Os aviários são as instalações utilizadas para criação de aves. Especificamente, se tratando de avicultura comercial, os aviários são os locais onde alojam-se frangos de corte, galinhas de postura, perus e codorna, por exemplo.
A escolha do local, o dimensionamento correto das instalações e a implementação adequada de equipamentos é determinante para a longevidade das instalações. Para a construção de um aviário algumas normas devem ser seguidas.
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), por meio do Plano Nacional de Sanidade Avícola (PNSA), determina algumas normas para as instalações visando a sanidade do plantel brasileiro. Assim, quando uma nova granja vai ser construída e populada com aves, o Mapa faz a vistoria e libera ou não sua operação.
A determinação do local de instalação do aviário é primordial para o sucesso do empreendimento, e alguns requisitos devem ser observados, como:
- aspecto sanitário da região;
- disponibilidade de mão de obra;
- qualidade e disponibilidade de água;
- mercado que pretende atender;
- distância para o escoamento da produção;
- oferta de grãos;
- especificidades da empresa integradora.
Distância entre unidades de produção
A localização da granja deve ser planejada de modo que as distâncias entre os galpões de produção, a fábrica de ração e o abatedouro, no caso de frangos de corte, sejam otimizados para melhorar a logística de transporte. Os custos de transporte de aves e de ração impactam diretamente no balanço econômico da atividade.
De acordo com a normativa vigente do Mapa (IN 56 de 4 de dezembro de 2007), os estabelecimentos avícolas devem estar localizados em área não sujeita a condições adversas que possam interferir na saúde e bem-estar das aves, ou na qualidade do produto, devendo ser respeitadas as seguintes distâncias mínimas entre o estabelecimento avícola e outros locais de risco sanitário:
- 3km (três quilômetros) entre um estabelecimento avícola de reprodução e abatedouros de qualquer finalidade, fábrica de ração, outros estabelecimentos avícolas de reprodução ou comerciais;
- 200 m (duzentos metros) entre os núcleos e os limites periféricos da propriedade para estabelecimentos avícolas de reprodução;
- 300 m (trezentos metros) entre os núcleos propriedade para estabelecimentos avícolas de reprodução;
Aspectos construtivos dos aviários
O primeiro passo para se estabelecer as dimensões, comprimento e largura do galpão, é saber o número e densidade de aves a serem alojadas. Para aviários de matrizes, a literatura recomenda largura do galpão de até 14m, especialmente quando se trata de locais com clima úmido. Já o pé direito, distância do piso ao teto, pode ser calculado em relação à largura do galpão. A altura do pé direito influencia em vários aspectos como a intensidade e volume de ar ventilado e a radiação solar que chega até as aves.
Para galinhas poedeiras é comum a construção de galpões com comprimentos superiores a 100 metros, largura de 10 a 15 metros e pé-direito acima de 5 metros. Nesses aviários, as gaiolas são arranjadas em sistemas verticais, ou seja, apresentam-se distribuídas em baterias de até oito níveis.
É importante frisar que as dimensões dos galpões são determinadas pela quantidade de aves a serem alojadas e seu sistema de criação. Por exemplo, a área necessária para criação de determinado número de poedeiras em sistema de gaiolas convencionais é diferente da área necessária para criar o mesmo número de aves em sistema cage free ou livre de gaiolas.
Orientação do galpão
A orientação recomendada para as instalações avícolas em clima tropical e subtropical, como o Brasil, é no sentido Leste-Oeste. Ou seja, o eixo longitudinal do galpão deve estar orientado no sentido Leste-Oeste.
Desse modo, minimiza-se a incidência direta do sol sobre as aves pelas laterais do galpão, já que nessa posição o sol passa sobre a cumeeira da instalação durante a maior parte do ano. Porém, algumas ressalvas devem ser feitas.
Em determinados locais, este tipo de orientação pode prejudicar a ventilação natural, podendo ser a orientação Norte-Sul mais recomendável. Já em outros locais, a própria topografia do terreno impede que o aviário seja construído na orientação Leste-Oeste. Por isso, as especificidades de cada local devem ser observadas.
Circunvizinhança
O cuidado com o entorno dos galpões também é importante para o bom desempenho das granjas.
