Início Bovinos de Corte Por dentro do cocho: O que precisamos saber quando falamos em DDG?

Por dentro do cocho: O que precisamos saber quando falamos em DDG?

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DDG

Grãos de destilaria, também conhecidos como DDG e WDG, são coprodutos originados no processamento do milho para obtenção de etanol e estão cada vez mais populares nas dietas de bovinos no Brasil.

Para cada tonelada de milho processada são produzidos, na média, 300 kg de DDG, 430 litros de etanol e 15 litros de óleo, variando de usina para usina. Atualmente, com a produção de etanol na safra 2020/2021 estimada em 2,6 bilhões de litros, serão comercializados cerca de 1,8 milhões de toneladas de DDG, uma quantidade relativamente pequena, frente a demanda aquecida do mercado.

Com a demanda crescente por biocombustíveis, aliada às vantagens em se produzir etanol a partir do milho, as projeções indicam que até 2027/2028 a produção de etanol saltará para 7,5 bilhões de litros, o que levará a uma oferta para o mercado de aproximadamente 5,2 milhões de toneladas de DDG. Com o expressivo aumento na disponibilidade desse insumo, a tendência é que seu preço diminua e, assim como aconteceu nos Estados Unidos, esse insumo passe a ser utilizado como fonte proteica e energética nas formulações.

Para saber como utilizá-lo nas formulações, nada melhor do que a análise do processo de produção do etanol para visualizar os coprodutos que estão sendo gerados e ofertados no mercado.

Basicamente, existem dois tipos de processamento do milho para produção de etanol: o convencional e o com extração da fibra antes da fermentação.

O processamento convencional tem início com a moagem do milho que, após cozido, segue para a etapa de fermentação e destilação, originando o etanol e um material residual. Do resíduo da fermentação e destilação são produzidos 3 outros produtos: óleo, solúveis e o WDG. Os solúveis podem ou não ser incorporados ao WDG e, ao acrescentá-los, origina-se o WDGS. O WDG e o WDGS podem ser comercializados ou ainda passar por um processo de secagem, dando origem do DDG e DDGS.

Existe uma outra planta industrial que envolve a extração da fibra antes do processo de fermentação. Nesta, as etapas iniciais são semelhantes nos dois métodos (moagem e cozimento), havendo a diferenciação antes da etapa de fermentação, em que ocorre a separação da fibra do grão (casca). Após a retirada da fibra, o material que sobra (com maior concentração de amido e proteína), passa pelo processo de fermentação e destilação, originando o etanol e um resíduo. Da mesma forma, esse resíduo origina 3 coprodutos: óleo, solúveis e um coproduto úmido com alta proteína. Esse material proteico poderá ser comercializado úmido ou ainda passar por um processo de secagem. A fibra que foi separada antes da fermentação e destilação (coproduto úmido), também é comercializada com ou sem solúveis, podendo ou não passar pelo processo de secagem. Os dois coprodutos (proteico e fibroso) produzidos por esse método de processamento são, por vezes, comercializados de forma equivocada como DDG, sendo possível encontrá-los no mercado com o nome de DDG com alta proteína e farelo de milho.

fluxograma de produção etanol de milho - ddg

Em resumo:

Devido aos 2 tipos de processamento adotados é possível produzir 3 tipos de coprodutos, com características bem distintas e que, por isso, contribuirão de forma diferente nas dietas de bovinos:

 – WDG/DDG tradicional: são os verdadeiros grãos de destilaria. Apresentam elevada fibra digestível e a maior parte da sua proteína não é degradável no rúmen (PNDR). Podem ou não ser acrescidos de solúveis;

DDG com alta proteína: produto com menor teor de fibra digestível e elevado teor de proteína, sendo a maior parte PNDR. Normalmente, não recebem os solúveis. Se enquadra como uma boa fonte de proteína (PNDR) em dietas/rações ou suplementos a pasto;

Farelo de milho: produto com elevado teor de fibra digestível, baixo teor de proteína, que pode ou não receber os solúveis. O alto teor de fibra digestível contribui para manter um bom ambiente ruminal em dietas com elevada fermentação de amido;

Com os diferentes coprodutos disponíveis no mercado, conhecer o tipo de processamento empregado pelo fornecedor do coproduto é uma forma eficaz de saber qual produto está sendo comercializado, dessa forma é possível avaliar seu custo-benefício e adequar a dieta de maneira mais correta.

Nutrição Animal – Agroceres Multimix

14 COMENTÁRIOS

    • Oá Roque! Com relação ao DDGS de trigo, conhecemos sua possibilidade de uso em dietas para suínos. Em uma comparação rápida com o DDGS de milho, o DDGS de trigo apresenta maior valor de PB, porém, com mais baixa digestibilidade de aminoácidos. Isso pode afetar sua inclusão nas dietas, já que acaba por substituir em maior parte o farelo de soja.

