A suinocultura é uma indústria em expansão e com enorme potencial de produção de proteína animal. Esse potencial se deve às características intrínsecas dos suínos, como:
- alta fecundidade (capacidade de produzir grande número de óvulos),
- prolificidade (capacidade de produzir maior número de descendentes vivos em um parto),
- curto intervalo entre gestações,
- rápido ganho de peso corporal,
- alta eficiência de conversão alimentar e
- excelente porcentagem de rendimento em comparação com outros animais de produção.
A proteína da carne suína fornece todos os aminoácidos essenciais, incluindo lisina e metionina, juntamente com minerais e vitaminas.
A carne suína fornece 2/3 da necessidade para a vitamina B-12, uma vitamina que ocorre apenas em produtos de origem animal e de fermentação, além de ser uma fonte importante de ferro, duas vezes mais alto que nas plantas. Por esses e outros predicados, a suinocultura não para de crescer.
A suinocultura vem se transformando ao longo do tempo, sendo que diversas técnicas e tecnologias estão sendo utilizadas para aumentar a produtividade das granjas. Os suínos estão cada vez mais eficientes, com:
- leitegadas maiores,
- maior peso na terminação,
- carcaças com maior proporção de carne.
Muitos desses avanços são decorrentes de melhoramentos genéticos e nutrição.
As abordagens e técnicas nutricionais também estão sendo constantemente aprimoradas. O uso de enzimas, probióticos, ajuste fino nos níveis de energia e aminoácidos, suplementação hidroeletrolítica energética para leitões, forma da dieta (por exemplo, peletizada, úmida, atenção ao tamanho de partícula) e aditivos são os protagonistas na melhora da eficiência alimentar nos sistemas de produção.
No manejo alimentar, também é importante citar a introdução da papinha ainda na maternidade, que pode auxiliar na adaptação dos leitões quando transferidos para creche, o que pode levar à redução do estresse pela mudança de ambiente e separação materna, a ocorrência de diarreia e melhora do desempenho e bem-estar dos leitões.
No manejo também houve melhorias. Os sistemas modernos de produção de suínos gerenciam suas unidades de produção com base no all-in, all-out (todos dentro, todos fora), onde todos os suínos são removidos antes que outro grupo de suínos entre na instalação.
Esse estilo de manejo, juntamente com a minotira sanitária periódica e medidas rígidas de biossegurança, melhoraram o desempenho dos animais ao diminuir a transferência horizontal de doenças de um grupo de suínos para outro e a ocorrência de patógenos nas granjas.
Indicadores de produção
Acompanhar a produção de suínos baseando-se em índices zootécnicos é a melhor maneira de saber objetivamente os resultados da suinocultura e mapear pontos que podem ser melhorados. São diversos os indicadores de produção que podem auxiliar no acompanhamento do desempenho da granja e orientar o estabelecimento de metas para melhoramento dos índices e definição de pontos de alerta.
A seguir os principais índices zootécnicos analisados em uma suinocultura
- Número de leitões desmamados/porca/ano: é o principal indicador de eficiência reprodutiva, ele integra dois dados importantes para a produtividade da granja,
- número de leitões desmamados por parto e
- número de partos/porca/ano.
Ou seja, para se obter um número de leitões desmamados/porca/ano satisfatório é preciso que as leitegadas sejam numerosas e que os leitões tenham baixa taxa de mortalidade até o desmame e que a porca consiga ter o máximo número de partos por ano.
Dias Não Produtivos (DNP): é a contabilização do período em que as fêmeas não estão gestando ou lactando, é um período importante a ser observado pois, mesmo não produzindo, elas estão consumindo ração e exigindo cuidados, manejo e espaço nas instalações.
Além disso, dentro desse índice podem ser observados outros índices como o intervalo desmame/cio, todas as perdas reprodutivas como retorno ao cio, abortos e mortalidade, por exemplo, o grupo de fêmeas vazias também é contabilizado.
Além desses parâmetros explicados acima, diversos outros devem ser contabilizados e acompanhados, como:
- Número total de coberturas;
- Porcentagem de repetição de cio;
- Intervalo desmama 1ª cobertura;
- Número de porcas paridas;
- Taxa de parição;
- Intervalo entre partos;
- Média total de nascidos;
- Média de nascidos vivos;
- Porcentagem de natimortos;
- Porcentagem de mumificados;
- Peso médio nascidos;
- Número de leitegadas desmamadas;
- Total de leitões desmamados;
- Partos/porca/ano;
- Número de porcas desmamadas;
- Desmamados/porca;
- Mortalidade na maternidade;
- Peso médio/leitão desmamado;
- Peso médio ajustado 21 dias;
- Idade média desmama;
- Desmamados/fêmea coberta/ano;
- Taxa de reposição;
- Taxa de descarte;
- Conversão alimentar;
- Desmamados/leitegada.
