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Por que você deve começar a planejar a sua próxima estação de monta agora?

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estação de monta

A fase de cria é uma etapa fundamental na pecuária de corte, visto que é nela que se inicia o sistema de produção.

Pode parecer meio óbvio afirmar que o principal objetivo de uma fazenda de cria é produzir bezerros saudáveis ​​e bem nutridos, mas ter essa informação de maneira clara e impressa na nossa mente irá facilitar o entendimento da importância dos cuidados com a vaca ao longo de todo o ano.

E não somente em fases específicas, como durante a estação de monta, o que justifica vários tópicos que iremos abordar ao longo desse texto para obter melhores índices reprodutivos.

Para os que não sabem, a estação de monta é um período específico do ano em que os manejos reprodutivos são realizados. Na prática, define-se alguns meses do ano para expor as fêmeas à reprodução, colocando-as em contato com touros e/ou realizando protocolos de inseminação artificial.

Na fazenda, a escolha do período da estação de monta não deve ser definida com base em recomendações genéricas. Isto significa que o produtor deve entender sua fazenda sob a ótica da disponibilidade de pastagem e condições climáticas, para então definir os melhores meses de estação.

De forma geral, realizar a estação de monta em períodos com clima favorável e com boa disponibilidade de pastagem tem favorecido o estado nutricional dos animais e o momento de nascimento dos bezerros, beneficiando os resultados produtivos (quilo de bezerro desmamado por vaca exposta).

estação de monta

No Brasil ainda é comum vermos propriedades que não fazem estação de monta (o que pode ser motivo de espanto para alguns). Para justificar a importância de sua adoção na fazenda, seguem algumas vantagens:

        1. Favorecer a mensuração e controle dos índices reprodutivos: ao controlar a reprodução dos animais em uma estação de monta, é possível maximizar a taxa de prenhez, aumentando a produção de bezerros na fazenda.
        2. Concentrar manejos: ao concentrar a reprodução em uma estação de monta, o manejo dos animais se torna mais fácil e eficiente, controlando o estresse dos animais e aumentando a produtividade da fazenda. Fora isso, os animais nascidos tendem a ser mais uniformes em termos de idade e tamanho, facilitando o manejo, controle e desmama/venda.
        3. Com planejamento nutricional adequado e manejo eficiente das matrizes e dos bezerros, é possível reduzir as perdas reprodutivas, aumentando a eficiência do sistema de cria.
        4. Melhor aproveitamento dos recursos: ao concentrar a estação de monta em períodos de boas condições climáticas e disponibilidade de pastagem, é possível otimizar o uso dos recursos disponíveis na fazenda.
        5. Ganhos genéticos: ao controlar a reprodução em uma estação de monta, é possível selecionar os melhores animais para a reprodução, realizada em bezerros com melhor qualidade genética e produtiva.
        6. Maior rentabilidade: ao aumentar a produtividade e eficiência do sistema de cria, a adoção de uma estação de monta pode resultar em maior rentabilidade para a fazenda de cria.

Cabe destacar que, para garantir o sucesso (taxa de prenhez) da estação de monta, é fundamental que os animais estejam em boas condições nutricionais e sanitárias.

Escore de Condição Corporal

Dos vários pontos que os produtores podem atuar para melhorar os resultados da estação de monta e aumentar a taxa de prenhez do rebanho, podemos destacar o escore de condição corporal (ECC) das vacas no momento do parto.

Um animal que pare em bom ECC terá reservas corporais suficientes para manter a produção de leite para o bezerro e atender as demandas reprodutivas para voltar a “ciclar” (Tabela 1).

escore de condição corporal estação de monta

Segundo Wiltbank (1994), quando a vaca pare magra, aos 60 dias pós-parto, apenas 46% do lote está ciclando. Já no lote de vacas que parem em bom ECC, 91% dos animais estão aptos a reproduzir no mesmo prazo.

Imagine agora: fazer uma Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF) nesses 2 lotes (magras e com bom escore). Onde o resultado será melhor?

Além da prenhez, um dos resultados desejados em uma estação de monta é ter a maior parte das fêmeas emprenhando na IATF e/ou no início da estação (no caso de uso exclusivo de touros), considerando que a prenhez da IATF carrega a melhor genética e bezerros do cedo desmamam mais pesados.

Antes de seguir, não se esqueça: existe uma relação direta entre ECC ao parto e a taxa de prenhez na estação de monta subsequente, principalmente em vacas multíparas!

Entendendo o ECC

O escore de condição corporal (ECC) é um indicador da condição física dos animais e pode ser utilizado na prática como um termômetro do “status” nutricional do animal.

