A impossibilidade de medir o consumo individual dos animais, mas apenas o consumo médio dentro dos lotes, leva o escore corporal a ser uma ferramenta que possibilita a avaliação do aproveitamento da dieta por cada animal.
A escala de escore corporal mais utilizada para vacas leiteiras é a proposta por Edmonson, sendo que os escores variam de 1 a 5, sendo o valor 1 para uma vaca muito magra e o valor 5 para uma vaca obesa.
A meta de escore corporal no final da lactação e início do período seco é de 3,5 para raça holandesa e de 3,75 a 4,0 para raça girolando e gir.
Assim, é importante estar atento ao escore corporal do animal durante a lactação e, prioritariamente, durante o período seco.
Isso, porque a variação do escore corporal durante o período seco influencia fortemente a produção no primeiro terço de lactação, reprodução e estado de saúde do animal durante sua fase produtiva.
De acordo com Chebel et al., o escore corporal na secagem é explicado, em 40%, pela produção leiteira do animal neste momento. Isso, porque animais pouco produtivos, que permanecem em dietas de vacas de alta produção, rapidamente acumulam escore corporal devido à densidade energética e o proteico da dieta serem superiores ao gasto calórico para a produção de leite.
Daí, a necessidade imprescindível da pesagem, no mínimo mensal ou quinzenal de leite, para o manejo dos animais dentro dos lotes, assim como a secagem de animais poucos produtivos.
Animais com maior escore corporal, com mais dias em lactação e menor produção devem ser manejados para lotes com dietas de menor densidade energética para evitar o aumento do escore corporal.
Ainda de acordo com Chebel et al., a variação do escore corporal durante o período seco é explicada, em 95%, pelo escore corporal na secagem. Desse modo, animais com maior escore corporal quando terminam a lactação, dificilmente perdem condição corporal durante o período seco, enquanto animais secos com menor escore corporal, podem ter ganho de peso durante este período.
Durante o período seco, quanto maior a perda de condição corporal (>0,75), maior a incidência de doenças uterinas e ocorrência de natimortos (em caso de período secos longos, >70 dias).
Quanto aos parâmetros reprodutivos, comparados aos animais que não perdem condição corporal, os que apresentam perda excessiva de condição corporal (>0,75):
- perdem mais gestação,
- possuem menor prenhes por inseminação,
- produzem menos leite,
- produzem menos sólidos de gordura e proteína no leite.
A perda excessiva de condição corporal durante o período seco eleva os teores de ácidos graxos não esterificados (AGNE), que diminuem a resposta dos neutrófilos contra microrganismos.
Os animais que perdem peso no pré-parto estão mais predispostos à ocorrência de doenças uterinas (metrite, retenção de placenta, cetose e deslocamento de abomaso). Com isso, diminuem a probabilidade de emprenhar na primeira inseminação e aumentam a perda gestacional comparado aos animais que não variam escore neste período (Chebel et al, 2018).
Assim, como a perda excessiva de escore, a maior condição corporal (ECC>4,0) no parto aumenta a mobilização corporal no pós-parto, elevando os teores de AGNE no sangue e impactando negativamente no consumo e produção de leite (Gartner et al., 2019).
Portanto, o monitoramento do escore corporal é importante durante toda a lactação, período seco e pré-parto do animal.
Através dele é possível monitorar, individualmente, a utilização de nutrientes em rebanhos, sendo uma variável no manejo dos animais nos lotes, já que animais com excessiva condição corporal devem receber dietas menos densas em calorias (considerando os dias em lactação do animal).
Quanto maior a atenção ao escore corporal, mais acertados são o manejo e as dietas dos lotes, menor é a incidência de doenças uterinas e metabólicas e mais produtivos são os rebanhos.