Os principais indicadores de produção analisados para engorda convencional e instalações de desmame à engorda são:
- porcentagem de mortalidade na engorda,
- peso na engorda,
- dias na engorda e
- conversão alimentar na engorda.
Indicadores de produção semelhantes são analisados na creche e na terminação.
Tecnologias aplicadas na suinocultura
Os avanços tecnológicos estão sendo aplicados cada vez mais rapidamente nas instalações de produção, porém, a tecnologia já é utilizada há muito tempo na suinocultura com os avanços na seleção genética e na inseminação artificial, por exemplo.
Mas quais são as novidades e perspectivas do futuro da tecnologia na suinocultura?
O uso de sensores diversos estará cada vez mais presente na suinocultura. Os acelerômetros, sensores de movimento, podem ser usados para detectar claudicação precoce, identificando mudanças na postura e no comportamento das porcas. Tapetes de pressão, que medem a distribuição de peso das pernas, podem ser usados para analisar os padrões de marcha da porca, fornecendo indicadores de claudicação, como menor velocidade de caminhada, menor comprimento do passo e maior tempo de apoio.
Microfones têm sido usados para detectar vocalizações de estresse e para identificar doenças. Por exemplo, já foram desenvolvidos algoritmos de classificação em tempo real baseados na análise de características sonoras de doenças respiratórias, podendo gerar um alerta para investigação clínica a partir do monitoramento dos padrões de tosse e espirros.
O uso de câmeras em sistemas de rastreamento é um recurso barato, confiável e preciso no monitoramento de indicadores de desempenho, saúde e bem-estar dos suínos. Por exemplo, as câmeras podem ser usadas para estimar peso corporal com base na circunferência de pontos específicos, conforto térmico com base nos padrões comportamentais e distribuição espacial dos animais.
Também podem ser utilizados algoritmos baseados em imagens para identificação de claudicação das porcas e sinais precoces de doenças com a redução da atividade e prostração. Câmeras termográficas ou sensores infravermelhos também são capazes de monitorar a temperatura dos animais, sendo que essa informação é importante tanto para a ambiência e conforto térmico dos animais, como para sua sanidade e monitoramento da saúde do rebanho.
Comedouros automáticos, que já são uma realidade, são cada vez mais relevantes na suinocultura por diversos motivos, como a possibilidade de:
- registrar a quantidade de alimento consumido,
- a duração do tempo gasto mastigando/mordendo a comida ou
- a quantidade de tempo e/ou frequência em que a cabeça do animal fica no comedouro.
Além disso, os comedouros automáticos podem identificar os animais individualmente e colocar a quantidade estipulada para cada porca, por exemplo. Conhecer e analisar todos esses dados faz com que seja possível realizar um planejamento mais eficiente da granja.
A Internet das Coisas (IoT – Internet of Things) é uma tendência não só na suinocultura, mas na agricultura em geral, e se refere à capacidade de dispositivos conectados por meio de internet de alta velocidade para detectar, coletar e compartilhar dados para que possam ser processados e usados para atingir objetivos comuns. Assim, na IoT todos os sensores e dispositivos exemplificados acima podem estar conectados à rede, gerando dados e auxiliando na tomada de decisão cada vez mais rápida e eficiente.
Suinocultura produtiva e eficiente
Para manter uma granja de suínos produtiva e eficiente são necessários diversos fatores que devem estar bem estabelecidos e que interferem direta e indiretamente na produção. Existem cinco áreas que interagem entre si e são fundamentais para a produção eficiente e influenciam em diversos fatores como tamanho da ninhada, taxas de crescimento e desempenho zootécnico e qualidade da carcaça. Sendo elas:
- Manejo: a qualidade do manejo contribui para a saúde e eficiência biológica dos suínos;
- Nutrição: é o principal componente de custo de produção, a composição da dieta e a forma como é fornecida, manejo alimentar, podem aumentar a ingestão de ração e maximizar a eficiência alimentar ou gerar efeito contrário;
- Ambiência: a qualidade do ambiente em termos de temperatura, umidade, ventilação, gases e poeira, enriquecimento ambiental influenciam diretamente no desenvolvimento dos animais e na eficiência produtiva;
- Sanidade: manter o rebanho livre de doenças, com programas de vacinação, limpeza e higienização das instalações e controle da biosseguridade da granja;
- Potencial genético: o suíno precisa de ser capaz de utilizar de forma eficiente a nutrição que recebe e produzir uma carcaça de acordo com as preferências do consumidor.
Todos esses fatores em conjunto, sendo administrados em uma granja com uma gestão adequada podem levar a uma produção suinícola produtiva e eficiente.