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Processamento de grãos e uso de aditivos

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aditivos para bovinos

Explorando as oportunidades 

Vislumbrar oportunidades, melhorando o custo de produção, deveria ser a saga de 10 em cada 10 pecuaristas, o que na prática, infelizmente, não é uma verdade. O que vemos no campo é que, enquanto alguns “choram pelo leite derramado”, outros estão “tirando o leite, “fazendo o queijo” e amassando o pão”, em resumo: ganhando dinheiro.

Produtores que “tiram o leite”, ao invés de ficarem reclamando do mercado e brigando com o frigorífico por uma remuneração melhor pelo seu boi, preferem assumir as rédeas da situação, controlam seus custos de produção e buscam por ferramentas que permitam produzir com mais eficiência, melhorando assim o custo produtivo e ganhando mais dinheiro.

Diferente do que muitos acreditam, aumentar o desembolso investindo em nutrição, se bem planejado, pode aumentar o lucro da fazenda. Isso porque, aumentar a receita ou reduzir o custo produtivo são resultados obtidos com o uso de tecnologias relacionadas à nutrição, como é o caso das duas estratégias que falaremos a seguir.


Processamento de grãos

O milho é o principal insumo energético utilizado nas dietas de bovinos de corte Brasil afora. Composto por 70% de amido, esse insumo, quando em inclusões acima de 40 a 50%, representa grande impacto no custo de formulação, o que justifica a busca por estratégias que melhorem sua utilização pelo animal.

Falando especificamente do milho brasileiro, este é do tipo “duro”, o que significa que o amido contido no grão está envolto por uma matriz proteica, dificultando sua utilização pelas bactérias do rúmen, diminuindo sua digestibilidade.

Dada a importância econômica e as características do nosso milho, aproveitar ao máximo a energia que ele pode oferecer relaciona-se diretamente ao lucro obtido pelo produtor.

Nesse sentido, a principal forma de melhorar a digestibilidade do milho, empregada no Brasil, é o processamento dos grãos através da moagem. Essa técnica visa melhorar a digestibilidade do amido pelo aumento da área de superfície do grão exposta ao “ataque” microbiano.

Outra forma de aumentar a digestibilidade do amido é a floculação (tratamento que envolve temperatura e esmagamento do grão), sendo esta uma estratégia muito utilizada nos Estados Unidos. No Brasil, visto o alto investimento para aquisição de um floculador, sua utilização se inviabiliza na maioria das operações de confinamento.

Uma estratégia bastante eficiente e que entrega ao produtor um resultado semelhante à floculação, porém com um custo muito inferior, é a silagem de grão úmido e a silagem de grão reidratado.

Nos confinamentos dos Estados Unidos, essa técnica já é utilizada desde a década de 70. No Brasil, a utilização da silagem de grão úmido foi introduzida em 1981 por suinocultores do município de Castro (PR) e, então, se popularizou e passou a ser utilizada na alimentação de bovinos de leite e corte.

O processo de ensilagem do grão úmido ou reidratado, quando bem feito, pode elevar a digestibilidade do amido a níveis superiores a 95%. Isso significa um aumento de digestibilidade de pelo menos quinze pontos percentuais, quando comparado a moagem fina do milho (±80%).

O efeito clássico observado com o uso de silagem de grão úmido (ou reidratado) na dieta é a melhora da conversão alimentar pelo animal. Com o amido mais disponível, ocorre o aumento de energia produzida no rúmen e uma diminuição do consumo de matéria seca pelo animal, o que não compromete o ganho de peso e melhora a conversão.

Um cuidado a ser tomado é que, se incluída como única fonte de energia, a silagem de grão úmido (ou reidratado), pode provocar uma queda acentuada no consumo, ao ponto de reduzir o desempenho dos animais. Nesse caso, o ideal é que o grão úmido e reidratado não sejam a única fonte de energia da dieta, sendo indicado trabalhar com uma porcentagem mínima de milho moído seco ou outras fontes energéticas, como a polpa cítrica e o sorgo, na dieta.

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Na média, temos encontrado em trabalhos científicos uma melhora de 10% da conversão em carcaça, no qual o animal consome 10% a menos de matéria seca da dieta para produzir uma arroba. Na prática, se uma animal precisasse comer 160 kg de MS para ganhar 1 arroba, ao incluir grão úmido ou reidratado e ajustar a formulação, ele comeria 10% a menos de comida, ou seja, 144 kg de MS para produzir a mesma arroba. Se considerarmos o custo da MS como sendo R$0,70, por exemplo, podemos falar que a economia com o uso do grão úmido foi de R$9,80 por arroba engordada. Em um animal que ganhou 7 arrobas no confinamento, estamos falando de R$68,6 de lucro a mais por animal.

Como salientado no começo do texto, muitas vezes, existe uma dependência por bonificações pagas pelos frigoríficos, visando melhorar a rentabilidade do negócio. Aqui está claro um exemplo de como melhorar o negócio pecuária, sem depender de ninguém.