      Aminoácido_______DDGS trigo______DDGS milho_______valor P
      __Arg_____________74,31____________82,83__________<0,01
      __His_____________71,16____________78,28__________<0,01
      __Ile_____________70,20____________75,27__________<0,001
      __Leu_____________77,76____________86,52__________<0,01
      __Lys_____________33,07____________58,45__________<0,01
      __Met_____________72,89____________83,51__________<0,01
      __Phe_____________77,41____________81,21__________<0,01
      __Thr_____________64,05____________70,09__________<0,01
      __Trp_____________63,21____________59,62__________<0,01
      __Val_____________68,14____________75,35__________<0,01
      _Média____________70,67____________78,67__________<0,01

      De maneira geral, sua inclusão acaba por varia entre 10 a 30%. Sua maior, ou menor inclusão, vai depender de seu custo e relação nutricional em comparação ao farelo de soja. Enfim, pode ser um bom ingrediente, se houver boa disponibilidade e custo.
      Quando da possibilidade de uso, o ponto mais importante é fazer uma avaliação nutricional de seus nutrientes (PB, FB, EE, Ca, P aminoácidos e etc.) para, então, desenvolvermos uma matriz nutricional do produto que será ofertado à granja. Assim, vamos compor uma matriz nutricional real do produto a ser utilizado, e não apenas da referência nutricional da literatura. Com esta informação, gerarmos as melhores formulações.

      Esperamos haver esclarecido sobre o uso deste ingrediente. Se houver mais dúvidas, estamos à disposição. Um abraço!

    • Olá Artur. Obrigado por prestigiar o nosso conteúdo. Respondendo à sua pergunta, o DDG não tem nenhuma substância que possa atrapalhar no processo reprodutivo de fêmeas. Não esqueça de se cadastrar para receber nossa newsletter com as atualizações do Blog.

  1. Como faço a conta sobre o farelo de alta proteina perante a soja e o farelo de amendoim que estao na casa dos 46% de P.B…como saber se compensa? Continha basica de proteina? No meu caso..confinamento e proteinados pra corte..

    • Geovani, para saber qual dos ingredientes citados compensa (farelo de soja vs. farelo de amendoim), você poderá fazer uma conta considerando a proteína bruta do alimento. Porém, essa conta deve ser feita com base na matéria seca do alimento. Quando falamos em matéria seca de um alimento, devemos considerar todos os nutrientes presentes, exceto a água. Quanto mais água o ingrediente tiver, menor a sua matéria seca e, com isso, maior quantidade do alimento devemos fornecer ao animal para atingir as exigências nutricionais.
      Nesse caso específico, os dois alimentos (farelo de soja e farelo de amendoim) geralmente apresentam a mesma porcentagem de matéria seca, cerca de 89%. Vamos utilizar o farelo de soja para exemplificar como podemos chegar no valor do kg da proteína bruta desse alimento. Para isso vamos considerar um farelo com 46% de proteína bruta, 89% de matéria seca e um custo de R$ 2.450,00/tonelada (custo estimado do alimento).
      Ao dividir o custo da tonelada do farelo pela porcentagem de matéria seca, chegamos ao custo da tonelada em matéria seca: R$2.450,00 ÷ 89% = R$ R$ 2.742,83/tonelada de farelo de soja. Esse é o verdadeiro valor do alimento, descontando a água. Com o custo da tonelada de matéria seca do alimento em mãos, agora podemos dividir esse valor pela quantidade de proteína bruta: R$ 2.742,83 ÷ 46%. E, então, chegaremos ao custo da tonelada de proteína bruta do alimento na matéria seca: R$ 5.962,67/tonelada de proteína bruta.
      Essa mesma conta poderá ser feita para descobrir o custo do kg da proteína bruta do farelo de amendoim com base na matéria seca e, dessa forma, fazer um comparativo entre os alimentos.
      Vale ressaltar que considerar apenas o custo de determinado nutriente não é o suficiente para decidir se devemos ou não adquirir o alimento. Na nutrição de ruminantes é muito importante entender como cada alimento se comporta no rúmen e como a sua combinação com outros alimentos irá interferir na dieta do animal. Além disso, avaliar somente o custo do quilo de determinado nutriente não é o suficiente para uma tomada de decisão, uma vez que um alimento poderá apresentar um custo menor de proteína bruta, por exemplo. Porém, devido a sua matéria seca e/ou teor de proteína, a quantidade necessária de inclusão do alimento na dieta poderá impactar no custo da formulação.
      Consultar um nutricionista, ou um técnico de confiança ajudará muito na tomada de decisão!

    • Cássia, você pode usar DDG na recria a pasto na dieta de animais a partir de 8 meses a pasto. Para isso, é importante você saber se o alimento em questão é mesmo o DDG, ou outros alimentos obtidos através da produção de etanol a partir do milho, como por exemplo, a casca de milho. Saber a composição bromatológica ajudará a entender qual é o alimento e, com isso, definir qual a melhor forma de inclui-lo nas formulações.

    • Olá, Milton!

      Poderíamos falar em uso de 20% do DDG na ração, porém o ideal é ter a análise do alimento em mãos, pois, como citado no texto, existem variedades nas composições desse alimento (proteína, extrato etéreo, etc), sendo necessária a ajuda de um técnico para fazer a formulação específica, de acordo com os valores nutricionais.

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