O Brasil é um país de referência para a avicultura mundial, sendo o número um no mundo em exportação de carne de frango, situando-se entre os dez maiores produtores de ovos.
Mas como a avicultura brasileira alcançou esse patamar de destaque?
Bem, o país possui alguns fatores que favoreceram naturalmente a criação de aves em larga escala, como:
- o clima agradável,
- água,
- disponibilidade de terra cultivável para o plantio de grãos,
- mão-de-obra disponível,
- tecnologia para o desenvolvimento da avicultura em clima tropical, e
- grande mercado consumidor com crescente aumento do poder aquisitivo.
É sabido que o aumento da renda per capita leva ao aumento do consumo de proteína animal, inclusive de carne de frango e ovos, que possuem menor custo em relação à carne bovina e suína.
Antes de falarmos da produção avícola de modo geral, é importante conhecermos os dois principais ramos da avicultura brasileira:
- a avicultura de corte e
- a avicultura de postura
A avicultura de corte é a produção de aves destinadas ao abate, como por exemplo a produção de frangos, perus, codornas e patos, com o objetivo de produzir carne.
Curiosidade: você sabia que o Brasil é o segundo maior produtor mundial de carne de peru?
Já a avicultura de postura é a criação de aves com objetivo de produção de ovos para consumo, por exemplo, a criação de galinhas e codornas produtoras de ovos.
Avicultura brasileira e seu passado
Um país não se torna referência em uma determinada atividade do dia para noite. Por isso, é importante conhecermos como foi o processo de amadurecimento e crescimento da avicultura no Brasil.
A galinha doméstica para fins comerciais – Gallus gallus domesticus – que criamos atualmente é um animal de origem asiática, o Gallus gallus, e que foi trazido para o continente americano de navio, durante as grandes navegações. Inclusive, é relatada a presença de galinhas nas caravelas.
A partir desse ponto, por muitos anos, a criação de aves no Brasil se manteve destinada apenas à subsistência das famílias e venda de aves sobressalentes.
Frangos de corte: o primeiro relato de desempenho produtivo
O primeiro relato de desempenho produtivo de frangos de corte no continente americano se deu em 1920, nos Estados Unidos. Na época, foi registrado que os frangos de corte pesavam 1,0kg, com conversão alimentar de 5:1 aos 120 dias de idade.
Indústria avícola no Brasil
No Brasil, a indústria avícola começou a ser desenvolvida em 1944, quando produtores importaram ovos férteis dos Estados Unidos. Ao final dos anos 40, os estados do Rio de Janeiro e São Paulo já abatiam entre 1 e 1,5 milhões de frangos, que alcançavam o peso de 1,5kg aos 75 dias.
É importante destacar que, nesse período, cruzamentos específicos para produção de aves de corte e postura já eram conhecidos. Assim, a criação de matrizes de frangos de corte (aves que produzem os ovos férteis com o objetivo de produzir os frangos que serão transformados em carne para o consumo), incubatórios e fábricas de ração foram incluídos no círculo de produção comercial de aves.
A ração era geralmente produzida em fábricas pertencentes a empresas estrangeiras. Eram importados suprimentos como vacinas, antibióticos, aditivos que melhoram o desempenho, aminoácidos e vitaminas.
A partir desse ponto, a indústria avícola brasileira entrou em franco crescimento, como pode ser observado na linha do tempo abaixo.
Linha do tempo do desenvolvimento da avicultura brasileira
Avicultura: a evolução da ave
Além do desenvolvimento do mercado no que diz respeito à expansão da produção, início e desenvolvimento das exportações, compra e fusão de empresas, o mercado avícola nacional também se desenvolveu graças à evolução da ave em si.
Nos anos 70 o frango terminado pesava 1,8kg aos 56 dias de idade com uma conversão alimentar de 2,5. Com o desenvolvimento da indústria, pautado, principalmente, pelos avanços na genética e adequação da nutrição às necessidades das aves, o frango atual, aos 42 dias, tem potencial para atingir 3,2 kg com conversão alimentar de 1,5.
Porém, o desenvolvimento não ocorreu apenas em relação ao frango de corte, a produção de galinhas de postura também evoluiu ao longo do tempo. Foram melhorados os índices de postura, com animais de peso reduzido, baixo consumo, precocidade e longa produtividade.
As poedeiras atuais apresentam menor idade ao primeiro ovo, ausência de choco, melhora na qualidade interna e externa do ovo e, com isso, maior produtividade e competitividade de mercado.
Em análise retrospectiva, pode-se observar a evolução das galinhas de postura que, na década de 80, apresentavam:
- viabilidade de 94%, contra 97% da atualidade,
- mortalidade de 2 a 3% maior,
- redução do consumo de 1,33kg e
- as aves estão, em média, 70g mais leves,
- além do aumento e qualidade dos ovos produzidos.