A cobertura do solo ao redor do galpão pode influenciar a CTR (carga térmica de radiação) sobre as aves, devido à diferença de refletividade de cada material a ser utilizado. A grama é a melhor opção para a área externa dos galpões, pois reduz a quantidade de luz refletida.
Outro ponto importante é a arborização da propriedade. As árvores atuam sombreando a cobertura e laterais dos galpões, atuando no amortecimento da incidência solar direta e também como quebra-vento. A vegetação tem capacidade de promover um microclima ameno ao redor das instalações, auxiliando no controle de temperatura no interior dos galpões.
A escolha das árvores também é de suma importância, tanto para promover o sombreamento e quebra de correntes de ar, quanto para não atrair pássaros e aumentar riscos sanitários. Por isso, as instalações devem ser rodeadas por árvores não frutíferas. Algumas espécies recomendadas para sombrear o galpão e atuar como quebra-vento são o eucalipto (Eucalyptus sp.) e o pinheiro (Pinus sp.).
Cobertura e vedação dos aviários
No Brasil, um dos maiores desafios da avicultura relacionados à ambiência, especialmente frangos de corte, é o estresse por calor. Alguns aspectos construtivos e de materiais devem ser considerados para auxiliar no controle térmico no interior das instalações.
O tipo de cobertura dos galpões pode auxiliar o controle da temperatura, pois é no telhado que ocorre a maior incidência de radiação solar. Assim, é importante que os materiais utilizados na cobertura sejam bons isolantes térmicos.
O material de cobertura deve possuir, preferencialmente, alta refletividade solar com alta emissividade térmica, na parte superior. Alguns dos materiais mais utilizados na cobertura dos galpões são o alumínio com poliuretano, telhas cerâmicas, telhas de fibrocimento, telhas de barro e telhas sanduíche compostas por isopor entre duas lâminas de alumínio.
Medidas adicionais podem ser tomadas para melhorar o comportamento térmico das coberturas das instalações, como o uso de forros, pintura em cores claras na face superior do telhado, aspersão sob cobertura, beirais e adequada inclinação do telhado.
O fechamento lateral dos galpões vai depender da atividade. Por exemplo, os galpões convencionais de galinhas poedeiras geralmente têm as laterais fechadas apenas com:
- Tela de proteção, ou
- Cortinas.
Já para frangos de corte as laterais dos galpões podem ser fechadas com:
- Tela,
- Cortina,
- Alvenaria,
- Materiais mais tecnológicos como os painéis isotérmicos (que podem ser usados tanto para fechamento lateral, como no forro).
Nos aviários do tipo dark house, que têm como característica a iluminação e ventilação controladas, sendo a intensidade luminosa baixa, o fechamento lateral é realizado com cortinas que são mantidas fechadas durante todo o período de produção. Algumas variações desse tipo de galpão são o “Green House” e o “Blue House”, que tem como principal diferença a cor da cortina de fechamento.
Equipamentos
Bebedouros
A água é o ingrediente essencial mais importante para o desenvolvimento das aves. Por isso, o fornecimento, o controle da qualidade e o sistema hidráulico para distribuição da água são fatores críticos para o bom funcionamento de uma granja.
As aves têm como característica a ingestão de pequenas quantidades de água com alta frequência. Por isso, o fornecimento constante de água é fundamental.
Nos aviários, o ponto de contato das aves com a água se dá por meio dos bebedouros. O primeiro modelo de bebedouro utilizado na avicultura comercial foi o tipo calha, confeccionado em metal. Com a modernização da avicultura, foi ocorrendo a atualização dos bebedouros, com a melhor adaptação às necessidades das aves e maior facilidade de manutenção.
