A fase de criação de bezerras leiteiras é uma das que mais impacta financeiramente a produção de leite atual, sendo que apenas a dieta líquida desses animais chega a representar entre 70% a 80% do custo de produção nessa fase.
Após o nascimento, as bezerras recebem aproximadamente 10% do seu peso vivo em colostro (primeira secreção da glândula mamaria após o parto). O ideal é que esse fornecimento ocorra nas primeiras seis horas de vida, período em que ocorre a melhor absorção, pelo intestino do animal, das imunoglobulinas que compõem o colostro.
Em seguida, os animais continuam recebendo o leite “sujo” e/ou leite integral até o 5º dia de vida, e a partir daí são adotadas estratégias nutricionais com volume e período pré-determinados para fornecimento da dieta líquida e sólida, podendo variar de acordo com o objetivo do produtor.
No Brasil, a maioria das propriedades ainda opta por oferecer às bezerras leite de composição e qualidade variável, sendo que menos de 15% dos produtores adotam sucedâneos lácteos como dieta líquida (Santos & Bittar, 2016). Entretanto, com a necessidade de reduzir cada vez mais os custos de produção, essa porcentagem de propriedades utilizando sucedâneo lácteo vem crescendo consideravelmente.
Um dos principais motivos para essa prática é o preço final do produto reconstituído que, na maioria das vezes, é mais barato que o preço recebido dos laticínios pelo litro de leite integral.
Isso torna o sucedâneo uma das principais formas de substituição ao leite na alimentação de bezerros nas propriedades (BOITO et al., 2015).
Apesar de um excelente alimento, quando o produtor opta por utilizar o leite integral como fonte de dieta líquida para as bezerras leiteiras, nos deparamos com alguns entraves em relação ao manejo alimentar dos animais. Entre eles, podemos pontuar susceptibilidades de variações no horário do trato, na temperatura de fornecimento aos animais e dos sólidos do leite, além da possibilidade de transmissão de doenças, uma vez que o referido leite ainda não passou por nenhum processo de pasteurização.
Os sucedâneos lácteos, por sua vez, são fórmulas com ingredientes que aproximam a sua composição à do leite integral em termos de proteína, energia e até em seu perfil de aminoácidos, de forma a garantir o bom desempenho dos animais (EducaPoint, 2018).
Essa tecnologia vem sendo amplamente difundida no Brasil, porém, exige que os produtores adotem alguns critérios para escolher o produto que melhor atenda às necessidades do animal para alcançar os índices de desempenho desejados na propriedade, devido à enorme gama de variações nas formulações disponíveis no mercado.
A qualidade do sucedâneo, principalmente a fonte proteica, é o fator que determina os resultados semelhantes aos observados a partir do fornecimento de leite integral (NCR, 2001).
Quando escolhidas fórmulas com proteínas de origem animal, os resultados de desempenho tendem a ser superiores se comparados às fórmulas com mais inclusão de proteínas de origem vegetal.
Entre as vantagens dos sucedâneos, estão:
- a possibilidade de comercialização do leite integral produzido, gerando mais receita para a propriedade como dito anteriormente;
- redução do custo de aleitamento;
- além de permitir uma concentração, ou diluição dos sólidos, de acordo com o objetivo do aleitamento;
- permite também uma definição nos horários do trato, uma vez que o funcionário não precisa esperar as atividades da sala de ordenha para iniciar o trato dos animais;
- além de evitar transmissão de doenças.
Em alguns experimentos a composição dos sucedâneos influenciou diretamente no ganho de peso das bezerras, sendo este o fator de grande relevância. Alvez et al. (2001) observou ganho de peso diário de 0,930 kg para animais alimentados somente com leite integral e 0,948 kg para os que foram submetidos a uma alimentação apenas com sucedâneo lácteo.
Ferreira et al. (2008) observou que o ganho médio de peso diário foi de 0,580 kg para os que consumiram leite integral e 0,530 para os submetidos ao consumo de sucedâneo, sendo que ambos os trabalhos apresentaram valores acima dos encontrados por Boito et al. (2015).
Nunes et al, 2019, ao realizar seu experimento utilizando sucedâneo lácteo de qualidade e leite integral para dieta líquida dos grupos, observou que não houve diferenças estatísticas.
Sendo assim, independente da escolha entre leite integral, ou sucedâneo lácteo, é de grande importância realizar uma avaliação criteriosa dos níveis e fontes nutricionais do produto eleito, buscando equilíbrio no custo alimentar e desenvolvimento desses animais.
Lembrando que, bezerras bem nutridas na fase inicial resultarão em vacas saudáveis e produtivas para reposição do rebanho da fazenda.
Acredito que uma ampla divulgação sobre este assunto aos produtores facilitará nas informações para a decisão do uso do leite integral ou de sucedâneo. Excelente matéria! Parabéns!
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Que informação pertinente… eh super importante desmistificar o sucedâneo … parabéns doutora … sucesso …
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