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Gestão enfoco: Os 7 desperdícios clássicos e o confinamento

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desperdícios clássicos

Desperdícios clássicos podem e devem ser evitados!

Cada dia mais se fala que a pecuária deve ser encarada como um negócio empresarial, no qual, o espaço para amadores está cada vez mais reduzido. As margens se estreitam gradativamente, assim como a lucratividade das propriedades, demandando uma visão mais estratégica do negócio. Surge assim a necessidade da adoção de ferramentas de gestão para melhor controle dos processos.

Quando pensamos no confinamento, no contexto da pecuária de corte, aí que a coisa se torna mais delicada.

A semelhança de uma operação de confinamento com um processo industrial é muito grande, já que o volume de capital movimentado em um curto espaço de tempo é significativo, e cada detalhe fará a diferença.

Somente para ilustrar, pegando como exemplo um confinamento de 5.000 animais, teríamos: 12 milhões de reais em arrobas estocadas (considerando peso médio de 16@, e valor da arroba de R$ 150,00) e um custo de R$30.000,00 a R$ 50.000,00 por dia com a operação em si, (incluindo despesas nutricionais e operacionais). Além disso, ainda temos que considerar todo o investimento em terra, máquinas e estruturas.

Vendo esses números, temos a certeza de que o confinamento deve ser encarado exatamente como uma indústria produtora de arrobas, na qual todos os processos devem ser mapeados, esmiuçando em detalhes todas as rotinas praticadas no dia a dia da operação.

Nesse sentido, uma das formas de aumentar a lucratividade do negócio é minimizar todos os desperdícios clássicos que ocorrem durante o processo produtivo. O problema é que, muitas vezes, estes não são identificados, passando despercebidos, na rotina da operação.

Nesse sentido, Taiichi Ohno, renomado gestor da Toyota, criou a sua teoria dos 7 desperdícios clássicos que, segundo ele, servia como etapa preliminar para o Sistema Toyota de Produção ou Lean Manufacturing.

Podemos entender como desperdício tudo aquilo que consome recursos e não gera valor.

Abaixo, listamos a teoria dos 7 desperdícios clássicos ajustadas para a realidade do confinamento, vejamos:


1) Desperdícios clássicos por superprodução

Os desperdícios clássicos por superprodução podem ser visualizados em distintos processos no confinamento, no qual, os mais comuns seriam:

– Produção excessiva de insumos (volumosos, principalmente), causando imobilização de capital desnecessária;

– Descontrole na produção e entrega do trato, obrigando a limpeza de cocho no dia posterior e desperdício de insumos;

– Superprodução de @ ou escolha errada do ponto ótimo de abate, o que impacta diretamente no resultado final dos lotes, uma vez que a eficiência biológica tende a diminuir com o avançar dos dias em confinamento. A escolha do ponto de abate deve estar em consonância com as características dos animais, custo da dieta e a perspectiva de preço de venda, e deve ser personalizada para cada lote. Lembrando que o abate prematuro também pode não ser benéfico, pois não aproveita totalmente o potencial produtivo dos animais.

2) Desperdícios clássicos por espera

O ideal é que os processos ocorram sempre em fluxo contínuo, pois quando pessoas ou máquinas estão paradas, esperando outras, há desperdício de tempo e de dinheiro. A otimização do fluxo de trabalho, distribuição de tarefas entre colaboradores e o dimensionamento corretos dos maquinários, são cruciais para evitar esse tipo de desperdício.

Vale lembrar ainda que, os primeiros clientes de um confinamento são os animais, e, toda vez que os fazemos esperar, não tratando na hora correta, causamos estresse e diminuição de desempenho.

O estudo do fluxo dentro da fábrica de ração e da distribuição de tratos é fundamental para que o vagão distribuidor não fique esperando o misturador, e assim por diante.


3) Desperdícios clássicos por transporte

Sabemos que os custos vinculados a combustíveis, depreciação e manutenção de máquinas são extremamente relevantes no confinamento, perdendo apenas para as despesas com compra de animais e insumos nutricionais. Fazer com que as máquinas andem menos, para executar o mesmo serviço, deve ser um foco constante.

Assim, devemos nos atentar à disposição dos insumos estocados, para que favoreçam o enchimento do vagão e a distância entre eles e o confinamento, para um descarregamento mais rápido. Outro ponto de atenção está na alocação de lotes dentro dos currais. Deve-se, sempre que possível, setorizar os lotes de acordo com a dieta, para que o vagão não ande desnecessariamente.

Grande parte dos desperdícios por transporte devem ser reduzidos ainda no projeto de construção do confinamento. Dependendo da disposição dos currais, galpão e silos, podemos fazer as máquinas andarem quilômetros a mais por dia, gastando mais combustível, tendo maior risco de ocorrência de defeitos e depreciando-as mais rapidamente.