Principais modelos de bebedouros utilizados:
- Calha: tem a vantagem do fluxo constante garantido pela lâmina d’água, porém, deixa a cama úmida, desperdiça água e necessita de limpeza constante. Tem sido gradativamente substituído pelos modelos de taça ou nipple;
- Copo de pressão: utilizado apenas durante o alojamento e durante os primeiros dias de vida;
- Pendular: a maioria tem o formato de sino, a água escorre na superfície do bebedouro de cima para baixo e é amparada por uma superfície curva na parte inferior. Apesar da abundância de água disponível para as aves sua qualidade cai rapidamente pelo acúmulo de ração. Esse tipo de bebedouro deve ser lavado no mínimo a cada dois dias;
- Taça: a saída da água é acionada pela ave ao bicar uma válvula, abaixo da válvula fica situado um copo ou taça para captar a água. Pode ser usada por frangos de corte, poedeiras e matrizes de todas as idades. Apesar das aves terem maior ingestão de água do que comparado ao bebedouro tipo nipple, a qualidade da água é prejudicada pelo acúmulo de ração na taça;
- Nipple: sistema mais higiênico e com menor desperdício no fornecimento de água. Consiste em uma válvula que libera a água quando as aves batem com o bico.
Vale destacar que a altura dos bebedouros deve ser ajustada de acordo com o crescimento das aves. Linhas do bebedouro muito elevadas podem restringir o consumo de água das aves, enquanto linhas muito baixas podem contribuir com o umedecimento da cama.
Além dos bebedouros, fazem parte do sistema hidráulico dos aviários:
- Reservatório de água, que pode ser único ou distribuído em mais de uma caixa d’água;
- Dosador de cloro, geralmente colocado imediatamente na saída das caixas de água centrais, pode ser líquido ou em pastilhas;
- Hidrômetro, importante para medir o volume de água nas instalações.
É importante lembrar que em um aviário a água é utilizada não somente para bebida e vacinação, como também para limpeza e desinfecção das instalações, nebulizadores, aspersores e placas evaporativas, por exemplo.
Por questões de segurança e adequação à lei, as instalações hidráulicas devem ser efetuadas atendendo a norma NBR-5626 (Instalações hidráulicas).
Comedouros
Apesar da importância inegável dos comedouros, a ração, quando chega às granjas, primeiro passa pelos silos. Sem eles não há o fornecimento contínuo de ração para as aves.
Na avicultura, os silos mais utilizados são os de superfície em chapa galvanizada. Alguns fatores importantes para determinação do número de silos a serem instalados na granja são os tipos de ração a serem oferecidos ao longo do lote, logística e distância da fábrica de ração.
Com a modernização e aumento da densidade de aves nos galpões houve a necessidade de automatização dos comedouros para alimentação das aves. Os principais tipos de comedouros utilizados são do tipo prato, calha, tubulares e linear de corrente.
Os comedouros, tubular infantil e bandeja são utilizados apenas nos primeiros dias de vida das aves.
Assim como os bebedouros, os comedouros também devem ser ajustados de acordo com a altura e crescimento das aves. A altura incorreta do comedouro (muito alta ou muito baixa) aumentará o desperdício de ração, que representa um dos maiores custos na produção.
A ração deve ser distribuída igual e uniformemente por todo o sistema de alimentação. Distribuição desigual de ração pode resultar em redução do desempenho, disputa por alimento nos comedouros e aumento do derramamento de ração.
Ventiladores e exaustores
Parte crucial das instalações avícolas são os equipamentos destinados à climatização, seja para aquecimento ou arrefecimento.
A ventilação dos aviários pode ser realizada de forma natural e/ou artificial. Nos galpões de ventilação natural, a movimentação de ar ocorre pela passagem de correntes de ar pelas instalações, enquanto na ventilação artificial a movimentação do ar é realizada artificialmente por ventiladores e exaustores.
Além do controle da temperatura, a ventilação promove a renovação do ar no interior das instalações, reduzindo a umidade, a concentração de gases nocivos, poeira e odores.
Atualmente, a tendência da avicultura, especialmente para frangos de corte, é o controle do ambiente térmico no interior das instalações. Isso reflete nos atuais aviários climatizados, que geralmente têm paredes laterais sólidas, ou cortinas que são mantidas fechadas durante a operação do aviário.
A forma mais comum de aviário com controle de ambiente opera sob pressão negativa. Estes aviários geralmente têm paredes laterais sólidas, exaustores em uma extremidade que extraem o ar do aviário, e entradas de ar automática na extremidade oposta, através das quais o ar fresco é puxado para o interior do aviário, é a chamada ventilação tipo túnel.
