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Peste Suína Africana: O que precisamos saber?

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Peste suína africana

Peste Suína Africana e o que precisamos saber?

A Peste Suína Africana (PSA) foi descrita pela primeira vez por Montgomery no Quénia em 1921. Desde então, muitos países africanos, europeus e americanos foram afetados. A Peste Suína Africana é uma das doenças virais mais complexas e economicamente devastadoras em rebanhos suínos, produzindo grande impacto socioeconômico nos países afetados. Por essa razão, é listada como uma doença de notificação compulsória pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). O vírus da PSA (ASFV) é um vírus de DNA envelopado muito complexo e grande com um genoma de 170-190 kpb, e é classificado como um membro único da família Asfarviridae, género Asfivirus (Dixon et al., 2005).

Não afeta diretamente a saúde pública, no entanto, tem um sério impacto social e econômico no comércio de suínos, seus subprodutos e a segurança alimentar, particularmente em países nos quais os suínos são uma importante fonte de proteína.

Na África, a circulação do vírus é mantida por um complexo ciclo de transmissão, envolvendo espécies silvestres suínas africanas, carrapatos moles e suínos domésticos. Nas regiões leste e sul, o vírus segue um ciclo silvestre antigo, envolvendo carrapatos moles, javali e bushpigs (espécie de porco selvagem) assintomáticos. Na Europa, a transmissão direta por contato entre animais doentes e saudáveis, incluindo suínos domésticos e javalis, é a rota mais comum de transmissão. A Peste Suína Africana se espalha entre suínos domésticos através de vias orais ou nasais de disseminação e exposição (Colgrove et al. 1969). Suínos também podem ser infectados por outras vias, incluindo picada de carrapato (Plowright et al. 1969); escarificação cutânea; e injeção intramuscular, subcutânea, intraperitoneal ou intravenosa (McVicar, 1984).

O modo histórico de introdução do ASFV nessas áreas livres de doenças foi, principalmente, alimentando animais domésticos com produtos suínos contaminados que entraram no território através de aeroportos e portos marítimos internacionais.

A Peste Suína Africana é considerada uma doença hemorrágica, devido aos sintomas hemorrágicos típicos das formas hiperaguda e aguda das doenças, embora outras apresentações (formas crônica e assintomática) da doença possam acontecer sem esses sintomas característicos. Sinais clínicos hiperagudos e agudos em suínos e javalis são muito semelhantes aos de outras doenças hemorrágicas, como: peste suína clássica, salmonelose ou erisipela. Assim, o diagnóstico laboratorial é necessário para diferenciação entre eles. Os sinais clínicos da Peste Suína Africana podem variar de uma forma hiperaguda, com 100% de mortalidade entre os dias 4 e 7 pós-infecção e sintomas hemorrágicos típicos, até uma forma assintomática e crônica menos comum que pode transformar animais em portadores. Essa última forma, observada em animais selvagens e domésticos, desempenha um papel importante na persistência e disseminação da doença em áreas endêmicas, ainda mais se carrapatos infectados estiverem presentes (Arias e Sanchez-Vizcañno, 2002).

As principais lesões macroscópicas são observadas no baço, linfonodos, rins e coração. O baço pode estar escurecido, aumentado, infartado e friável. Às vezes, as lesões são grandes infartos com hemorragias subcapsulares. Os linfonodos são hemorrágicos, edematosos e friáveis ​​e muitas vezes se parecem com hematomas vermelhos escuros. Por causa da congestão e da hemorragia subcapsular, as seções cortadas dos linfonodos afetados – às vezes – têm uma aparência marmorizada. Os rins, geralmente apresentam petéquias (hemorragias puntiformes) na cortical e nas superfícies cortadas, bem como na pelve renal. Hidropericárdio intenso com fluido sero-hemorrágico pode estar presente em alguns casos. Petéquias ou equimoses (hemorragias mais extensas) podem ser observadas no epicárdio e no endocárdio. Outras lesões também podem ser observadas na Peste Suína Africana aguda, como o líquido sero-hemorrágico na cavidade abdominal, com edema e hemorragia em todo o trato alimentar. Congestão do fígado e da vesícula biliar pode ser observada, assim como petéquias na mucosa da bexiga urinária. Hidrotórax e petéquias da pleura são frequentemente encontradas na cavidade torácica, e os pulmões são geralmente edematosos. Congestão intensa é observada nas meninges, no plexo coróide e no encéfalo (Mebus et al., 1983).

Peste suína africana
Esplenomegalia com cogestão intensa (a); Rim com petéquias multifocais (b). Fonte: https://www.3tres3.com.pt/artigos/peste-suina-africana-reconhecer-a-doenca-no-campo_6358/

Na presença de um surto, os animais são abatidos e as carcaças (e produtos derivados) destruídos. É igualmente essencial uma completa limpeza e desinfeção das instalações. O vírus é sensível a dodecil sulfato e ao calor (60°C, 30 minutos), e não tanto à putrefacção, formaldeído e desinfetantes alcalinos. Os desinfetantes apropriados para controlar a Peste Suína Africana incluem: hidróxido de sódio a 2%, soda cáustica a 2%, detergentes e substitutos fenólicos, hipoclorito de sódio ou cálcio (lexívia 2-3%) e compostos iodados. Os resíduos sólidos devem ser enterrados ou destruídos antes da desinfeção do material contaminado. As instalações não devem receber novos animais pelo menos durante 40 dias.

Importante ressaltar que não existe tratamento eficaz contra a Peste Suína Africana, bem como uma vacina eficaz para a doença. Com isso, a única forma de prevenção da doença é impedir que o rebanho se torne positivo, sendo assim, um programa de biossegurança deve ser bem estabelecido e aplicado nas granjas.

Alguns pontos básicos devem ser destacados:

  • Melhorias nas instalações de retenção de animais para evitar a disseminação da doença como, por exemplo, banhos para pés, caixas sanitárias e descarte de resíduos;
  • Limpeza e desinfecção das instalações e dos veículos que transportam animais;
  • Separação das instalações nas diferentes fases de criação;
  • Cercas adequadas que evitem a entrada de animais;
  • Conhecimento da origem de animais adquiridos e quarentena dos mesmos;
  • Limpeza e desinfecção das mãos e botas das pessoas que lidam com os animais.
  • Controle de visitas e exigência de banho e troca de roupa ao entrar na granja.
  • Conhecimento da origem da matéria prima de origem animal.

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