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Alimentação de codornas: exigências nutricionais

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codornas

O que é coturnicultura

A coturnicultura é um segmento dentro da avicultura destinado a criação de codornas, seja para fins lucrativos ou até mesmo para consumo próprio. O rápido crescimento, a precocidade na produção, a maturidade sexual, pequenos espaços para grandes populações e baixo investimento, são fatores atrativos para iniciar a criação de codornas. No Brasil, o setor da coturnicultura é significativo, porém está limitado pelos matrizeiros nos seus incrementos anuais de produção de pintainhas (BERTECHINI, 2010).

Alimentação de codorna e seus impactos nos custos da produção

A alimentação afeta os custos de produção das codornas desde a base: da indústria do melhoramento genético até o topo da cadeia produtiva. Ao considerar que as rações para codornas contêm mais proteína que as rações de frangos e poedeiras, temos que o custo de alimentação por unidade de produto carne ou ovos é, supostamente, maior (SILVA et al., 2012)

Exigência nutricional de codornas 

Na última Tabela Brasileira para Aves e Suínos de 2017, foram publicadas as exigências de codornas japonesas nas fases de cria, recria e produção.  Por exemplo: para fase de recria, os autores sugeriram níveis de 23% de proteína na ração, com níveis de cálcio por volta de 0,91% e fósforo disponível em 0,42%.

As exigências nutricionais de codornas diferem de frangos e poedeiras, o mesmo acontece para codornas japonesas (ovos) e codornas europeias (carne), que devem ser alimentadas com dietas distintas. As codornas exigem mais proteína (aminoácidos), menos cálcio, mais energia para mantença quando alojadas em pisos, e menos energia quando alojadas em gaiolas (quando comparadas a poedeiras).

Proteína bruta da dieta, informações relevantes sobre seu fornecimento em níveis deficientes

Dentre os nutrientes mais importantes para produção de ovos, a proteína bruta da dieta, quando fornecida em níveis deficientes, promove redução no crescimento e na produção de ovos. Quando fornecida em excesso pode limitar o desempenho das aves, requerendo um gasto de energia extra para excretar o nitrogênio na forma de ácido úrico (JORDÃO FILHO et a., 2006).

pintinho de codorna sendo segurado por uma mão

Codornas japonesas na fase de produção: avaliando diferentes níveis de proteína na dieta

Avaliando diferentes níveis de proteína (14, 17, 20, 23 e 26%) na dieta de codornas japonesas na fase de produção, Lima et al. (2014) verificaram que o nível de 20% de proteína bruta na dieta foi o que mais promoveu os melhores índices produtivos. De acordo com Murakami (2002), a taxa de postura possui uma correlação positiva com o teor proteico da dieta.

No caso da energia, segundo Barreto et al. (2007), somente uma parte do total de energia consumida, equivalente em torno de 20 a 27%, é destinada à produção. Entretanto, quando essa energia é oferecida na dieta em níveis marginais, não atendendo à manutenção e à produção de ovos, pode vir a prejudicar o desempenho zootécnico dessas aves. A energia é o fator de maior relevância para que sejam obtidos ótimos resultados de produção (LEESON et al., 1996).

De acordo com Silva et al. (2006) a suplementação com metionina de rações, cuja proteína foi reduzida para 20% (24% para 19,2% de 22 42 dias), proporcionou conversão alimentar em codornas europeias semelhante ao tratamento controle. Nesse contexto, observamos na Tabela 1 que a exigência de codornas japonesas para fase de produção corrobora com níveis de proteína próximo do estudo acima.

Tabela 1. Exigências de codornas japonesas para fase de produção Rostagno et at. (2017).

Fase de Postura

Peso corporal (g)

0,190

0,200

0,210

Consumo, g/dia

25,85

24,48

23,13

Massa de ovo, g/dia

11

10

9

Energia Metab., kcal/kg

2800

2800

2800

Proteína Bruta, %

18,92

19,00

19,07

Cálcio, %

2,990

3,158

3,342

Fósforo disponível, %

0,309

0,327

0,346

Sódio, %

0,147

0,155

0,164

Lisina digestível, %

1,149

1,107

1,059

Metionina digestível, %

0,517

0,498

0,477

Metionina+Cisteína digestível,%

0,942

0,908

0,869

Treonina digestível, %

0,701

0,675

0,646

Triptofano digestível, %

0,241

0,232

0,222

Valina digestível, %

0,862

0,830

0,794

Isoleucina digestível, %

0,747

0,720

0,688

O custo com alimentação é o mais representativo da criação, sendo que a proteína e a energia contribuem com quase a totalidade desse custo (mais de 80%). Para que a codorna possa desenvolver todo o seu potencial zootécnico, devemos lembrar que o ótimo desempenho depende da interação de vários fatores, como: genética, nutrição, sanidade, manejo, densidade, bem-estar animal, entre outros.

Considerações sobre a exigência nutricional de codornas

Como considerações, podemos descrever que a exigência nutricional de codornas difere das de frangos e poedeiras e, por isso, devem ser alimentadas com os níveis nutricionais balanceados nas rações para que desempenhem todo seu potencial zootécnico e com a maior rentabilidade aos produtores.

Nutrição Animal – Agroceres Multimix

 

REFERÊNCIAS:

BARRETO, S.L.T.; QUIRINO, B.J.S.; BRITO, C.O.; UMIGI, R.T. et al. Níveis de energia metabolizável para codornas japonesas na fase inicial de postura. Revista Brasileira de Zootecnia, v.36, p.79-85, 2007.

BERTECHINI, A.G. Situação atual e perspectivas para Coturnicultura no Brasil. In: Simpósio Internacional e III Congresso Brasileiro de Coturnicultura. 2010. Lavras: Anais… Lavras – MG, 2010.

JORDÃO FILHO, J.; SILVA, J.H.V.; SILVA, E.L. et al. Exigência de lisina para poedeiras semipesadas durante o pico de postura. Revista Brasileira de Zootecnia, v.35, (supl.), p.1728-1734, 2006.

LEESON, S.; CASTON, L.; SUMMER, J.D. et al. Broiler response to energy or energy and protein dilution in the finisher diet. Poultry Science, v.75, p.522-528, 1996.

LIMA, R.C.; COSTA, F.G.P.; GOULART, C.C. et al. Exigência nutricional de proteína bruta para codornas japonesas (Coturnix coturnix japônica) na fase de postura. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.66, n.4, p.1234-1242, 2014.

MURAKAMI, A.E. Nutrição e alimentação de codornas japonesas em postura. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 39., 2002, Recife. Anais… Recife: Sociedade Brasileira de Zootecnia, 2002, p.283-309.

ROSTAGNO, H.S.; ALBINO, L.F.; HANNAS, M.I. et al. Tabelas brasileiras para aves e suínos: composição de alimentos e exigências nutricionais. 4.ed. Viçosa: UFV, 2017. 488p.

SILVA, E.L.; SILVA, J.H.V.; JORDÃO FILHO, J.; RIBEIRO, M.L.G.; COSTA, F.G.P.; RODRIGUES, P.B. Redução dos níveis de proteína e suplementação aminoacídica em rações para codornas européias (Coturnix coturnix coturnix). Revista Brasileira de Zootecnia, v.35, n.3, p.822-829, 2006.

SILVA, J.H.V.; JORDÃO FILHO, J.; COSTA, F.G.P. et al. Exigências nutricionais de codornas. Revista Brasileira de Saúde Produção Animal, v.13, n.3, p.775-790, 2012.

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