Aquecedores
São indispensáveis durante o alojamento e os primeiros dias da ave. Nos primeiros dias de vida as aves não tem seu sistema termorregulador completamente desenvolvido e não são capazes de manter sua temperatura corporal.
Por isso, é crucial que o ambiente seja aquecido, a temperatura do ar durante o alojamento deve ser entre 33 e 35°C.
Para conseguir o ambiente aquecido e de forma uniforme, as granjas utilizam aquecedores, que podem ser:
- fornalhas,
- aquecedores elétricos, a gás ou óleo,
- placa cerâmica e até mesmo infravermelho.
Como pode ser observado, um aviário demanda muita energia, seja para funcionamento dos sistemas de aquecimento, por exemplo campânulas elétricas, arrefecimento com o uso de ventiladores/exaustores e placas evaporativas, sensores de temperatura, umidade, velocidade do vento, iluminação e diversas outras funções.
Para o bom funcionamento de todos os equipamentos, as instalações elétricas devem ser cuidadosamente planejadas e executadas em conformidade com a norma NBR-5410 (instalações elétricas prediais) e NBR 14039 (instalações de média tensão).
Alguns itens que devem constar nas instalações elétricas de um aviário para frango de corte:
- Quadro de transferência automática na entrada da propriedade;
- Painel de distribuição;
- Rede de distribuição dos circuitos entre os prédios em eletroduto flexível com envelopamento de concreto;
- Caixa de passagem com tampa de inspeção;
- Circuitos de alimentação (cabos);
- Gerador.
A construção e instalação de um aviário é tarefa complexa, que deve ser cuidadosamente estudada. A interação entre o avicultor e os profissionais que irão auxiliá-lo em cada etapa, do projeto à finalização, é crucial para o sucesso do empreendimento.
Quero parabénizar pelos relevantes serviços prestado, muito obrigado!!!
Bom Dia!
Estou em construção de 02 galpóes de 7 x 15,5 para criação de 600 galinhas poedeiras em cada. Moro no Município de Arara na Paraíba e estou com certa difuculdade em comprar os equipamentos para o galpão, tipo cortina e seus acessórios, roldanas, catracas, corda trançada etc., campânulas, comedouros manuais tubulares de 20 kg ou similares, bebedouros e os demais equipamentos necessários. Caso conheça algum fornecedor gostaria que enviasse contatos.
Olá Jaerson! Sugerimos que busque o apoio da Empaer (Empresa Paraibana de Pesquisa, Extensão Rural e Regularização Fundiária). E para se manter atualizado sobre os temas relacionados à avicultura, sugerimos que cadastre seu e-mail no rodapé desta página. ObrigadO!
bom dia muito bom essas informações, gostaria de saber se voce pode disponibilizar literatura que trada das disões e matereias usados nesse tipo de construção para essa finalidade.
geto. anaxímenes
Olá Ana! Obrigado por prestigiar os nossos conteúdos. Sugerimos que busque informações no site da Embrapa e manuais de fornecedores de equipamentos. Um abraço!
bom dia , gostaria de saber a tabela de luz para pintainhas postura, quantidades de horas de luz para crescimento
Olá Deise! Primeiramente, obrigado por prestigiar o agBlog.
As tabelas de programas de luz recomendam que se utilize de 23-24 horas de 0 a 3 dias, 22 horas de 4 a 7 dias, 20 horas de 8 a 14 dias, 19 horas de 15 a 21 dias, 16-18 horas de 22 a 28 dias e 14-15 horas de 29 a 35 dias. Todavia, temos determinado como pontos cruciais:
– Manter a intensidade de luz recomendada (30-50 lux medidos sempre no nível dos comedouros de todos os andares de gaiolas e entre lâmpadas, quando piso ou SLAT) durante 7 dias para ajudar as pintainhas a encontrar ração e água;
– Reduzir para 5-10 lux após as primeiras semanas (21 dias);
“É recomendado o uso de sombrites em aviários abertos como forma de reduzir a intensidade luminosa (máximo 40 lux)”
– Estabilizar no mínimo o fotoperíodo artificial (14 horas) até a 9 semana da galinha (retirada branda de 1 hora por semana);
Espero haver ajudado. Não se esqueça de se cadastrar para receber a nossa newsletter com atualizações do blog.