cuidados que devem ser levados em consideração quando comparamos o confinamento de recria ao de engorda.
Abaixo, listei as 6 principais perguntas que recebo frequentemente quando o assunto é recria de animais no confinamento. Espero que você goste e, caso tenha mais alguma dúvida ou questionamento sobre o assunto, deixe seu comentário no final do texto.
1) Quando podemos optar por confinar a recria?
Esta pergunta é muito importante, uma vez que, no confinamento de recria podemos dividi-lo em dois tipos distintos: sequestro e recria confinada.
Sequestro: período de 40 a 60 dias, no qual os animais são retirados do pasto e “sequestrados” no confinamento, logo após as primeiras chuvas (transição seca-águas). Essa estratégia tem como acelerar a formação do pasto de águas.
Recria confinada: estratégia utilizada em fazendas muito intensivas, que possuem alta lotação no período das águas e optam por não ter áreas diferidas. Nesse caso, pensando na reposição dos animais na seca, os animais entrariam direto para o confinamento.
2) Quais as vantagens de confinar a recria?
As principais vantagens do confinamento de recria são:
- Compra estratégica de bezerros (propicia compra de bezerros na época de melhor desmama disponível, ou preço interessante);
- Interessante custo da @ produzida na época de seca;
- Aliviar a taxa de lotação da fazenda;
- Encurtamento do ciclo produtivo;
- Aumento da produtividade de fazenda.
3) Como conduzir o confinamento de recria?
Sequestro (período curto): Nessa modalidade podemos trabalhar com dietas com menor nível de volumoso (mais energéticas) por se tratar de um período curto, sempre se atentando ao teor de proteína, energia, proteína degradável no rúmen e proteína microbiana, para não afetar a taxa de crescimento dos animais.
Recria confinada (tempo logo): Quando os animais excedem 80 dias fechados, precisamos nos atentar à dieta fornecida e à taxa de ganho de peso imposta para não comprometer o retorno ao pasto. Normalmente, o que se trabalha são dietas com menor densidade energética (mais volumoso), visando GMD (ganho médio diário) da ordem de 0,600 a 0,750 kg/dia. No caso de falta de volumoso disponível na fazenda (dietas com mais concentrados), trabalha-se restringindo o consumo dos animais.
4) Qual os cuidados em relação às dietas utilizadas?
Restrita: Quando limitamos a quantidade de ingestão para atingirmos o desempenho-meta. Nessa modalidade precisamos de alguns ajustes na estrutura para que todos os animais consigam consumir a dieta de forma igual. Também precisa de alguns ajustes na baia para evitar que os animais saiam. Normalmente, trabalha-se com essa estratégia quando não possui grande quantidade de volumoso ou subprodutos para ajustar a dieta. Ou quando não há opção de fazer dieta específica para a recria e utiliza dieta de engorda. Nessas estratégias precisamos restringir o consumo para atingir a meta de desempenho adequada para a estratégia.
À vontade: Na dieta à vontade precisamos pensar em ter alimentos de baixo valor energético para conseguirmos que os animais atinjam a saciedade e obtenham o desempenho desejado. Alguns alimentos que funcionam super bem para essa estratégia são silagens e fenos, assim como os subprodutos menos energéticos (ex.: casca de soja).
5) Quais cuidados no retorno ao pasto?
Precisamos manter a suplementação adequada para evitar a perda do trabalho que foi feito no confinamento. Ou seja, temos que manter o nível nutricional, nunca baixar. Para isso é necessário avaliar a pastagem, sistema de pastejo e após isso ajustar a estratégia para que os animais continuem em fase crescente de desempenho. Normalmente, trabalha-se com suplementação proteica energética, ajustando o teor proteico e a quantidade fornecida a partir da qualidade do pasto disponível para pastejo.
6) Quais os principais desafios quando se trabalha com recria confinada?
Não podemos nos esquecer que se trata de confinamento e, nesse caso, precisamos do mesmo cuidado com a formulação da dieta, distribuição de trato, qualidade da água, horários e protocolo sanitário.
Quando trabalhamos com uma dieta à base de silagem ou feno, bagaço ou subprodutos úmidos, precisamos estar muito atentos ao controle da matéria seca e a qualidade desses produtos, ajustando seu valor na planilha que origina o trato.
Ajustes na estrutura são necessários quando trabalhamos com dieta restrita. Espaçamento de cocho adequado para evitar competição e, normalmente, são necessários ajustes na altura da cordoalha para evitar que os animais saiam das baias.
Lembre-se!
Confinamento é gestão de processos e rotina. Independente se ele for de cria, recria ou engorda, preste muito atenção aos detalhes e dia a dia da operação!
Estou com alguns bezerros de 15 dias. Quero criar no sistema de confinamento… preciso de algumas orientações em relação a como alimentá-los e o espaço relacionado a cada bezerro.
Olá Leacy, temos vários textos e vídeos aqui no agBlog e agroFlix sobre confinamento. Minha sugestão é que você de uma olhada neles, acredito que irá te ajudar a pensar em como delinear seu confinamento.
Para ajudar, segue o link da websérie Confinatto https://agroflix.com.br/series/geracao-confinatto/ .
Respondendo à sua pergunta, em um confinamento convencional, no período sem grande incidência de chuvas, temos trabalhado de 12 a 16 m2 por animal.
Grande abraço e sucesso por ai.