Falando ainda sobre o uso de grão úmido, um outro cuidado que deve ser adotado é em relação ao manejo de cocho e a formulação das dietas.

A adaptação do animal à nova dieta – com mais amido disponível – deve ser bem feita, assim como um bom manejo de cocho (evitando que os animais ingiram uma grande quantidade de alimento de uma vez). Essas ações visam preparar o rúmen e evitar a queda do pH, minimizando as chances de problemas de acidose e baixo desempenho.

Visto a maior liberação de energia no rúmen, um ponto importante ao formular uma dieta com esses insumos (grão úmido e reidratado), é ajustar o fornecimento de proteína degradável no rúmen (PDR). Nesse caso, fazer uso de alimentos que proporcionem diferentes tempos de liberações de energia e nitrogênio no rúmen, facilitaria a assimilação de ambos e um crescimento bacteriano otimizado.

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Além dos ganhos nutricionais, utilizar o grão úmido e reidratado pode trazer importantes vantagens e benefícios para a fazenda, como:

Compra estratégica do grão: a época de confinamento no Brasil tem início em meados de maio, porém, a principal safra de milho ocorre em junho. Começar o primeiro giro do confinamento com estoque suficiente de milho poderá tornar o negócio mais sustentável;

Armazenamento de baixo custo: em muitos casos, armazenar a quantidade necessária de grão para um giro é um “gargalo”, ainda mais se a compra do grão for feita na safra anterior. Muitas fazendas acabam dependendo de armazéns terceirizados que encarecem ainda mais o insumo e ainda podem receber um milho com qualidade inferior ao que foi entregue ao armazém. Ao ensilar o milho na fazenda, os custos com o armazenamento diminuem;

Antecipa o manejo de moagem: moer milho, diariamente, pode ser um dos gargalos de uma operação de confinamento. É uma atividade que muitas vezes exige que um funcionário fique responsável por ela, além de frequentes problemas de quebra de equipamento, influenciando no resultado da operação.

 

Aditivos promotores de crescimento

Os aditivos para bovinos nutricionais, também chamados de promotores de crescimento, são utilizados na pecuária de corte – há muito tempo – basicamente por dois motivos distintos: 1) manter a saúde ruminal, combatendo as bactérias gram-positivas produtoras de ácido lático e; 2) otimizar o uso de energia do alimento ingerido, privilegiando a atividade das bactérias gram-negativas, produtoras de ácido propiônico.

Quando o animal consome um alimento, os carboidratos ingeridos são fermentados pelas bactérias do rúmen, resultando no crescimento microbiano e na produção dos ácidos graxos de cadeia curta (AGCCs). Esse processo resume a relação de simbiose entre as bactérias ruminais e o animal hospedeiro, no qual, as bactérias se beneficiam do alimento consumido pelo animal e o animal se beneficia da proteína microbiana e AGCCs, produzidos a partir do processo fermentativo. Cabe dizer que, existem certas condições do ambiente ruminal que devem ser respeitadas para o bom funcionamento das atividades bacterianas, como: anaerobiose (ausência de oxigênio), teor de fibra, proteína bruta e pH.

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Saúde Ruminal

Dentre as características citadas, cabe destacarmos um pouco mais sobre o pH.

Como já dito, para os microrganismos se desenvolverem bem, o rúmen precisa apresentar condições ideais de pH, no qual, bactérias fermentadoras de celulose e protozoários se desenvolvem em um pH acima de 6, enquanto as bactérias que fermentam o amido atuam em condições de pH um pouco mais ácida, ao redor de 5,8.

Sendo assim, em se tratando de ambiente ruminal, o ideal é manter o pH em uma faixa entre 5,8 e 7 para não prejudicar a atividade bacteriana e, consequentemente, a degradação dos alimentos consumidos.

Em dietas mais “quentes”, uma maior quantidade de carboidratos fermentáveis chega ao rúmen como o amido, promovendo o aumento na velocidade de produção de ácidos graxos que, se excederem a capacidade de absorção da parede ruminal, se acumulam e dão o primeiro start para a queda do pH ruminal. A partir do momento que o pH abaixa de 5,8, alguns grupos de bactérias ficam mais atuantes, e vemos a produção de ácido lático aumentar. Este, por ser um ácido forte, derruba o pH do rúmen, resultando em quadros de acidose.

Isso explica a necessidade de fazer uma boa adaptação dos animais no confinamento. Nosso objetivo nessa fase inicial, além de adaptar o animal ao novo ambiente, é desenvolver no rúmen, maior capacidade absortiva (desenvolvimento de papilas), favorecendo a absorção dos ácidos na fase seguinte, quando a dieta “esquentar”.

Outra forma de acontecer acidose relaciona-se ao manejo de cocho. O mau manejo, que pode trazer como consequência quadros de fome, faz com que o animal consuma uma grande quantidade de alimento de uma só vez no momento do trato, o que pode promover uma rápida e elevada produção de ácidos no rúmen, excedendo a capacidade de absorção do epitélio ruminal.