Sua avaliação consiste em uma escala de notas que varia de 1 a 5, sendo que a nota atribuída ao animal reflete a quantidade de gordura presente em seu corpo, onde a nota 1 é indicativa de animais magros, com pouca gordura corporal, e a nota 5 indica animais com acúmulo de gordura corporal, como ilustrado na Figura 1.

escore de condição corporal estação de montaEm resumo, o ECC reflete a nutrição aplicada aos animais, sendo que bovinos subnutridos, que passaram por restrição nutricional, apresentam baixo ECC (entre 1 e 2) e animais com boa oferta de alimento e bem nutridos, apresentam elevado ECC (entre 4 e 5). Cabe dizer que essa ferramenta de avaliação é aplicável tanto a machos, quanto a fêmeas.

Planejamento Nutricional

Agora que você já sabe o que é escore de condição corporal e sua importância ao parto, é preciso pensar no planejamento nutricional dos animais.

Para garantir uma nutrição adequada aos animais é fundamental considerarmos sua fase de vida (amamentando, com ou sem bezerro ao pé, gestante), uma vez que ela altera a exigência nutricional. Também é preciso contrastá-la com o sistema produtivo em questão, levando em conta a quantidade e qualidade do pasto disponível.

Fazendo isso, é possível oferecer uma dieta balanceada e adequada às necessidades nutricionais (exigência) dos animais, garantindo uma boa condição corporal ao parto.

Considerando uma estação de monta concentrada no período das águas, podemos destacar 3 momentos distintos ao longo do ano (tabela e figura 2): durante a estação de monta, na desmama e na parição.

Situação do animal vs. pasto em 3 momentos distintosmomentos da cria durante o ano

Perceba que em cada um desses momentos temos a mudança na direção da exigência nutricional dos animais, criando oportunidades de atuarmos na adequação da alimentação para garantir o ECC ao parto.

Construindo o ECC ao parto

Na fazenda é comum nos depararmos com animais em baixo ECC corporal ao longo do ano. Porém, é fundamental realizar um planejamento adequado para evitar essa intercorrência ou, caso o problema seja identificado, saber como agir de maneira efetiva.

Normalmente, o que acontece na prática é a avaliação do ECC no momento da IATF, associando essa leitura ao sucesso (ou não) da prática de inseminação. Existem vários estudos e levantamentos apontando que ter bom ECC nesse momento, correlaciona-se positivamente com a prenhez.

Porém, do ponto de vista de planejamento e ação, avaliar o ECC nesse momento é muito mais um argumento para o responsável pela reprodução, que realizará a IATF, uma vez que não existe nenhuma ação que possa ser feita para melhorar o escore do animal.

Ter a vaca magra nesse momento gera baixa expectativa de resultado para o pecuarista.

Pensando, então, que o ECC ao parto é o alvo desejado, precisamos antecipar as ações e construí-lo ao longo do tempo. O problema é que, normalmente, o produtor se interessa pelo assunto nutrição quando a estação de monta se aproxima, sendo comum encontrarmos as vacas nos pastos do “fundão” nos outros meses do ano (seca).

Suplementação durante a estação de monta

É comum nos depararmos com pecuaristas mais otimistas e dispostos a investir em suplementação durante a estação de monta, ou na fase que a antecede, como no pós-parto. Nessas duas situações temos desafios que contrapõe o sucesso do investimento.

Isso, porque o maior aporte nutricional fornecido à vaca no pós-parto e/ou durante a estação de monta, pode ser utilizado para melhora de escore, mas também será utilizado para produção de leite. Isso resulta em baixo aproveitamento do recurso investido.

Aqui, cabe destacar mais uma vez que, no caso de multíparas, o ECC na IATF é importante. Mas, ter um ECC ao parto tem se correlacionado positivamente à prenhez na estação subsequente, ou seja, no caso de vacas, parir bem tem se mostrado mais importante do que ganhar escore pós-parto (Tabela 3).

ECC ao parto e sua variação até a IATF vs. taxa de prenhez em vacas multíparas

Intervalo entre parto e IATF

Cabe destacar que, apesar de não ser eficiente recuperar o ECC durante a estação de parição e monta, isto não significa que no intervalo entre o parto e IATF não devemos dar atenção à nutrição dos animais.

Nessa fase a fêmea tende a entrar em balanço energético negativo, dado o aumento da demanda energética devido à lactação, associada à baixa ingestão de alimento. Assim, é comum observarmos animais perdendo escore de condição corporal nessa fase, principalmente quando o pasto de águas ainda não se estabeleceu.

Sendo assim, se nosso objetivo é construir o ECC ao parto (tendo o escore de 3 a 3,5 como alvo) precisamos olhar para a fase que antecede ao nascimento do bezerro para desenhar as estratégias nutricionais que serão praticadas.

De forma geral, para promover um ganho de 0,5 ponto na escala de 1 a 5, o animal precisa ganhar de 5 a 7% do seu peso adulto. Ou seja, para alterar 0,5 ponto no ECC de uma vaca com peso à maturidade de 450 kg, é preciso um ganho de 22,5 a 31,5 kg.