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4) Desperdícios clássicos por movimento

Esse tipo de desperdício se assemelha ao anterior, mas está mais relacionado ao movimento das pessoas. Processos bem definidos e sequenciados fazem com que as pessoas executem com mais rapidez e eficiência. Transportando à realidade do confinamento, os desperdícios clássicos por movimentos excessivos podem estar embutidos, por exemplo, no processamento de gado no curral de manejo, nas rondas sanitárias, nas lavagens de bebedouros, entre outros. Essas são atividades simples e pouco organizadas, mas que, se bem estudadas, podem ser executadas em menor tempo, com menos pessoas e de forma mais eficiente.


5) Desperdícios clássicos por processamentos desnecessários

A busca por um custo menor de dieta leva muitas pessoas a optarem por produtos de baixa inclusão, como os premixes. Quando colocados diretamente no vagão misturador não têm capacidade de propiciar uma mistura de boa qualidade. Nesse caso, faz-se necessária a produção de uma pré-mistura, para posterior adição ao vagão.

Para pensar:  Qual o custo desse processamento extra? Será que vale mesmo a pena?

Nesse caso, essa ação – no mínimo – irá ocupar uma pessoa, consumir energia, demandar e desgastar mais máquinas. Sendo assim, devemos sempre estar cientes de que a criação de um novo processamento pode ser viável, mas não é de graça.

Outro exemplo seria o tempo de mistura do vagão. Suponhamos que o tempo de mistura ideal de um vagão seja de 6 minutos, fazê-lo misturar por 10 a 15 minutos é um excesso de processamento totalmente desnecessário, que consome combustível, tempo e máquina.

Existem ainda outras práticas, como as pesagens intermediárias dos animais, que também são exemplos de processamentos que causam estresse aos animais, diminuem desempenho e, muitas vezes, agregam pouco (ou nenhum) valor ao negócio.

Assim como os exemplos citados anteriormente, muitas são as possibilidades de estarmos desperdiçando recursos por não simplificarmos os processos.


6) Desperdícios clássicos por estoque

Esse é um dos mais visíveis e o mais comum dos desperdícios clássicos, em que alguns detalhes podem ser determinantes para a diminuição desses problemas.

A princípio, um planejamento nutricional bem feito, anterior ao início do confinamento, é o primeiro passo para a redução desse desperdício. Outros fatores também podem ajudar, entre eles destaca-se o uso de um menor número de matérias-primas na dieta. Quanto mais complexa for a dieta, menor a participação dos ingredientes e maior o risco do desperdício por excesso de estoque.

É preciso ter em mente que estoque excessivo significa capital empatado, maior risco de perdas por insetos, animais e exposição à umidade e temperatura, que podem deteriorar o alimento.

Cabe uma ressalva: A atividade de confinamento depende de insumos, principalmente agrícolas, que variam de preço na safra e entressafra. Fazer um estoque a mais, aproveitando a queda de preços no segundo semestre, pode ser uma boa decisão estratégica para o primeiro giro do próximo ano. Basta saber o custo de oportunidade do capital empregado e a variação histórica do preço do insumo da safra para a entressafra, e compará-los. Se for viável, deve-se atentar às boas condições de armazenagem.

É válido comentar que a postergação da decisão de venda dos animais acabados também pode ser fonte de desperdício por estoque. Nesse caso, é o estoque de arrobas que está parado (ou evoluindo pouco) e já poderia ter dado lugar à reposição ou ter capitalizado o negócio.


7) Desperdícios clássicos por defeitos

O termo “defeito” é mais cabível à produção de objetos do que de produtos de origem animal. Mas, podemos aqui considerar, por exemplo, os desperdícios clássicos com refugos de cocho, acometimento de doenças que comprometam desempenho ou mortes por acidentes de manejo. Defeitos de fabricação de dietas também causam desperdícios, pois não cumprem o objetivo final de nutrir adequadamente os animais.

Outros defeitos que afetam diretamente o rendimento final da engorda estão ligados ao manejo do gado. Erros na aplicação medicamentosa e manejo inadequado são causadores de desperdícios por descarte de carne “defeituosa”, com a presença de abcessos e hematomas. Animais estressados geram carne de pior qualidade, que pode afetar no preço do produto que chega ao consumidor final, ou na sua satisfação, e refletir de forma indireta no pecuarista.

Enfim, muitas são as aplicações da “Teoria dos 7 desperdícios clássicos” nas operações de confinamento e cada operação tem suas características, por isso, o pecuarista deve olhar para seu próprio processo produtivo, com foco nos desperdícios. Quem despertar para isso, e conseguir gerar em sua equipe uma cultura para enxergá-los, criando soluções para evitá-los, dará um passo à frente rumo ao sucesso financeiro e à sustentabilidade de seu negócio a longo prazo.

Nutrição Animal – Agroceres Multimix

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