O principal grupo de bactérias que a partir do primeiro start de queda do pH ruminal se desenvolvem rapidamente são do gênero Streptococcus bovis, responsáveis por produzir ácido láctico. São bactérias gram-positivas, que podem ser diretamente combatidas com o uso de aditivos para bovinos.

Sendo assim, o primeiro tópico relacionado ao uso de aditivos para bovinos se justifica como um “seguro” a ser pago no confinamento, uma vez que, problemas operacionais são frequentemente observados na rotina de todos os tipos de instalações. Temos ainda na associação de aditivos para bovinos uma forma mais efetiva para combater as bactérias produtoras de ácido lático, combinando diferentes modos de ação.


Uso de energia do alimento

Apesar da tendência de dietas mais concentradas na fase de terminação, existem propriedades que conseguem trabalhar com uma dieta mais volumosa, em virtude de projetos menores ou por apresentarem boa disponibilidade de volumosos.

Para essa realidade (dieta mais volumosa) é natural a indicação de um único aditivo (em alguns casos, nenhum aditivo), já que o perfil de dieta não “assusta”, do ponto de vista de desafio ruminal.

Porém, nessas dietas, existe uma janela que pode ser explorada para aumentar o desempenho dos animais: extrair mais energia do alimento consumido.

Quando pensamos nos principais ácidos graxos produzidos no rúmen (acético, propiônico e butírico), precisamos saber que a eficiência energética difere na produção de cada um, na qual, devido a rota metabólica de síntese, o ácido propiônico se destaca como sendo o mais eficiente (seguido pelo acético e butírico). Sendo assim, sempre que aumentarmos a síntese de proprionato no rúmen, a partir da fermentação do alimento ingerido, extrairemos mais energia daquela dieta, resultando em aumento do ganho de peso.

O desafio em manipular a quantidade de proprionato no rúmen é devido à dinâmica de população das bactérias ruminais, pois, a porcentagem de ácido acético produzido sempre será maior do que a porcentagem de produção do ácido propiônico e butírico, o que faz com que exista um limite na quantidade produzida de proprionato.

Na prática, existem duas formas de manipular a fermentação para elevar a produção de ácido propiônico, são elas: 1) aumentar a quantidade de concentrado na dieta (bactérias amilolíticas produzem proprionato) ou 2) manipular as bactérias ruminais, sendo as bactérias gram-negativas, produtoras de proprionato.

Dito isso, já apontamos que, a associação de aditivos para bovinos tem sido preconizada como excelente ferramenta em dietas muito concentradas, sob o ponto de vista de saúde ruminal. No caso desse perfil de dieta (mais concentradas), a produção de propionato provavelmente já está muito próximo do limite, sendo assim, a função do aditivo passa a ser exclusivamente uma segurança a mais para saúde ruminal do animal, evitando queda no desempenho (não promovendo ganho adicional).

Em contrapartida, dietas mais volumosas não apresentam riscos à saúde do animal e, por esse motivo, muitas vezes a utilização de apenas um aditivo é recomendada. Porém, a produção de energia em dietas volumosas não está otimizada, havendo um espaço para aumentar a produção de propionato e melhorar a extração de energia do alimento. Nesse contexto, a associação de aditivos para bovinos se apresentaria como uma opção para atingir esse propósito.

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Por fim…

Hoje a tecnologia está presente em todos os segmentos produtivos do mundo, incluindo o agronegócio. Como prova disso, basta avaliar a quantidade de tecnologias empregadas na agricultura, como: software e sensores, que potencializam as tomadas de decisões; tratores autônomos, que dispensam motoristas; GPS, que otimiza o cuidado com a terra; entre outras. Na pecuária esse processo é mais lento, mas está ocorrendo: o papel está sendo substituído por celulares e tablets, softwares estão ajudando na coleta de dados e tomadas de decisões e equipamentos estão em desenvolvimento para agilizar a pesagem dos animais. Esses são só alguns exemplos da evolução do negócio pecuário.

Com a facilidade em acessar as milhares informações geradas atualmente, boa parte dos pecuaristas, empresários do agronegócio, estão interessados e à espera de novas tecnologias (equipamentos, softwares, moléculas que prometem alavancar o ganho de peso), consumindo as novidades que podem (ou que prometem) melhorar os resultados do negócio.

Diante desse cenário tecnológico e de tudo que foi apresentado até aqui, um questionamento pode ser feito: será que estamos olhando para o lugar certo e aproveitando ao máximo todas as oportunidades já existentes, antes de pensar em grandes investimentos em novas tecnologias? Cabe a reflexão.

No próximo texto vamos continuar expondo medidas relacionadas ao manejo e instalações que agregam no dia a dia da propriedade, muitas vezes ignoradas, e que melhoram o resultado zootécnico e econômico da fazenda.

Nutrição Animal – Agroceres Multimix

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