Geração agPastto: Período das águas
Agora que já discutimos o “porquê” de suplementar os animais no período das águas, surge a dúvida: quanto custa tratar com proteinado?
O primeiro ponto que devemos considerar é: visto que a produção animal no período das águas é favorável somente com o uso do sal mineral, qualquer desembolso extra, deve ser “pago” pelo ganho adicional conquistado com o uso da tecnologia em questão. Explicando melhor, se um animal está em um pasto de Braquiária, consumindo sal mineral, e seu GMD (ganho médio diário) esperado é de 0,600 kg, o custo adicional gerado pela utilização do suplemento proteico deve ser pago pelo GMD adicional conquistado. Como já vimos no texto anterior, com o uso de suplemento proteico no período das águas o GMD adicional esperado é da ordem de + 0,150 kg/dia, ou seja, no exemplo descrito, o GMD esperado dos animais ao receberem proteinado seria de 0,750 kg/dia.
Mas então, quanto custa um proteinado?
Normalmente, o desembolso adicional (descontando o custo do sal mineral da conta) de um proteinado de águas varia entre R$0,20 a R$0,40 por cabeça por dia. Mais uma vez explicando a origem dos números, afinal, com número não se discute, temos: se o custo por cabeça por dia com suplementação mineral for de R$0,15, ao passar para suplementação proteica, com um custo diário de R$ 0,35, o custo adicional gerado pela suplementação proteica é de R$0,20 (R$0,35 – R$0,15). Cabe dizer que, esses valores podem variar de acordo com cada região, se o suplemento é produzido na fazenda ou se é comprado pronto, entre outros pontos econômicos. O importante nesse momento é que cada pecuarista entenda o raciocínio que está sendo desenvolvido, para aplicá-lo considerando os números da sua realidade.
Conhecendo então o desembolso adicional necessário para fazer uso do proteinado, cabe agora avaliar o risco desse investimento se pagar ou não. De forma bem simplista, uma maneira de fazer essa análise é ponderar o risco do retorno sobre o investimento feito a partir do calculo do GMD que o animal precisa ter para pagar o desembolso adicional realizado.
Seguindo no nosso exemplo (em que o desembolso adicional foi de R$0,20), para avaliar o risco da suplementação proteica, precisamos calcular qual é o GMD que permitirá uma receita que zere o gasto com a suplementação e as chances de prejuízo. Para isso, precisamos saber quanto vale – financeiramente – 1 kg de peso vivo (PV) para assim poder calcular o GMD necessário para gerar uma receita que equivalha a R$0,20. Vejamos.
Assumindo que o valor de venda da arroba que será produzida seja R$150 e considerando um rendimento de carcaça de 50%, temos que 1 kg de PV custa R$5 (R$ 150 / 30). Pois bem, agora ficou fácil, basta fazer o cálculo usando a famosa regra de três: se 1 kg de PV vale R$5, qual o GMD que o animal precisa ter, para gerar uma receita que equivalha a R$0,20?
1 kg PV | ———- | R$ 5,00 |
kg PV | ———- | R$ 0,20 |
Resolvendo:
Temos então que, para zerar o custo adicional com a suplementação, o animal precisaria apresentar um ganho adicional de 0,040 kg (40 gramas), pagando assim o investimento feito.
Com esses números em mãos, é possível agora avaliar o risco da estratégia. Como já mencionado, a expectativa de GMD adicional com o uso da suplementação proteica no período das águas é de 0,150 kg/dia enquanto que o GMD necessário para pagar sua adoção é 0,040 kg/dia. Nesse caso, o “lucro” do proteinado foi equivalente a 0,110 kg de boi por dia ou R$0,55 (R$5 x 0,110kg).
Quanto maior for a distância entre o GMD necessário para pagar o investimento e o ganho esperado, menores são os riscos da estratégia a ser adotada. Pense, por exemplo: se o resultado obtido com a adoção do proteinado for a metade do esperado (0,075 kg), ainda assim a estratégia estaria dando lucro para o produtor. No exemplo citado, para ter prejuízos com a adoção da estratégia, o animal precisaria apresentar GMD adicional inferior a 40 gramas. Veremos em outro momento que, suplementações de maiores consumos, por apresentarem um desembolso diário por cabeça maior, ao fazermos está simples análise, concluímos que são estratégias que apresentam maior risco para o produtor por demandarem um GMD adicional maior.
Com o baixo GMD necessário para pagar o investimento, fica claro que o proteinado é uma estratégia segura do ponto de vista de investimento.
Uma outra análise é a avaliação do custo-benefício da estratégia. Vejamos: ao usar o proteinado, o GMD adicional foi de 0,150 kg, sendo o GMD necessário para pagar o investimento de 0,40 kg, ou seja, temos uma receita de R$0,75 (R$5/kg x 0,150 kg/dia) para um custo de R$0,20 adicionais. Dividindo um pelo outro, temos que: para cada R$ 1,00 investido, retornam para a fazenda R$ 3,75 (R$ 0,75/ R$0,20).
Além de todos valores apresentados até aqui, cabe ainda levantar um último número: o custo da arroba adicional produzida com o proteinado. Para isso, mais uma vez assumimos que a expectativa de ganho de peso adicional seja de 0,150 kg, e que 1 arroba representa 30 kg de peso vivo (RC = 50%). Dividindo um pelo outro, temos que o período para que o animal ganhe uma arroba adicional (em relação ao uso de sal mineral) seria de 200 dias (30 kg / 0,150 kg ̄ ¹). Basta agora multiplicar o número de dias pelo custo adicional gerado pela estratégia, ou seja, R$ 0,20 x 200 dias, o que resulta em uma arroba adicional produzida a um custo de R$40.
Ao comparar o custo da arroba produzida (R$ 40,00), com o valor de venda ( 150,00/@), essa, com toda certeza, seria a arroba mais barata e a mais lucrativa produzida na fazenda e se, por algum contratempo, esse valor de venda apresente alguma queda, esta precisaria ser menor do que o valor de produção da arroba para poder dar prejuízo, o que dificilmente ocorrerá.
A arroba produzida a pasto na recria, pode ser barata ou extremamente onerosa, tudo dependerá da habilidade de produção e gestão de cada fazenda. Buscar estratégias que maximizem a produção de arrobas por hectare é uma atitude que pode garantir o sucesso do negócio.
Lembre-se:
O pasto é o principal alimento do animal, independente da suplementação adotada, por isso cuide bem dele e garanta que os animais o consumam da melhor forma possível. Isso será determinante para o sucesso do planejamento nutricional escolhido.