Ou seja, tanto para frangos de corte, quanto para galinhas de postura, houve um intenso melhoramento genético visando maior eficiência produtiva, ajuste da nutrição e do ambiente para acompanhar as necessidades das aves e o suporte sanitário com regras e atendimento à biosseguridade nas granjas.
Em relação à biosseguridade vale destacar que o Brasil nunca registrou a ocorrência de Influenza Aviária. A influenza é uma doença de notificação obrigatória e sua presença determina a eliminação do plantel, além de causar diversos prejuízos para a produção e exportação de aves e seus produtos relacionados.
Avicultura brasileira: o presente
Atualmente, o Brasil produz mais de 14 milhões de toneladas de carne de frango por ano, levando proteína de qualidade para 151 países e movimentando mais de 100 bilhões de reais no valor bruto da produção, impactando diretamente a economia e a geração de emprego e renda para toda a cadeia produtora. Vale destacar que a cadeia avícola gera emprego, direta e indiretamente, a aproximadamente 5% da população economicamente ativa no país.
Vale observar que, apesar do destaque nas exportações, sendo o Brasil o maior exportador de carne de frango do mundo, a maior parte do frango brasileiro produzido é consumido no mercado interno, que representa 67% do destino da produção.
Em relação à produção de ovos, o país produz mais de 54 bilhões de unidades/ano e atende um mercado de 82 países. O maior polo produtor é o estado de São Paulo, seguido por Minas Gerais.
Assim como para a carne de frango, a maior parte dos ovos produzidos são absorvidos pelo mercado interno (99%). Vale ressaltar que o consumo de ovos per capita está aumentando a cada ano, sendo que nos últimos 10 anos o consumo anual de ovos por pessoa passou de 162 para 257.
Avicultura brasileira: o futuro
A avicultura não se limita à produção de carne de frango ou ovos, mas é constituída por uma extensa cadeia de produção que passa por:
Toda essa cadeia vem sendo adaptada para aumento de produção e eficiência, de forma sustentável e em atendimento às necessidades do mercado consumidor. As demandas dos consumidores atuais e que indicam tendência de consumo no futuro são pautadas em novas maneiras de produção.
A criação de galinhas livres de gaiolas, em sistema free range, criações orgânicas e caipiras são tendências que o mercado já está se adaptando e tende a crescer.
Um dos fatores que impacta diretamente a atividade avícola é a nutrição dos animais, responsável por mais de 70% dos custos de produção. A nutrição também se adaptou ao longo dos anos, tanto para se adequar às necessidades das aves, quanto para auxiliar na eficiência produtiva e saúde intestinal.
A indústria da nutrição, hoje, mais do que nunca, possui uma gama de ferramentas para auxiliar no melhor aproveitamento da ração, como o uso de modulação intestinal, enzimas, suplementação e aditivos fitogênicos, por exemplo.
Alguns ingredientes já estão sendo colocados na pauta do futuro da nutrição animal, como o uso de insetos, que é um exemplo de ingrediente alternativo promissor. Os insetos possuem uma boa perspectiva de uso, podem ser produzidos em grande volume utilizando pouco recursos ambientais, têm bom perfil nutricional e espera-se sua produção em larga escala com preço competitivo.
Conclusão
A avicultura brasileira é um setor de superlativos, possui destaque mundial em qualidade, biossegurança, produção e exportação. Todo esse sucesso só foi possível graças aos investimentos públicos e privados na cadeia produtiva, no desenvolvimento de linhas genéticas modernas, no empenho da nutrição, técnicas de manejo, biosseguridade e ambiência, voltados especificamente para produção de carne e ovos.
boa tarde, estou escrevendo um trabalho de escola e presciso de citaçoes dos textos escolhidos, gostaria de saber o autor deste texto.
Boa tarde Maxwell! Obrigado por prestigiar o nosso Blog. Pode referenciar como Equipe Técnica da Agroceres Multimix. Um abraço!
Esse é um texto científico?
Olá Bruna. Este é um blog de textos informativos. Esperamos haver ajudado, um abraço!
Boa tarde.Ontem (dia 07/11/22), na Unipinhal, da cidade de Espírito Santo do Pinhal, o nutricionista de vcs, Venâncio, proferiu uma palestra sobre nutrição animal na parte de avicultura.Essa palestra foi excelente. Parabéns ao Venâncio e a Agroceres por nos proporcionar esse vasto conhecimento. Por isso irei trabalhar com nutrição animal, fazer TCC e pós graduação. E quem sabe poder trabalhar com vcs.
Grata
Que bom que gostou Cassia! A qualificação e experiência do nosso corpo técnico é um dos patrimônios que valorizamos muito na Agroceres Multimix!