Sabendo disso, para estabelecer um programa nutricional, basta:

        • olhar para o animal antes do parto,
        • fazer a leitura do seu ECC,
        • avaliar a demanda de ganho,
        • chegar ao ECC alvo (3 a 3,5).

Nesse caso, o desafio surge quando consideramos a necessidade de ganho de ECC e o tempo para fazer essa mudança. Isso, porque quanto maior a necessidade de alteração de ECC e/ou menor o tempo para proporcionar o ganho, mais alto será o ganho médio diário (GMD) necessário para tal, aumentando o desafio nutricional e, consequentemente, onerando o custo (Tabela 4).

Ganho médio diário necessário para alterar o ECC em relação aos dias

Correção de ECC próximo ao parto

Existem dois pontos importantes a serem destacados em relação à tentativa de correção do escore de condição corporal muito próximo ao parto.

        1. O primeiro, já mencionado anteriormente, é que quanto menor o tempo para corrigir o ECC, maior será a necessidade de GMD necessário para alcançar a condição corporal ideal.
        2. O segundo ponto diz respeito ao terço final da gestação, quando uma parte significativa do alimento consumido pela vaca será destinada ao crescimento do feto, o que pode comprometer a correção desejada do ECC.

Vale ressaltar que, durante o terço final da gestação, a vaca ganha, em média, cerca de 0,450 kg/dia em decorrência do crescimento do feto. Esse detalhe evidencia a importância de planejar adequadamente a nutrição das vacas gestantes, de forma a garantir o bom desenvolvimento do feto e a manutenção da condição corporal adequada para o parto.

Pós-desmame

Sendo assim, para garantir uma boa condição corporal das vacas no momento do parto, é essencial pensar estrategicamente no planejamento nutricional dos animais ao longo do tempo.

Uma estratégia eficiente é iniciar a construção do escore de condição corporal logo após a desmama dos bezerros. Isso, porque o período entre a desmama e o parto é de aproximadamente 120 a 150 dias, o que possibilita estabelecer metas de GMD mais tangíveis.

Outro ponto é que a desmama representa uma mudança importante na exigência nutricional da vaca. Com a retirada do bezerro, a produção de leite da vaca é interrompida, o que a leva a entrar em um balanço energético positivo.

Isso significa que a vaca consome menos energia para produzir leite e passa a acumular mais energia na forma de gordura corporal, o que favorece o ganho de escore de condição corporal. Sendo assim, o pós-desmame é o momento ideal para estabelecer um protocolo nutricional adequado para os animais, levando em consideração a análise do ECC e a meta de GMD necessária para atingir o escore desejado (3 a 3,5).

Desafio

estação de monta

Como nem tudo são flores, o desafio para estabelecer um protocolo nutricional adequado no pós-desmame é que o período normalmente coincide com a estação seca do ano, quando a disponibilidade de pasto é limitada e de baixa qualidade.

Nesse sentido, é fundamental pensar em estratégias para garantir a oferta de pasto (massa), como o diferimento, associadas à suplementação proteica para corrigir a deficiência da forragem. Com essas medidas é possível assegurar que os animais tenham acesso a uma dieta adequada, promovendo um ganho consistente de peso e um ECC adequado ao parto.

Uma vantagem da utilização de suplementos proteicos para construção de ECC após a desmama é que isso pode ser feito com a adoção de produtos de baixo consumo, o que demanda baixo desembolso adicional por cabeça/dia, além de não exigir ajustes operacionais significativos, mas apenas a definição da quantidade de área de cocho para garantir que todos os animais tenham acesso ao suplemento.

Avaliação do ECC

Avaliar o ECC dos animais em momentos estratégicos é fundamental para planejar a nutrição de forma assertiva, visando um bom ECC ao parto, sendo a desmama e o parto dois momentos chave para essa avaliação.

É importante ressaltar que avaliar o ECC nessas duas ocasiões não atrapalha o operacional da fazenda, uma vez que as fêmeas já são manejadas pelos funcionários e a avaliação do ECC é uma ferramenta prática e de fácil implementação.

Pontos de atenção:

        • Animais com maior ECC ao parto poderão perder a condição corporal no pós-parto, caso ocorra falha no manejo nutricional, devido à maior exigência para mantença.
        • Fêmeas que desmamam bezerros pesados produzem mais leite e, por isso, a exigência nutricional é maior. Em não havendo atenção à nutrição desses animais, a perda de ECC poderá ser severa, o que refletirá no resultado da estação de monta, a tal ponto que essas matrizes poderão ser descartadas como impróprias para reprodução quando, na verdade, o problema foi de falha no manejo nutricional.
        • Novilhas primíparas também podem ser mais sensíveis a variações do ECC no pós-parto devido à sua maior exigência para produção (mantença, crescimento, lactação e reprodução).

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