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Reflexão @gro: O risco do óbvio

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O óbvio, tenha cuidado com ele

Hoje vou tomar a liberdade de escrever de forma mais informal e descontraída, dividindo com vocês um bate-papo que tive há alguns dias. De certa forma, conversar sobre o “óbvio” promoveu certa inquietude em meus pensamentos, ou melhor, gerou um incomodo positivo, me fazendo refletir sobre o impacto do “óbvio” em nossas vidas.

Dias atrás, estive reunido com o amigo e grande entusiasta da pecuária de corte, o professor Gustavo Siqueira. Para quem ainda não o conhece, o professor Gustavo é pesquisador da Apta de Colina/SP, pai do conceito do boi 7.7.7, e certamente um dos pesquisadores mais influentes no cenário produtivo atual. Como sempre fazemos em nossos encontros, falamos sobre boi e suas oportunidades de negócio, sistemas de produção, desafios operacionais, protocolos nutricionais, entre outros assuntos que sempre remetem a reflexões positivas, por vezes aplicadas nas diferentes situações em meu dia a dia de trabalho.

Pois bem, em nosso último encontro, conversando a respeito dos recentes eventos ligados à pecuária, o Gustavo me contou sobre uma palestra que assistiu durante o evento da Terra Consultoria, em Campo Grande/MS e que o agradou muito. A palestra em questão era do professor Luiz Almeida Marins, e tratava da temática “case de sucesso da indústria”.

Comentando sobre o que foi abordado, dentre vários tópicos, um que chamou muito sua atenção (e a minha, durante nossa conversa) foi o quanto o óbvio pode nos gerar frustrações. Por exemplo: quem nunca pediu a um colaborador para que fizesse uma tarefa, tida como simples no seu ponto de vista, e se frustrou com o resultado? Ou então, frente a determinada situação, esperava um padrão de comportamento por parte de outra pessoa e a resposta foi totalmente oposta à expectativa?

Nesse caso, as frustrações frente as expectativas criadas foram geradas pela falta de comunicação, no qual, o culpado de tudo é o “óbvio”.

Parece estranho? Vamos pensar.

Ao pedir que determinada tarefa seja executada, atribuímos ao “óbvio” o sucesso da mesma, ou seja, assumimos que a pessoa que nos ouve pensa da mesma forma que nós, fazendo com que a comunicação seja simples e direta, sem o grau de detalhamento necessário.

Exemplificando: quando uma patroa pede à sua funcionária que receba bem seus convidados para o jantar, falando: “fulana, quando os convidados chegarem, por favor, os receba bem e os leve até a sala de estar”, nesse momento, pode surgir o problema do “óbvio”: será que o conceito de “receber bem” da funcionária é o mesmo da patroa?

Percebam que ao pedir que os convidados fossem bem recebidos, cria-se a expectativa de que essa simples tarefa seja bem executada. Porém, qual é o conceito da funcionária de “receber bem”? Será que é o mesmo da patroa? Pode parecer óbvio, mas não é!

 Por vezes, determinadas ações do nosso dia a dia são negligenciadas em função do “óbvio”, resultando em frustrações, falhas, erros, problemas e afins.

Pense comigo, não é óbvio que depois de ir ao banheiro devemos dar a descarga, lavar as mãos, jogar o papel no lixo? No entanto, na grande maioria dos locais públicos e comerciais existe uma placa colada logo acima do vaso sanitário, com os dizeres: não suba no vaso, acerte na mira, não jogue papel no vaso, de a descarga, lave as mãos! Ou seja, parece que dar descarga não é uma ação tão óbvia assim, uma vez que existem pessoas que não fazem. Perceba então a importância da clareza na comunicação.

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Voltando ao caso da patroa e da funcionária, para garantir que seus convidados fossem bem recebidos e evitar frustrações com a funcionária, a forma correta de solicitar a tarefa deveria ser: “fulana, os convidados devem chegar por volta das 20:00 hrs, por favor, esteja preparada para recebê-los; quando chegarem, abra a porta e dê um sorriso simpático, fale boa noite e pergunte se eles precisam ir ao banheiro e se aceitam alguma bebida; conduza-os até a sala de estar e informe que em alguns minutos eu chego; feito isso, vá até meu quarto e me avise que eles chegaram.”

Depois de ouvir toda esta história, comecei a pensar como a falta de clareza e/ou subjetividade das ações propostas comprometem a execução de tarefas simples do nosso dia a dia. Nesse momento, comecei a pensar nas tarefas rotineiras que acontecem em uma fazenda.

A primeira que me veio a cabeça foi uma das tarefas mais simples e que faz parte da rotina de praticamente todas as fazendas: a salgação. Parece óbvio que ao ficar responsável pela salgação o funcionário não deve deixar faltar sal no cocho, correto? Porém, quem nunca se deparou com cochos vazios ao sair para rodar os pastos?

Pergunto: Como será que essa tarefa foi passada? Será que o “salgador” sabe da importância do sal para o gado?

Como este exemplo acima, existem inúmeros outros pontos óbvios na fazenda que negligenciamos, ou por falta de clareza na hora de comunicar ou por não dar a devida importância.

É óbvio que a água oferecida aos animais deve ser limpa e de qualidade, mas não é!

É obvio que o pasto deve ser bem manejado, respeitando a altura de corte do capim, mas não é!

É óbvio que o tamanho de cocho por animal deve estar condizente com a suplementação adotada, mas não é! E por aí vai…

Dito isto, reflita: como está a comunicação porteira a dentro em sua fazenda? Qual a clareza que as tarefas são passadas aos funcionários? A equipe tem conhecimento da importância de cada tarefa para que os resultados sejam conquistados?

Nesse sentido, clareza na hora de comunicar a forma como realizar as tarefas, dando destaque à importância de cada uma delas, será cada vez mais obrigatória no dia a dia da fazenda. Cada vez mais, ferramentas de gestão e controle das atividades devem ser utilizadas para avaliar a eficiência das rotinas diárias.

Por fim, não é novidade dizer que as margens da atividade estão cada vez mais apertadas e, brincadeiras à parte, é óbvio que precisamos nos profissionalizar cada vez mais para obter sucesso no que estamos nos propondo a fazer.

Nutrição Animal – Agroceres Multimix

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